O que me levou as Relações Internacionais? Pergunta uma leitora, em mais uma carta da nossa seção de dúvidas de leitores
Como vocês sabem, nas boas vindas a esse blog me ofereço a responder dúvidas dos que ainda não se decidiram completamente por relações internacionais e dúvidas também, dos que já cursam.
Nesse sentido recebi um e-mail, muito simpático, de uma jovem de 18 anos que não diz de que cidade ela escreve, por motivos de privacidade a chamaremos de [...].
Querida [...], muito obrigado pelas doces palavras destinadas a esse blog e ao seu conteúdo, que a modéstia (e olha que não sou afeito a isso) me impede de reproduzir aqui, mas saiba que são palavras assim, me motivam a continuar esse solitário e as vezes doloroso ofício da escrita. (não que me esteja a me comparar com escritores de verdade, mas o fantasma da página branca me assombra tanto quanto assombrou e assombra a eles). Não gosto de falar de mim mesmo, nesse blog ao menos, mas julgo suas perguntas oportunas (as reproduzirei abaixo, como recebi) e por isso as responderei da maneira mais clara, direta e honesta possível.
“O motivo do e-mail é que eu queria que você me falasse como foi o começo, o seu começo em R.I. Porque escolheu essa área? Quando decidiu? Que dicas pode me dar pra melhorar minha perspectiva sobre o assunto. (Eu considero meus conhecimentos não suficientes pra ingressar numa faculdade mas tomara que isso não seja um empecilho, pois estou disposta a respirar, beber, comer, viver R.I)”
Um pouco acima [...] relata que “O que me deixa um pouco pra baixo é o fato de não ter tido uma base escolar tão boa quanto outras pessoas tiveram, sempre estudei em escola pública e só agora, fazendo pré-vestibular vejo o quanto minha educação é defasada, mas tudo bem estou correndo atrás pra isso =)”
Vou começar a responder por esse segundo trecho, [...] o fato de você perceber que sua base foi defasada é positivo, por que ter consciência disso é o primeiro passo para superar essa barreira, e isso se faz com muito estudo, muita biblioteca, é um sacrifício temporário, mas necessário. Portanto, garra, força e dedicação que você supera ou ao menos diminui essa defasagem, atenuando a ponto de ser uma competidora séria por vaga em universidade federal, por exemplo, mas entrar é literalmente, e simbolicamente só o começo, essa pegada, esse amor aos livros é fundamental, nesse campo em que o autodidatismo é marca comum.
Então, não se desanime, mantenha uma atitude positiva, o cansaço será grande e atitude e incentivo serão muito importantes nesse período, mas não se torne obcecada com isso se dedique, mas não deixe passar ou não em um vestibular definir quem é você.
Agora vamos ao terreno que estou mais habituado o das relações internacionais, não creio que seja um grande conselheiro vocacional, ou profissional, mas busco compartilhar e ajudar, bom tento pelo menos.
Eu quando era jovem, como todo adolescente meio que navegava pela vida, achando que tinha todas as respostas, eu tinha uma cresça que seria jogador profissional de basquete, mesmo sendo baixo para os padrões do esporte (1,91, pra quem queria jogar de pivô, equivale a ser o Nelson Ned, ou a Fabi do Vôlei), mas nunca descuidei do estudo, mesmo por que tenho um lado geek e nerd bem forte, mesmo com uma queda pelos esportes. Como você, também tinha aptidão para a história, inglês, as humanas na verdade, mas também ia bem em química e biologia, física e razoavelmente bem em matemática, tanto que ambicionava cursar engenharia, mais precisamente mecatrônica, vê-se que realmente era perdido na vida.
Eu tinha colega de judô que cursava relações internacionais e adorava e como o curso já tinha aparecido em mais de um teste vocacional, que tinha feito, perguntei muitas coisas a ele, e ai por aquelas coisas do destino, meu saudoso pai, tinha um colega de trabalho que era formado em RI, então no front familiar, embora não houvesse nenhum tipo de pressão sobre carreira, havia uma consciência do que era o curso, então não havia objeções nem formais, nem aquelas indiretinhas.
