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Tradição é tradição: Domingo é dia de atender aos leitores

Domingo passado não publiquei nenhum post nessa seção embora tenha travado um diálogo muito interessante e provocador com uma leitora que fez questionamentos extremamente avançados e que em vão assim que as obrigações profissionais permitirem uma série de posts.

Outro dialogo foi trava em torno dos temas comumente abordados aqui e foram suficientemente esclarecidos por meio das postagens mais antigas dessa tag. Devo salientar que recebi um comentário muito honroso em uma dessas postagens sobre o curso e carreira. Não canso de dizer que não fora pelos leitores esse blog seria um exercício de futilidade.

Essa semana recebi um questionário de mais um dos que desejam ingressar na carreira de relações internacionais. Algumas das questões são repetitivas, mas julgo pertinente respondê-las. O leitor [...] (como sempre resguardo a privacidade de meus interlocutores) me faz quatro perguntas, cada uma apesar de serem simples e concisas poderiam se desdobrar muito facilmente em um post, para cada.

Primeiro o leitor [...] pergunta o que faz uma pessoa formada em RRII e onde pode atuar. Há uma resposta padrão que diz que o bacharel em RRII atua na intermediação de tudo que tem ligação com o internacional e pode atuar no governo, nas empresas privadas e em organizações não-governamentais.

Essa resposta padrão, contudo falha em clarificar como se dá e em que pode atuar o profissional de relações internacionais. E isso tem motivos claros, primeiro o fato de o curso não ser regulamentado assim não possui atribuições que força de lei sejam exclusivas do profissional emanado desse curso superior. Segundo que por causa desse primeiro fator há uma multiplicidade de currículos universitários que trabalham categorias diferentes de inserção profissional. Terceiro fator que posso elencar é que há uma variedade enorme de funções exercidas por profissionais de relações internacionais. Variedade essa que quase que inviabiliza que se tenha um perfil predefinido de inserção profissional.

Em outros posts dessa série disseco melhor essas questões e apresento alguns detalhes do dia a dia do profissional que exerce a consultoria para empresas privadas que é minha realidade mais próxima bem como a inserção no governo e os empreendedores na área.

Posso concluir a respeito desse questionamento que varia demais, mas em geral o profissional de RRII trabalha com tudo que tem ligação com o externo, variando de firma, de área, de vocação profissional. Advogo insistentemente que uma das maiores vantagens comparativas e competitivas de um bacharel em relações internacionais e que por força da sua formação multidisciplinar e fortemente humana esse tem uma capacidade de integrar vários setores da empresa, sendo um bom gestor, um bom decisor e negociador por excelência. (para mais informações sobre essa linha de pensamento acompanhe minha série de posts no Portal Mondo Post).

Os outros três questionamentos podem ser respondidos de uma vez só já que são intrinsecamente interligados não só entre as questões, mas com essa primeira resposta que ofereço.

A profissão é relativamente desconhecida no mercado, digo relativamente por que muitas empresas grande já listam relações internacionais em sua seleção de treineiros, por exemplo, mas há de maneira geral pouca informação sobre o que um profissional de relações internacionais pode agregar as equipes e as empresas, isso dificulta o processo de seleção nos departamentos de RH.

É minha visão particular que uma tendo a chance de ser entrevistado cabe ao profissional vender seu peixe, vender suas habilidades. O mercado de trabalho em relações internacionais respeita a lógica do mercado de trabalho como um todo, assim há sem duvidas mais oportunidades de emprego nas cidades que concentram maior parque industrial e de serviços, com destaque a locomotiva da economia brasileira São Paulo ( tanto a cidade quanto o estado). O Rio de Janeiro tem oportunidades ainda mais com os novos cenários econômicos que se desenham. O Espírito Santo tem uma economia que tem potencial para uma economia mais globalizada como o Mata Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná. Vejo oportunidades, também no Pará, no Acre, em Recife.

Há oportunidades em todo o país, mas sem duvida Brasília e São Paulo são os pólos mais desenvolvidos, não só para cursar como para trabalhar.

Mas, aqui cabe um alerta que faço reiteradamente o mercado é muito restrito com poucas vagas e muito desconhecimento acerca da profissão, apesar das oportunidades que enumerei acima. Há chances de sair da universidade empregado, mas são remotas, como são em quase todos os cursos superiores.

Não objetivo, como reiteradamente digo, desanimar ninguém de cursar, mas é preciso saber que mesmo com uma gama enorme de alternativas, a maior parte das vagas são no campo do comércio exterior (uma subárea das relações internacionais que se justapõe com a administração) e ainda assim são limitadas e difíceis. Esse tema empregabilidade é a preocupação não acadêmica numero um de todo estudante, professor e profissional de relações internacionais, não sendo incomum a desilusão e arrependimento entre os egressos.

Eu amo o que faço, apesar ou por causa de todas essas dificuldades. Mas, sempre aviso quem me pergunta sobre elas, é bem melhor conhecer o inimigo, é o caminho da vitória já dizia Sun Tzu séculos atrás.

Comentários

Anônimo disse…
estou na maior indecisao

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