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Diários da Política: O líder de Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra**

reid Harry Reid é o homem que controla o Senado em Washington. Ele é o líder do governo Obama desde seus primeiros dias na Casa Branca. Apesar de ouvir muito, é combativo, duro e difícil de negociar. Sua postura, muitas vezes chamada de ditatorial, é um dos principais motivos para os republicanos tentarem de todas as formas retomar a maioria perdida entre os senadores. Durante os sete anos de Reid na liderança, ele mandou 74 projetos para o plenário, uma média 10 vezes maior do que seus antecessores.

Na outra Casa tudo funciona diferente. Na Câmara existe uma Presidência, exercida pelos republicanos, que detém maioria. O comando da Casa está nas mãos do republicano John Boehner, de Ohio. Já a liderança dos republicanos fica por conta de Eric Cantor, da Virgínia e a dos democratas com Nacy Pelosi, da Califórnia. A Câmara, portanto, como vemos, possui um comando republicano, além de possuir um líder da maioria, também republicano. No Senado, entretanto, existem apenas duas forças, a maioria, hoje democrata e a minoria, republicana, sob o comando de Mitch McConnell, do Kentucky. A Presidência do Senado é exercida constitucionalmente pelo Vice-Presidente.

Mas o que vemos hoje é um Senado parecido com a Câmara. Harry Reid, líder da maioria, exerce de fato o comando da Casa, muitas vezes de forma mais determinante do que John Boehner faz na Câmara, o que lembra a liderança incontestável que Lyndon Johnson exerceu no Senado nos anos 50. Isto, entretanto, incomoda os demais senadores, tanto democratas quanto republicanos, uma vez que esta não é a característica constitucional do Senado.

Reid, eleito pelo Nevada desde 1986, é o mentor da estratégia nuclear de alterar o regimento do Senado para acabar com as obstruções dos republicanos, um movimento que aumentou a distância entre os dois partidos de forma substancial. O próprio Reid, quando estava na oposição era um dos mais ardentes defensores das táticas de obstrução, o chamado filibuster. Até Obama sentiu o poder de Reid contra si mesmo. O líder democrata anunciou que o Senado não apoiaria a idéia de dar uma autorização expressa, chamada de "fast track", para o Presidente negociar acordos comerciais internacionais.

Mas o líder de Obama pensa no partido e na manutenção de seu cargo. Reid deixou de mandar para o plenário temas que pudessem afetar a campanha democrata deste ano, evitando que os senadores que tentam reeleição, tivessem que adotar posições polêmicas. Se depender dele, os democratas mantém a maioria do Senado. Reid, um político habilidoso, completará no ano das eleições presidenciais 30 anos como senador. Hoje, aos 74 anos, mantém os lobbies de doadores e senadores sob seu direto controle, mesmo que isto gere a ira dos republicanos. Com sua maioria em jogo nas eleições dos próximos meses, 2014 é ano de Reid.

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*Márcio Coimbra é correspondente Coisas Internacionais, em Washington, D.C.

**A Coluna Diários de Política circula normalmente aos domingos.

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