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Já que citei Olavo Bilac, transcrevo logo o soneto

       

        Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

”  

 BILAC, Olavo. Poesias, Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964, p 262. apud NOGUEIRA JR, Arnaldo. Projeto Releituras. Acesso em 5 de agosto de 2009.

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