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Sobre a formatura do Instituto Rio Branco

Faço questão de postar aqui textos de minha própria lavra o que indubitavelmente é trabalhoso, mas esse desafio motiva, contudo, hoje pretendo apresentar um texto que foi escrito e publicado pelo diplomata, pesquisador e autor contumaz Paulo Roberto de Almeida, é inegável que a figura de Paulo Roberto, causa alguma comoção no mundo das relações internacionais, não me considero um seguidor de seus ensinamentos, na medida em que nunca fui seu aluno, ou orientado, e que não li completamente sua obra. Mas, sigo um conselho por ele dado a minha turma em nossa solenidade de colação de grau, o conselho era buscar sempre pelo autodidatismo, lembrar que carreira não é carreirismo, lembrar que desfrutar das relações familiares, de hobbies, não se dobrar ao peso da autoridade, e, sobretudo não temer navegar contra a maré se é essa a direção que as conclusões de seus estudos apontam. Essa lição oferecida por esse “velho contrarianista” em suas próprias palavras, nunca deixou minha cabeça.

O texto diz respeito as declarações do Presidente Lula, por ocasião da formatura do Instituto Rio Branco, que ocorreu segunda-feira, dia 20, que, como sabemos, é dia do diplomata, cheguei a escrever algumas linhas, mas confrontado com os comentários de Paulo Roberto de Almeida, percebi que esse eram mais informativos, portanto decidi os publicar aqui, não estão na integra, retirei o texto do blog do Josias ao qual o autor comentou. A postagem original pode ser encontrada aqui. (2048) Jactancias (pouco) diplomaticas...)

Admito que diante do edital do jornal “O Estado de São Paulo” Diplomacia do gol contra hesitei em publicar mais uma crítica a diplomacia, sob pena de parecer pautado e influenciado pela imprensa, mas logo essa hesitação passou sob a sensação de que se assim eu o fizesse estaria me deixando patrulhar, pior ainda, estaria a introjetar a patrulha. Mesmo que me acusem de não ter pensamento próprio e estar apenas repetindo o que outros dizem, isso seria inconsistente diante do que está amplamente documentado nos arquivos desse blog.
Comentário PRA:
Levantar ou não levantar se um chefe de Estado, entre outros, entra na sala é uma escolha pessoal de cada um, de cada presidente ou chefe de Estado. Pode revelar submissão, ou cortesia, cada um interpreta como quer.
Quanto à questão de tirar ou não os sapatos, entendo que o presidente está instruindo seus ministros a descumprir normas de segurança estabelecidos soberanamente por outros governos, em seu território, sobre o qual eles podem estabelecer as regras de segurança que seus processos legislativos ou administrativos assim o determinarem.
Outros Estados podem, ou não, com base numa cortesia voluntária, e absolutamente unilateral, decidir se vão suspender ou não aplicar a norma para determinadas personalidades estrangeiras, mas não é seguro, nem obrigatório que o façam.
Um guarda aduaneiro qualquer, em qualquer aeroporto dos EUA, poderia determinar, por exemplo, que o ministro Celso Amorim retire os sapatos para passar por um ponto de controle.

Claro, ele pode se antecipar à medida e determinar à Embaixada que mobilize o Departamento de Estado para que este avise a segurança desse aeroporto particular, para evitar o constrangimento, que não deveria ser considerado tal, pois o que os americanos estão fazendo é cuidar da segurança de TODOS os que viajam em aviões comerciais, inclusive, eventualmente, o Sr. Amorim, como ministro ou como pessoa comum.
Gabar-se de não se submeter a controles representa apenas uma coisa: pretender ser superior a todos os demais passageiros, e incomodar diplomatas, guardas aduaneiros, pessoal de segurança em geral, apenas para não se submeter a uma simples norma de segurança que tomaria 1 minuto ou 1 de incômodo, nada mais do que isso.
Considero tudo isso absolutamente ridículo, exatamente representativo do complexo de vira-lata de que falava Nelson Rodrigues, apenas que ao contrário, pretender ser um vira-latas superior.

Irritado por ouvir, pela enésima vez, esse tipo de conversa absolutamente ridícula, acabei escrevendo um artigo sobre isso, como abaixo:
2055. “De como os sapatos são importantes para a Soberania Nacional (ou não?)”
Brasília, 23 outubro 2009, 5 p.
Considerações exatamente sobre o que o título indica. Postado no blog Diplomatizzando (24.10.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/10/1440-sapatos-e-soberania.html).
Publicado, sob o título “De sapatos e da soberania”, em Via Política (26.10.2009; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=111).
Relação de Publicados n. 929.
Não esperava ter de retornar a esse assunto ridículo no dia do diplomata.
Paulo Roberto de Almeida
(Xian, 21.04.2010)

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