“Pode estar certo que os piores escritores são os que mais têm autoconfiança e se põem menos em dúvida”. Charles Bukowski in Mulheres. p. 151.
Bukowski, o velho safado, não é leitura fácil, seu texto é eivado de obscenidades e linguajar chulo, mas como ser tão pessoal e tão verdadeiro sem assim o ser? Dentro desse turbilhão de sensações há muita coisa incomôda e dura, costumo dizer que se não incomoda, não é arte, mas também há sacadas geniais como a que serve de epígrafe a esse texto e que inspirou as palavras que se seguirão. E aqui faço o alerta esse é um desses textos exploratórios que vez ou outra pululam nesse blog e por uma questão de falta de estilo desse autor acabam sempre por ser um tanto enfadonho.
A verdade é que a reflexão feita pela ótica torpe e anti-social de seu alter ego Henry Chinaski serve bem para o exercício das Relações Internacionais. Tenho certeza que vocês já se deparam com a triunfante certeza dos ignorantes, ou seja, àqueles que tudo sabem, mesmo sem saber qual é o assunto.
Eu sei que não é comum que na internet alguém confesse que tem insegurança em seu pensamento, quantos terabytes de certeza vemos todo dia? Mas, vamos combinar algo quem tem certeza, não pesquisa, não aprende, não evolui.
Claro, claro. É preciso fazer uma distinção. Aqui não estou falando da certeza calcada na pesquisa e no empirismo, falo da certeza apriorística.
O que quero com esse texto vocês devem estar a se perguntar?
Hora quero lançar um desafio a vocês. Que tal duvidarmos um pouco mais de nós mesmos? Que tal duvidarmos dos figurões? De nossos mestres? Das verdades oficiais? Das estruturas de poder? Das instituições?
“Mas a verdade é que há muito pouca grandeza. Quase inexiste. Invisível” escreve Bukowski. Quem sabe não é a dúvida que nos salvará da mediocridade que impera, em nossa amada “Mãe gentil”?
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