Mas, devo confessar que me joguei no curso sem saber muito sobre ele, sobre campo de trabalho, eu entrei com gana de aprender, de estudar. E nisso tive uma sorte imensa de entrar no semestre que entrei com os amigos que tive e com os veteranos que tive, já que no semestre que ingressei a primeira turma da Universidade Católica de Brasília, se formava e as dores que eles passavam para obter empregabilidade e o fato d’eu e minha classe quase toda termos nos enturmado com eles, nos deu um choque de realidade, seria difícil obter emprego em relações internacionais, embora, as oportunidades existissem.
Escolhi relações internacionais por que o desafio, o quebra cabeça do mundo me convidavam, decidi de fato na fila da inscrição, tanto que na federal tentei engenharia, sim uma temeridade (ainda mais pra quem como eu advoga tanto os benefícios da preparação e do conhecimento prévio), mas que deu certo, achei minha vocação, minha paixão, mas a maioria dos que fazem essa loucura de escolher quase ao acaso se arrependem, alias, tentam vários cursos para se acharem, coisa perfeitamente normal, graças ao bom Deus, tive essa fortuna de escolher no escuro e acertar.
Primeiro conselho que te dou é tenha certeza de que é o curso que você quer, o máximo pelo menos de certeza que podemos ter aos 18 aninhos, se você considera que sua educação formal não seja ainda suficiente para obter a aprovação, estude, leia, estude, leia, estude, leia. Leia os livros de literatura, leia textos clássicos como Maquiavel, Hobbes, não se chateie a perceber anos depois que você entendeu errado. É parte do processo, seja academicamente humilde, o que significa se abra a aprender, mas não abaixe a cabeça por não saber algo, ignorância não é motivo de vergonha, optar por ela, ou pela mediocridade a meu ver sim é.
Pela sua carta vejo que você tem garra e sabe se auto-avaliar características muito boas, e se por acaso durante o curso RI não for a sua, não se mortifique, procure o que estimula sua mente. Não é necessário saber tudo de RI antes de entrar, senão qual seria o ponto de cursar?
Dicas para melhorar o entendimento, continuar a ler esse blog (olha o jabá ai gente!), ler o portal Mondo Post, participar do fórum de discussão do referido portal, ler outros sites dedicados as relações internacionais, mas creio que nesse momento o mais importante é obter a aprovação no vestibular.
Assim que você entrar, você verá a amplitude do curso, mas contará com professores, com indicações de bibliografias obrigatórias e complementares que aos poucos lhe formarão como analista das relações internacionais, ou qualquer outro dos possíveis campos de empregabilidade.
Espero ter ajudado, sei que nem todas as respostas foram as que você poderia esperar, mas na vida não existem muito o tal “caminho das pedras” com receitas prévias, a verdade é que pessoas muito diferentes fazem o curso por motivos diferentes, o que importa mesmo é levar a sério, estudar, aprender e não ser mais um, na multidão vagando por ai com um diploma na mão, mas sem noção do que querem da vida esperando que alguém lhes de essa resposta.
Mas, uma advertência eu faço, por questão de coerência, saiba que esse é um mercado difícil, não faltam formados frustrados e sem emprego. E descobrir o que fazer com o seu diploma dependerá muito, se não exclusivamente de você e desses caminhos que a vida toma.
Então não se iluda com coisas tipo profissão do futuro, e outros clichês, o mercado nem sempre é justo, nem sempre ter ou não emprego depende só de sua capacidade, empenho e dedicação, muitos dizem que os melhores sempre terão lugar, isso creio eu é uma crueldade com quem é capaz e bem qualificado que por motivos diversos não conseguem emprego. Afinal generalizações sempre tendem a estupidez. (paradoxalmente fiz uma generalização, sobre generalizações, mas isso não vem ao caso, desculpe-me sou dado à digressão).
Termino com meus sinceros votos de sucesso e que daqui a quatro anos possa te chamar de colega de profissão. E obrigado pelos elogios ao Blog.
