Estive na manhã da sexta-feira passada, dia 2 de setembro, no Auditório do UniCEUB, em Brasília para participar do workshop “Mídia e Política Internacional” no III Fórum Centro-Oeste de Relações Internacionais.
Estiveram comigo na mesa os jornalistas Ivan Lopes de Godoy, da Rádio Senado, Manuel Martinez, do Correio Brasiliense e Marcelo Rech editor do portal InfoRel. E no comando dos trabalhos a sempre elegante, assertiva e querida professora Dra. Tânia Manzur, que anos antes foi minha professora de HRIB, na boa e velha UCB. Que conduziu os trabalhos de maneira magistral.
Ivan Godoy compartilhou conosco sua experiência como correspondente e de como estar em loco, respirar o ar é importante para tecer analises profundas. Infelizmente por um atraso meu não pude assistir toda sua explanação que pela conversa agradável que tivemos no almoço do evento foi profunda e precisa.
Manuel Martinez trouxe com seu bom humor e ironia uma visão prática e sem romantismos da profissão de jornalista e do papel de correspondente, além disso, nos mostrou como o espírito empreendedor aliado a paixão pelo que faz pode nos levar a jornadas enriquecedoras profissionalmente e pessoalmente. Mostrou bem como funciona a Agência de Noticias Xinhua, onde trabalhou. E nos relatou com maestria e deve me repetir bom humor o processo de trabalho. Além de detalhes da sua vida na China como jornalista. A principal contribuição foi chamar a atenção para a necessidade de planejamento estratégico e não só tático da comunicação institucional seja de organizações como de países e causas.
Marcelo Rech começou sua explanação tratando das condições que o levaram para o jornalismo, em especial, jornalismo internacional e mostrou-se como um autêntico self-made man em seu ramo que construiu com muito esforço sua relação com as fontes. Esse relacionamento permite que ele tenha análises que primam pela fidelidade (até onde isso é possível) com os fatos. Marcelo nos contou detalhes dos bastidores de ações militares (ramo em que se especializou) que pode observar de perto como o badalado resgate da ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt (há quem diga franco-colombiana, mas ela era senadora pela Colômbia, então nesse contexto é colombiana, mas deixemos de digressão). O relato dos riscos pessoais que tratou Marcelo nos mostrou a realidade da cobertura de conflitos.
Minha alocução foi a menos emocionante – embora tenha compartilhado aventuras gastronômicas dignas do Andrew Zimmern – e foquei nos temas que os leitores habituais dessa página reconheceriam com facilidade, ou seja, falei sobre responsabilidade individual do analista, sobre como as novas mídias afetam a construção do Soft Power dos atores no cenário internacional. Ai incluso é claro os chamados novos atores.
Como não poderia deixar de ser a conversa se centrou muito nas revoltas no chamado mundo árabe, ainda que tenham começado no Irã (que é persa como sabemos) expus minha tese tão defendida aqui de que há uma concentração de atenção nos meios usados e pouca atenção na mensagem e que não há hashtag que mude o mundo sem que se converta em ação real.
A sessão de perguntas e respostas foi animada com questões profundas como vocês perceberão quando eu subir o vídeo feito em HD (segundo me disse o Prof. Rafael Duarte, coordenador de RI do UDF, que foi excepcionalmente membro da equipe de mídia do Coisas Internacionais, em flagrante abuso de nossa amizade por minha parte).
Devo dizer que fiquei muito bem impressionado com os assistentes do evento, aqueles jovens se mostraram atentos, inteligentes e ordenados. Fazia tempo que não falava para uma audiência tão compenetrada e se me permitem tão bonita. Foram generosos a ponto de rir de meus gracejos.
E isso expôs um erro fatal na minha apresentação, o enfoque demasiado nos maus leitores, nos que me ofendem quando os que colaboram são tão mais importantes. Nesse sentido, foi muito tocante conhecer pessoalmente alguns leitores assíduos e ouvir que meu blog de alguma maneira os ajudou. Meu não, nosso. Por que um texto só ganha vida se lido.
Foi muito, muito bom conhecer os meus colegas de blogosfera os mestrandos em RI, pela UnB, Álvaro Panazzolo Neto e Giovanni Okado, que fazem parte da equipe do excelente Página Internacional – inclusive estão a lançar a nesse domingo o Livro Página Internacional na Feira do Livro no RJ, quem for dê a eles um abraço em meu nome.
A competente e sempre gentil comissão organizadora do III FoCO – RI, estudantes da prestigiosa UnB me informaram que a minha mesa foi escolhida por 30% dos participantes como a melhor do FoCO. Não posso deixar de agradecer a todos os membros dessa comissão, mas em especial a Carolina Almeida que tantos e-mails trocou comigo.
Tomara que outros eventos como esse venham a ocorrer em breve foi muito bom e francamente me energizou a manter esse blog ativo e altivo.
Comentários
Quanto ao evento, gostei muito do que vi, realmente muito interessante e bem organizado.