A famosa blogueira e dissidente cubana Yoani Sanchez escreveu hoje (20 de julho de 2011) uma série de textos em sua conta no Twiiter em que descrevia o impacto da paranóia provocada pela atuação das forças de segurança do regime cubano. Abaixo agrupo esses textos curtos.
“La vieja discusion de la alineacion politica, yo que no me considero ni de derechas ni de izquierda sino transversal y postmoderna.
Desconfiar del otro, adjudicarle aviesas intenciones o la pertenencia al G2 ha sido uno de los metodos efectivos para la desunion.
Si un extremo te acusa que eres de la CIA y el otro extremo asegura que eres del G2, eso significa que vas bien...
El G2 es para muchos sombra sin rostro, para mi es el acoso diario, la persecucion constante, la intimidacion perenne a mis amigos.
No narrare lo que me hace cada dia, porque seria darle demasiada importancia al G2 que es solo 1 cuerpo represivo heredero de KGB.
Me quedo mejor con la parte hermosa de la historia. Con fragmentico de mi vida donde el G2 no puede poner microfonos ni amenazar.
Curioso resultado: la gente temiendole al G2 termina por ver agentes de la seguridad en cada uno de sus amigos y conocidos.
Ese ha sido el logro mas acabado de la Stasi cubana: sembrarnos la desconfianza cronica contra el otro.
Por eso, hace muchos años, deje de preguntarme si tal o mas cual persona que visita mi casa informa para el G2, no me importa.
Me resisto a me conviertan en paranoica. No tengo nada que esconder lo que pienso lo escribo junto a mi nombre y mi foto en la web.
G2 se desintegrara algun dia, no tengo dudas, y a la larga noche del abuso de poder y la intimidacion le surgiera un rayito de sol.
He dedicado demasiados tweets a intitucion represiva que no tiene valor de dar la cara y presentar sus miembros x sus verdaderos nombres.”
Há aqueles que em nome de suas convicções, ou melhor, paixões e cegueiras ideológicas estão dispostos a tudo justificar e perdoar. Para esses analistas todo e qualquer abuso seria justificado em termos amplos e coletivos, ou seja, os supostos avanços sociais do regime comunista da ilha seriam mais importantes que a opressão a alguns indivíduos invisíveis.
Isso ocorre não só entre os arautos de “outro mundo possível” que acusam qualquer um que se levante para apontar as falhas daquilo que chamam de forças progressistas de agente do império e outros impropérios que são conhecidos. Mas, ocorre também entre os que se querem desapaixonados e pragmáticos, que se querem seguidores do mais asséptico ‘Realpolitik’ que em nome de equilíbrios regionais e da manutenção do status quo aquiescem com regimes nefastos e opressores. O melhor exemplo desse comportamento que na busca de ser amoral se torna na verdade imoral é o velho Kissinger que no comando da política externa dos EUA levou ao estado de arte a idéia de que não sendo aliado do bloco soviético faça o que quiser.
O que quero com esse texto? Bom meus caros nem eu sei ao certo, talvez eu queira refletir sobre as velhas questões de soberania e intervenção, ou mesmo sobre a universalidade dos Direitos Humanos. Realmente não sei.
É claro que eu conheço as contingências que moldam e constrangem as ações em política externa e claro que eu sei que idealismo e moralismo são coisas perigosas como norte para a formulação de uma política externa. Eu sei, também, que existem princípios gerais saudáveis como a não-intervenção, mas até que ponto não intervir nos assuntos internos de outros países pode ser considerado um endosso dessas políticas?
Tomando Cuba, como exemplo, as manifestações reiteradas de carinho muito além do protocolar que os líderes da América Latina dedicam aos autocratas dessa ilha servem para validar o regime internamente e até mesmo no sistema internacional contribuindo para que esse não seja isolado (ainda mais). Ou seja, há quase um paradoxo aqui, pois ao não condenar e nem intervir nos assuntos internos de Cuba, acabamos por emprestar prestigio a esse regime, tornando seus líderes mais fortes, mais capazes de impedirem mudanças, enfim ao não intervir, acabamos por intervir.
Isso ocorre, por que os estados não estão isolados no sistema internacional, afinal o sistema se parece com os velhos vasos comunicantes das nossas aulas de física.
Não, não estou defendendo que o governo do Brasil, ou qualquer outro saia por ai intervindo com bases em suas próprias sensibilidades culturais, mas que tal não endossarmos regimes desagradáveis para nós e para os padrões dos tratados de direitos humanos. Quer um exemplo? Que tal não trocar palavras de carinho com Castro no mesmo dia que um dissidente morre? E mais ainda que tal não justificar essa morte?
No final das contas não importa a cultura seres humanos são seres humanos e querem ser livres para tocar suas vidas sem se preocupar se seus amigos e conhecidos são agentes de segurança estatal que se aproximam para reportar todos o seus passos.
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