Nesse sentido recebi um e-mail, muito simpático, de uma jovem de 18 anos que não diz de que cidade ela escreve, por motivos de privacidade a chamaremos de [...].
Querida [...], muito obrigado pelas doces palavras destinadas a esse blog e ao seu conteúdo, que a modéstia (e olha que não sou afeito a isso) me impede de reproduzir aqui, mas saiba que são palavras assim, me motivam a continuar esse solitário e as vezes doloroso ofício da escrita. (não que me esteja a me comparar com escritores de verdade, mas o fantasma da página branca me assombra tanto quanto assombrou e assombra a eles). Não gosto de falar de mim mesmo, nesse blog ao menos, mas julgo suas perguntas oportunas (as reproduzirei abaixo, como recebi) e por isso as responderei da maneira mais clara, direta e honesta possível.
“O motivo do e-mail é que eu queria que você me falasse como foi o começo, o seu começo em R.I. Porque escolheu essa área? Quando decidiu? Que dicas pode me dar pra melhorar minha perspectiva sobre o assunto. (Eu considero meus conhecimentos não suficientes pra ingressar numa faculdade mas tomara que isso não seja um empecilho, pois estou disposta a respirar, beber, comer, viver R.I)”
Um pouco acima [...] relata que “O que me deixa um pouco pra baixo é o fato de não ter tido uma base escolar tão boa quanto outras pessoas tiveram, sempre estudei em escola pública e só agora, fazendo pré-vestibular vejo o quanto minha educação é defasada, mas tudo bem estou correndo atrás pra isso =)”
Vou começar a responder por esse segundo trecho, [...] o fato de você perceber que sua base foi defasada é positivo, por que ter consciência disso é o primeiro passo para superar essa barreira, e isso se faz com muito estudo, muita biblioteca, é um sacrifício temporário, mas necessário. Portanto, garra, força e dedicação que você supera ou ao menos diminui essa defasagem, atenuando a ponto de ser uma competidora séria por vaga em universidade federal, por exemplo, mas entrar é literalmente, e simbolicamente só o começo, essa pegada, esse amor aos livros é fundamental, nesse campo em que o autodidatismo é marca comum.
Então, não se desanime, mantenha uma atitude positiva, o cansaço será grande e atitude e incentivo serão muito importantes nesse período, mas não se torne obcecada com isso se dedique, mas não deixe passar ou não em um vestibular definir quem é você.
Agora vamos ao terreno que estou mais habituado o das relações internacionais, não creio que seja um grande conselheiro vocacional, ou profissional, mas busco compartilhar e ajudar, bom tento pelo menos.
Eu quando era jovem, como todo adolescente meio que navegava pela vida, achando que tinha todas as respostas, eu tinha uma cresça que seria jogador profissional de basquete, mesmo sendo baixo para os padrões do esporte (1,91, pra quem queria jogar de pivô, equivale a ser o Nelson Ned, ou a Fabi do Vôlei), mas nunca descuidei do estudo, mesmo por que tenho um lado geek e nerd bem forte, mesmo com uma queda pelos esportes. Como você, também tinha aptidão para a história, inglês, as humanas na verdade, mas também ia bem em química e biologia, física e razoavelmente bem em matemática, tanto que ambicionava cursar engenharia, mais precisamente mecatrônica, vê-se que realmente era perdido na vida.
Eu tinha colega de judô que cursava relações internacionais e adorava e como o curso já tinha aparecido em mais de um teste vocacional, que tinha feito, perguntei muitas coisas a ele, e ai por aquelas coisas do destino, meu saudoso pai, tinha um colega de trabalho que era formado em RI, então no front familiar, embora não houvesse nenhum tipo de pressão sobre carreira, havia uma consciência do que era o curso, então não havia objeções nem formais, nem aquelas indiretinhas.
Mas, devo confessar que me joguei no curso sem saber muito sobre ele, sobre campo de trabalho, eu entrei com gana de aprender, de estudar. E nisso tive uma sorte imensa de entrar no semestre que entrei com os amigos que tive e com os veteranos que tive, já que no semestre que ingressei a primeira turma da Universidade Católica de Brasília, se formava e as dores que eles passavam para obter empregabilidade e o fato d’eu e minha classe quase toda termos nos enturmado com eles, nos deu um choque de realidade, seria difícil obter emprego em relações internacionais, embora, as oportunidades existissem.
