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Mudança no comando da Defesa

O Ministério da Defesa é responsável por todo o setor militar do governo federal e por elaborar as políticas públicas e estratégias nesse campo vital para a manutenção do Estado brasileiro como um ente independente e também sua integralidade territorial. Por esse motivo é uma das pastas que ficam no “radar” de um analista de relações internacionais, por assim dizer.

A despeito de sua verborragia o ministro Jobim conseguiu institucionalizar o ministério e contava com apoio e respeito dos arredios militares brasileiros algo único nesses 12 anos de história da pasta. Uma mostra da dificuldade é que durante um bom período do governo Lula o vice-presidente José Alencar acumulou as funções. Além das inúmeras pressões do cargo o ministro da defesa tem que lidar com os constantes cortes e contingenciamentos do orçamento militar o que gera, é claro, insatisfação entre os militares. É regra informal, mas conhecida que orçamento é prestigio na administração pública.

Jobim é um homem inteligente e soube muito bem se adaptar ao “zeitgeist” (por assim dizer) do lulismo e dos militares. Seu discurso de certo modo sempre ecoou o que dele esperava o presidente Lula e os militares, inclusive na faceta internacional a ser voz ativa contra a presença americana na região e articulou muito bem o Conselho de Defesa Sul-Americano (sem avaliar o Conselho em si, minha opinião é conhecida sobre o tema). E conduziu o arrastado processo de modernização da Força Aérea processo tão arrastado que comparo com telenovelas, chamando de F-X2 del Bairro (F-X2 é a licitação da compra de caças).

Jobim ficou no cargo por indicação do ex-presidente Lula e por falta de alternativas capazes de desempenhar o cargo com o mesmo grau de aceitação, contudo os recentes cortes no orçamento e segundo analistas políticos questões de seu temperamento o colocaram em uma situação pouco sólida na nova administração Dilma.

Os telegramas vazados pelo Wikkileaks não ajudaram a imagem do agora ex-ministro junto a base petista que tem verdadeiro horror paranóico a qualquer contato com autoridades dos EUA.

Sua demissão se tornou questão de tempo desde que começou uma série de ataques contundentes desde sua fala no aniversário do ex-presidente FHC em que chamou setores do governo de “idiotas, imodestos”. Depois declarou ter votado no candidato tucano José Serra e mais grave falou que Dilma faz um governo dentro do que ele esperava do Serra, uma “heresia” em paragens petistas.

Seu perfil a revista Piauí foi a gota d’água e ao mesmo oferece motivo suficiente para que sua saída não ofereça ao PMDB (partido que é filiado) espaço para protestar ou demandar a manutenção de um membro no comando da Defesa.

Ainda que eu não tenha informações internas (pelo menos por enquanto) tenho uma convicção que Celso Amorim não era a primeira escolha da presidente, desse modo sua nomeação nos permite duas observações: a) é muito difícil encontrar um nome capaz de despertar o respeito dos militares; b) o ex-presidente Lula conseguiu manter pessoa de seu grupo de colaboradores mais íntimos no comando da Defesa.

Celso Amorim talvez seja a personalidade que mais faça que eu fique isolado entre meus colegas de profissão, muitos têm por ele uma admiração quase messiânica que evoca comparações com o Barão do Rio Branco. Não é meu caso que já escrevi aqui vários textos analisando suas falas e suas ações e do fato que sempre lamentei dele ter se filiado ao PT sendo chanceler. Não avalio, nem tenho opinião sobre seu caráter e sua pessoa.

É fácil imaginar que Amorim encontre eco entre os militares para grande parte de sua cosmovisão principalmente sua visão geopolítica e sua avaliação do poderio brasileiro, mas não deve ser uma adaptação fácil e ele não é o primeiro José Viegas Filho foi ministro da defesa e teve uma passagem muito complicada no relacionamento com os militares. E toda Esplanada sabe que militares e diplomatas não possuem uma convivência harmônica (sim, há rivalidade entre as carreiras). Tanto que um militar ouvido pela Agência Estado disse sobre a nomeação: “É quase como nomear o flamenguista Márcio Braga para o cargo de presidente do Fluminense ou do Vasco, ou vascaíno Roberto Dinamite como presidente do Flamengo”

Um vencedor inusitado surgiu desse episódio verborrágico de Jobim, o ex-presidente Lula, que depois de algum ensaio de independência da presidente, mostrou que é uma força política relevante, senão dominante.

Comentários

Lucas Adonai disse…
Muito informativo! Parabéns aí pelo blog.
palha disse…
rapaz comparar este sujeito com barao do rio banco !!!! aeeahaeueae
abraço cabra!

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