Update (03/08) ao final do texto.
Sakineh Mohammadi Ashtiani é como a maioria dos meus leitores sabem a mulher iraniana condenada a morte por seu crime de adultério. Sua condenação desencadeou uma onda mundial de protesto que visavam a comutação de sua condenação ou mesmo o perdão para seu caso. Não sei precisar se motivado pela pressão da opinião pública em ano eleitoral (para saber mais leia essa matéria do jornalista Fábio Bispo) ou visando melhorar a imagem brasileira chamuscada na última aventura persa o Brasil decidiu se mostrar aberto a receber a iraniana como refugiada
Sakineh Mohammadi Ashtiani é como a maioria dos meus leitores sabem a mulher iraniana condenada a morte por seu crime de adultério. Sua condenação desencadeou uma onda mundial de protesto que visavam a comutação de sua condenação ou mesmo o perdão para seu caso. Não sei precisar se motivado pela pressão da opinião pública em ano eleitoral (para saber mais leia essa matéria do jornalista Fábio Bispo) ou visando melhorar a imagem brasileira chamuscada na última aventura persa o Brasil decidiu se mostrar aberto a receber a iraniana como refugiada
Alguns analistas como o Daniel Cardoso Tavares editor do excelente – Política Externa – consideram qualquer gestão do Brasil sobre esse assunto indevida. O blog de esquerda – Na prática a Teoria é Outra (NPTO) – comemorou a decisão. Já Reinaldo Azevedo jornalista da Veja foi mais duro em seu conhecido blog nos seus textos “Capacho” e “Lula se oferece para “salvar” Sakineh para que Ahmadinejad continue a matar sem medo de ser feliz”
Sem dúvidas o esforço para salvar a vida dessa mulher é uma boa notícia e aqui discordo de Daniel acho que uma política externa existe para defender os interesses nacionais, mas deve também ser regida pelo norte moral dos princípios manifestados pelo povo brasileiro que não são abstratos, uma vez que se encontram nos desígnios constitucionais, nesse sentido a não-intervenção não pode ser escudo para a inação. Dia 6 de julho escrevi aqui mesmo nesse blog em um texto chamado: “Diga-me com quem anda...”:
Hoje enquanto Lula se encontra com mais um de seus queridos ditadores e o Chanceler Amorim faz uma ginástica intelectual para justificar certas posturas desse ditador surgiu a história da condenação e segundo temem ativistas iminente execução de uma mulher iraniana acusada de adultério, o método de execução é o cruel método do apedrejamento, algo que ocorre com regularidade nessa nação “amiga”. O Itamaraty escolheu ter relações em alto nível com o Irã, talvez a decisão tenha sido imposta goela baixo pelo Planalto, mas encontrou entusiastas dentro e fora das fileiras do ministério, pois bem, agora essa instituição tem uma obrigação moral de tentar intermediar na comutação dessa pena de morte, seria uma boa mostra de capacidade de influenciar sem pressionar parafraseando Amorim.O silêncio nesse caso seria uma confissão de incapacidade de influir em um país que pretendemos mediar acordos em áreas sensibilíssimas como a diplomacia do átomo o que evidenciaria a fragilidade de nossa posição como um ator capaz de dar legitimidade a qualquer arranjo para clarear e aliviar as desconfianças da comunidade internacional que pairam sobre o regime dos Aiatolás. E não tenham dúvidas uma nota a imprensa expressando “preocupação” ou “exortando os líderes iranianos” ou qualquer coisa nesse sentido não é uma manifestação com peso real.Não sou inocente a ponto de dizer que devemos conduzir nossa política externa a partir de princípios morais, mas não só de realismo cínico e pragmatismo vive uma política externa, afinal como já nos ensinou o Barão do Rio Branco a política externa é também um meio de projetar uma certa idéia de Brasil. E vincular essa idéia do que seria o nosso povo a esses regimes autocráticos e seus crimes é temerário até mesmo para consecução dos objetivos mais práticos da diplomacia tais quais abrir mercados, por que apoiar um regime que executa uma adultera não é uma imagem que ajuda a vender o “made in Brazil”.Restam muitas perguntas que o tempo e a pesquisa nos responderão dentre elas: “Em sendo esse tipo de relacionamento o preço pelo protagonismo político internacional, será que esse protagonismo é desejável?”PS: É tão fácil para certos analistas criticar com virulência a casos como Abu Ghraib ou Guantánamo, mas como se calam a violações em regimes que por qualquer razão simpatizam. Uma postura que demonstra, no mínimo, desonestidade intelectual. Ainda que engendrem toda sorte de justificações para isso. E muitos desses se consideram humanistas e defensores das minorias, sempre prontos a apontar para os "ultra-direitistas", "conservadores" e por ai vai. É sempre interessante notar essas coisas.
Aguardo o desenrolar da atual manobra da diplomacia brasileira e dos discursos que virão para justificar seu êxito ou fracasso e acrescento que ainda são pertinentes as indagações que faço nesse texto que agora copio um trecho.
Update (3/8/2010) às13h21: Segundo relatos da imprensa a gestão brasileira foi descartada por Teerã, que atribuiu a tratativa a características pessoais de Lula, que seria emotivo.
Update (3/8/2010) às13h21: Segundo relatos da imprensa a gestão brasileira foi descartada por Teerã, que atribuiu a tratativa a características pessoais de Lula, que seria emotivo.
Comentários
http://ahistoriacomoelafoi.zip.net/
Eu recomendaria cuidado em delimitações de aspecto geral, tal qual "países islamicos". Por que temos países de maioria islâmica que são laicos, como a Turquia e a Síria.
Continue sempre por aqui.
Abs,