Escolhi relações internacionais por que o desafio, o quebra cabeça do mundo me convidavam, decidi de fato na fila da inscrição, tanto que na federal tentei engenharia, sim uma temeridade (ainda mais pra quem como eu advoga tanto os benefícios da preparação e do conhecimento prévio), mas que deu certo, achei minha vocação, minha paixão, mas a maioria dos que fazem essa loucura de escolher quase ao acaso se arrependem, alias, tentam vários cursos para se acharem, coisa perfeitamente normal, graças ao bom Deus, tive essa fortuna de escolher no escuro e acertar.
Primeiro conselho que te dou é tenha certeza de que é o curso que você quer, o máximo pelo menos de certeza que podemos ter aos 18 aninhos, se você considera que sua educação formal não seja ainda suficiente para obter a aprovação, estude, leia, estude, leia, estude, leia. Leia os livros de literatura, leia textos clássicos como Maquiavel, Hobbes, não se chateie a perceber anos depois que você entendeu errado. É parte do processo, seja academicamente humilde, o que significa se abra a aprender, mas não abaixe a cabeça por não saber algo, ignorância não é motivo de vergonha, optar por ela, ou pela mediocridade a meu ver sim é.
Pela sua carta vejo que você tem garra e sabe se auto-avaliar características muito boas, e se por acaso durante o curso RI não for a sua, não se mortifique, procure o que estimula sua mente. Não é necessário saber tudo de RI antes de entrar, senão qual seria o ponto de cursar?
Dicas para melhorar o entendimento, continuar a ler esse blog (olha o jabá ai gente!), ler o portal Mondo Post, participar do fórum de discussão do referido portal, ler outros sites dedicados as relações internacionais, mas creio que nesse momento o mais importante é obter a aprovação no vestibular.
Assim que você entrar, você verá a amplitude do curso, mas contará com professores, com indicações de bibliografias obrigatórias e complementares que aos poucos lhe formarão como analista das relações internacionais, ou qualquer outro dos possíveis campos de empregabilidade.
Espero ter ajudado, sei que nem todas as respostas foram as que você poderia esperar, mas na vida não existem muito o tal “caminho das pedras” com receitas prévias, a verdade é que pessoas muito diferentes fazem o curso por motivos diferentes, o que importa mesmo é levar a sério, estudar, aprender e não ser mais um, na multidão vagando por ai com um diploma na mão, mas sem noção do que querem da vida esperando que alguém lhes de essa resposta.
Mas, uma advertência eu faço, por questão de coerência, saiba que esse é um mercado difícil, não faltam formados frustrados e sem emprego. E descobrir o que fazer com o seu diploma dependerá muito, se não exclusivamente de você e desses caminhos que a vida toma.
Então não se iluda com coisas tipo profissão do futuro, e outros clichês, o mercado nem sempre é justo, nem sempre ter ou não emprego depende só de sua capacidade, empenho e dedicação, muitos dizem que os melhores sempre terão lugar, isso creio eu é uma crueldade com quem é capaz e bem qualificado que por motivos diversos não conseguem emprego. Afinal generalizações sempre tendem a estupidez. (paradoxalmente fiz uma generalização, sobre generalizações, mas isso não vem ao caso, desculpe-me sou dado à digressão).
Termino com meus sinceros votos de sucesso e que daqui a quatro anos possa te chamar de colega de profissão. E obrigado pelos elogios ao Blog.
Comentários
ser tipo uma guia pra eles porque o meu interesse seria fazerum curso que eu pudesse viajar o mundo fazendo omo o trabalho de um guia pra os estrangeiros no brazil e no mundo... podem me tirar essas duvidas
Vou ler todo esse blog também xP
Quando vi a grade curricular do curso me apaixonei, era tudo o que eu sempre quis estudar e agora depois de ler o seu texto parece que me deu força para não sucumbir a vontade dos meus pais então, obrigada.