Chegaram-me nessa semana duas solicitações de esclarecimento, novamente, as perguntas se focam no curso, com uma pequena variação das perguntas de sempre já que uma das perguntas se foca em alternativas de pós-graduação.
O primeiro correspondente me pergunta sobre qual curso é melhor PUC-SP ou Faculdades Integradas Rio Branco (não confundir jamais com o Instituto Rio Branco – IRBr, mas creio que ninguém faz essa confusão), o autor da pergunta, que também, a fez em um fórum da comunidade relações internacionais no Orkut e pediu uma opinião sincera.
Pois bem, sinceramente, eu não tenho elementos objetivos, mensuráveis, com rigor analítico para responder qual das duas IES (Instituições de Ensino Superior) possui o melhor curso de graduação. Em geral, tem-se o curso da PUC como superior aos demais por ser um curso de universidade católica, que tem tradição e solidez cientifica, mas essa hipótese não é, ou pelo menos, não me apresentaram elementos que suportem isso.
Como estou impossibilitado de dizer qual é a melhor das duas, mesmo por que conheço profissionais de sucesso oriundos das duas instituições recomendo que você consulte alunos dessas instituições para saber as opiniões deles, observar fatores de estrutura como bibliotecas, convênios com bases de dados para pesquisa, convênios com outras universidades ao redor do mundo, as condições físicas (sala de aula, atividades extras, núcleos de pesquisa, iniciação cientifica, empresa jr, etc.), preço da mensalidade, formato da grade de ensino, distância para sua casa. Enfim sempre digo aqui que de nada estudar em uma universidade que oferece toda sorte de oportunidades, se por conta de custos ou deslocamento, você não possa usufruir. Além do peso econômico na família, afinal há custos adicionais como livros, viagens, palestras. Todos esses elementos já foram elencados aqui em outras oportunidades, então reitero o convite para a leitura esmerada dos posts anteriores da tag “dúvidas de leitores”.
O segundo leitor diz ter um crescente interesse pelo campo das relações internacionais, mas pretende cursar direito e posteriormente buscar por uma pós-graduação e pede para que eu enumere os diferentes tipos de pós-graduação em relações internacionais que são ofertadas e se ele terá condições de acompanhar as aulas não sendo originalmente oriundo do campo.
Bom, as pós-graduações se dividem em dois tipos as “latu sensu” e as “stricto sensu”. O primeiro grupo corresponde as especializações, que podem ter o formato e nome de MBA, são cursos que visam capacitar mão-de-obra de alto nível, são em sua maioria pagos, inclusive, os oferecidos em universidades públicas. Já o segundo grupo são os cursos de mestrado e doutorado, sendo que os mestrados podem ser acadêmicos e profissionalizantes, oferecendo a mesma titulação, mas com metodologias diferentes de trabalho e objetivos diferentes. E o curso de doutorado, tem como pré-requisito ter concluído curso de mestrado no Brasil, ou homologado por instituição federal, se tiver sido concluído no exterior. (a não ser que haja tratado de reconhecimento mútuo de diplomas).
Depois dessa brevíssima explanação, que recomendo seja aprofundada em pesquisa posterior, começo a responder a indagação do leitor, lhe dizendo que caso opte por uma especialização, antes do mestrado, caminho muito escolhido, antes de entrar no curso é desejável que você se inteire do campo pretendido, no caso relações internacionais, lendo periódicos científicos e buscando ler as obras seminais desse campo, durante o curso você será apresentado em aulas ao campo e por meio de pesadas leituras será capaz de rapidamente (a depender de sua capacidade obviamente) se inteirar e acompanhar sem maiores problemas o mesmo vale para os outros tipos de curso. Muitos são os profissionais dessa área que não tem originalmente graduação em relações internacionais, o que é natural dada a natureza do campo de pesquisa em relações internacionais que é multidisciplinar, inclusive em sua epistemologia.
O leitor pergunta ainda sobre a carreira diplomática. Sim é mesmo muito difícil obter aprovação no Concurso de Admissão a Carreira Diplomática, mas não é impossível, desde que se estude com esmero e muita perseverança para persistir em caso de reprovação nas tentativas iniciais. Como disse acima não recomendo cursos específicos, por não ter elementos de análise, mas se você busca um curso em que as disciplinas do ramo mais político, digamos assim, sejam majoritárias basta procurar na grade das universidades por cursos que tenham esse perfil.
Tenho plena consciência que muitas vezes as respostas que dou aqui não são as que são buscadas, comprovo isso pelo fato de receber feedback de apenas ¼ dos que aqui atendo. Mas, entendo isso, muitas vezes não dou a resposta mastigada (que muitos parecem querer), outras vezes o que escrevo não corresponde a visão pré-concebida de alguns, outras por que não me controlo e escrevo quase reprimendas diante de perguntas já respondidas a exaustão (bastando para as ter uma busca rapidíssima nos arquivos do blog), outros suponho julgam que minha resposta foi “irônica” ou “má criada” ou sei lá que quero desestimular alguém a cursar relações internacionais.
Vou reiterar aqui que respondo de bom grado, dedicando parte do meu tempo para isso e mais falo de boa-fé, se sou ríspido é por que a vida é, por vezes, ríspida. E se outras vezes sou evasivo é por que a curiosidade e capacidade de obter informações por conta própria são, a meu ver, pré-requisitos de um estudante universitário.
Deixo aqui meus votos de sucesso nas escolhas que vocês farão e que em alguns anos possamos ser colegas de profissão. E termino com aquele pedido usual de que voltem sempre, ao melhor estilo Apu: “Thank you, come again”.
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