Há alguns temas que simplesmente suplantam qualquer planejamento e cronograma, quer por sua urgência, quer pela sua relevância. Esse é o caso da modesta lembrança e homenagem que levo a cabo hoje.
Pessoa é um dos maiores poetas da língua portuguesa (e de outras línguas também) e é um dos meus favoritos seus escritos são estudados e aproveitados e sua vida e obra justamente celebrada e mais ainda lembrada, conferindo imortalidade a sua obra.
O homem é mortal e passageiro, mas sua obra transcende e permanece. Afinal, os 75 anos de sua morte que foram completados dia 30 de novembro dão testemunho a permanência e relevância de sua obra. Não tenho os conhecimentos profundos que seriam necessários para tecer aqui uma analise de sua obra e de sua poética que tanto me toca e comove. A homenagem, contudo, se faz necessária e o farei transcrevendo dois dos poemas deles que estão entre meus favoritos: “Autopsicografia” e “Mar Português”. Creio que a poética de Pessoa lhe faz mais justiça do que qualquer palavra que eu possa produzir.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.
Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.
Comentários
Um abraço!
Contudo, na certeza de que existência do poeta - ainda celebrada em data de sua extinção - merecia menção, não poderia me furtar de solicitar tal homenagem a tão querido amigo, justamente por sentir que a estima pelo autor português nos era comum, cada um a seu jeito.
Assim, só tenho a agradecer por ter atendido o meu clamor, e contribuir para que poesias como estas apresentadas (e tantas e tantas outras) não passem despercebidas em meio aos dias corridos, a modernidade que nos suga, e a indiferença que ora se torna constante.
Por fim, tornando me(mais)suspeita, contribuo (data maxima vênia) com um pouco mais de Pessoa, cuja paixão eu não consigo explicar:
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"
Ricardo Reis.
Beijos
Milena
Tanto, que até hoje se fala mto dele e de suas obras grandiosas...
Beijinhos
---
www.jehjeh.com