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Série Especial – Trabalhar com Relações Internacionais: Emprego na OEA, nos EUA

Emprego em relações internacionais talvez seja a mais permanente das dúvidas e ansiedade tanto dos formandos como dos que desejam ingressar no curso. Por conta disso há muito tempo que ambiciono começar uma série de posts especiais feitos por autores convidados para retratarem as diversas possibilidades de empregabilidade em relações internacionais, mas de um ponto de vista prático compartilhando as histórias pessoais desses profissionais. E hoje tenho o orgulho de inaugurar essa Série Especial: “Trabalhar com Relações Internacionais”.

O texto de hoje é de Luisa Zuffo Govedise, que é bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília, a mesma que eu me formei e de fato nos conhecemos em eventos do curso. Eu já era graduado, mas ainda assim tenho orgulho dos meus “calouros”.

Abaixo segue o texto da Luisa.

Trabalhar na Organização dos Estados Americanos

Por Luisa Zuffo Govedise

Quando recebi o convite para escrever para o Coisas Internacionais contando sobre minha experiência na Organização dos Estados Americanos, fiquei muito feliz e também muito pensativa. Não tinha muita certeza sobre o que eu escreveria, ou o que seria interessante que os leitores desse blog soubessem, e por fim, resolvi fazer um apanhado geral de informações e compartilhar por aqui.

Meu nome é Luisa e eu sou formada em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília desde 2008. Depois que me formei tive a oportunidade de fazer uma Pós-Graduação na University of Guyana (onde residi por dois anos) em International Studies. Depois desta temporada interessante na Guyana, que está ao mesmo tempo tão próxima e tão distante do Brasil, eu me mudei para Washington. Quando eu cheguei aqui começaram as reflexões de que rumo seguir, se eu começaria a me dedicar a um mestrado ou se procuraria emprego. Enquanto eu decidia o que fazer da vida, comecei a me candidatar para as temporadas de Internships que acontecem várias vezes por ano nas principais Organizações Internacionais sediadas aqui, e que sempre ouvimos falar tanto durante a graduação. Eu me candidatei para os estágios no Banco Mundial, no BID e na OEA. Tanto o Banco Mundial quanto o BID tem como um dos pré-requisitos possuir uma graduação e estar matriculado num curso de Mestrado ou Doutorado. A OEA não tem esse pré-requisito e inclusive aceita inscrições de estudantes que ainda não são formados (desde que já estejam pelo menos no segundo ano da graduação). Fui selecionada para a sessão de estágios de Outono da OEA, junto com mais 80 estagiários de diversos países. Destes 80, somos 10 brasileiros, com muito orgulho.

Brevemente, a OEA é uma das Organizações Internacionais mais antigas do hemisfério e os pilares desta instituição consistem em promover a democracia defendendo os Direitos Humanos; garantir uma abordagem multidimensional para a Segurança; promovendo o Desenvolvimento Integral e a Prosperidade e apoio a Cooperação Jurídica Interamericana. Dentro da Organização existem diversas secretarias e departamentos especializados para atender as diferentes demandas dos temas. Um dos setores mais concorridos para os estágios e geralmente o que tem mais estagiários é a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (IACHR sigla em Inglês) que durante o período do nosso estágio realizou várias sessões contando inclusive com a presença da brasileira Maria da Penha, contribuindo para o debate contra violência doméstica contra as mulheres. Eu sou vinculada ao Departamento de Recursos Humanos e já tive duas experiências bem interessantes de trabalho até agora. Meu estágio começou dia 8 de Setembro, e eu fazia parte da equipe de Modernização do Departamento trabalhando basicamente com novas ferramentas de recrutamento que a Organização vai passar a adotar e fazendo um comparado com Organizações irmãs como a Organização Pan-Americana da Saúde (PAHO) e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (IDB). Num segundo momento do meu estágio, eu mudei de área dentro do mesmo departamento e fui incorporada pelo setor de Estágios durante o período de seleção dos candidatos para a próxima sessão de estágios.

O estágio na OEA não é remunerado, e o estagiário é responsável por todas as suas despesas enquanto em Washington. Os estagiários, quando selecionados, recebem um visto G4, vinculado a OEA para entrar nos Estados Unidos. O aprendizado proveniente de uma experiência no exterior é sempre muito valioso e as amizades que são construídas durante o período do estágio fazem com que essa oportunidade seja produtiva e satisfatória. Com certeza para muitos, são os três meses mais rápidos já vividos, e agora que estamos na reta final, tudo fica com cara de saudade antecipada.

Uma parte considerável do Staff da OEA é composto por ex-estagiários, que fizeram um bom trabalho e permaneceram na Organização. Sempre vale a pena dedicar-se ao máximo ao que estamos fazendo, porque nossas atitudes de hoje serão responsáveis por aquilo que colheremos no futuro. Embora todos estejam trabalhando de “graça”, o senso de responsabilidade e profissionalismo entre os estagiários é muito grande.

O ambiente de trabalho na Organização é muito agradável e o estágio inclui atividades variadas, como visitas de campo (visitamos o Banco Mundial, o Banco Inter-Americano, o Museu das Américas, o Edifício principal da OEA – a maioria do staff não trabalha no Edifício principal), palestras (inclusive com o Secretário Geral), treinamentos, eventos e muitos momentos divertidos.

Para candidatar-se a um estágio na OEA o interessado tem que apresentar duas cartas de recomendação, uma preferivelmente de um professor, suas notas acadêmicas, e falar pelo menos duas das quatro línguas oficiais. A maior parte da interação interna na organização é feita em Espanhol. Dentro do estágio também acontece uma simulação do Conselho Permanente da OEA. O MOAS (Model of the Permanent Council) foi realizado pela 11th vez nesse outono e o tema foi: “Hemispheric strategies to consolidade democracy through equitable economic growth and inclusion”. Eu e outra estagiária da Guatemala representamos Saint Vincent and Grenadines.

Washington é uma cidade muito agradável, cheia de charme, e com milhões de opções de atividades. Se você ficou interessado e gostaria de fazer um estágio na OEA também, as sessões são: Winter/Spring; Summer e Fall. As inscrições para a sessão de verão começam dia 12 de Janeiro e vão até o dia 14 de março e o estágio acontece do dia 2 de Junho ao dia 12 de Agosto. É uma oportunidade interessante e muito válida que não é muito divulgada no Brasil (pelo menos na minha época, não era).

NOTA DO BLOG. A Luisa foi selecionada e contratada e agora faz parte do staff da OEA. Nesse sentido vale pesar bem o que a Luisa a ética de trabalho que Luisa se refere ao longo do texto.

Comentários

Anônimo disse…
Nossa... finalmente encontrei alguém que fale da vivencia da profissão!
Muito legal porque é uma área tão grande q não sabemos ao certo todas as nossas opções.
Adorei a iniciativa!
Fernanda Chan disse…
Estou no segundo ano de R.I. e este texto me ajudou muito a ter uma visão aprimorada sobre o estágio da OEA.
Obrigada por nos informar Luisa, realmente de muita utilidade!

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