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Profissão internacionalista: Um relato da vida real

avião Uma pergunta está presente sempre que recebo um e-mail perguntando sobre o curso e a carreira em Relações Internacionais ou quando falo a secundaristas sobre o assunto é a famosa “Quem faz RI viaja muito, né?”. A minha resposta é sempre um enigmático – e por vezes, decepcionante – depende. Isso porque há vários tipos de inserção profissional possível e alguns de nós temos uma maior necessidade de rotina e dificuldades de sair da base.

sofrimentoavião Bom, está claro que estou nesse grupo, talvez seja meus 1,91m que tornem toda a experiência de voar constantemente um tanto desconfortável, até mesmo dolorida e a insônia torna dormir em diversos fusos e camas de hotel um desafio hercúleo, não me levem a mal, adoro fazer turismo, mas viajar a trabalho é pegado.

Mas, como reconheço que minha habitual verve ranzinza pode atrapalhar a análise da questão trago o depoimento da minha querida amiga, colega de universidade e linda chefe, Carolina Valente* que além de empreendedora dedicada na sua empresa a Pacta Consultoria é também presidente do IRWI (International Relations World Institute, onde trabalhamos juntos) e presidente da FIJE, a Federação Iberoamericana de Jovens Empresários.

Carolina nos conta como enxerga essa porção globetrotter da profissão, com realismo, mas com evidente paixão pelo que faz:

Eu viajo pra caramba! Como sou formada em Relações Internacionais, todo mundo da área acha que é a vida mais glamourosa da face da terra. Toda a palestra que eu dou pros estudantes, é sempre a mesma coisa, todo mundo fica encantado com a parte das viagens. Eu também, é claro! O que ninguém lembra é que a gente vai a trabalho, muitas vezes nem tem tempo de conhecer o lugar, passa horas intermináveis dentro de aviões, acorda às vezes sem lembrar em que país está ou, como no caso da jornada que eu começo esta semana, ter que fazer uma mala pequena para 20 dias fora, em 04 países, com temperaturas variando de -5 a +26, com looks pra palestras, reuniões, coletivas de imprensa, encontro com príncipe, jantares e afins… Vivo dizendo que se eu tivesse nascido homem, a vida de cara lavada e dois ternos e cinco camisas ia ser o máximo, mas já que vim mulher, simbora logo arrumar essa mala, terminar de preparar os discursos e não esquecer de colocar muita maquiagem, porque 70 horas dentro de aviões deixa qualquer ser humano com olheiras, caros internacionalistas.

É Carolina seu entusiasmo e a riqueza de suas experiências quase me convencem a voltar a viver da mala, quase...

____________

*Carolina Valente é Bacharela em Relações Internacionais e Direito com Especialização em Direito do Comércio Internacional. É  jovem empresária e sócia das empresas, PACTA Consultoria e Bliss Produções. Participa do movimento de jovens empresários desde 2006 e do movimento iberoamericano desde 2008. Atualmente preside a Federación Iberoamericana de Jóvenes Empresarios - FIJE, que tem sede na Espanha, representa a 20 países e mais de 150 mil jovens empresários da região.

Votem COISAS INTERNACIONAIS na segunda fase do TOPBLOGS 2013/2014

Comentários

Carolina Valente disse…
Mário, querido, adorei o post! Como você diz, tenho mais milha voada que muito comissário de bordo! Vou te convencer de me acompanhar nas próximas! Beijo enorme
Anônimo disse…
Estou muito interessada em fazer o curso de Relaçoes Internacionais e o que realmente me fascina sao as culturas diferentes que posso conhecer,mas lendo o post fico meio indecisa ,pois parece que o que o internacionalista faz nao é realmente o que eu imagino. Humm...me deixaram na dúvida !

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