Pular para o conteúdo principal

Prof. Egídio, um querido mestre, se aposenta, ‘tudo tem hora pra terminar’

Ontem fiquei sabendo que o Prof. Dr. Egídio Lessinger deixou de dar aulas na Universidade Católica de Brasília (minha alma mater), por motivos pessoais.

egidio

Eu sou uma daquelas pessoas afortunadas que sempre foram agraciadas pela vida com excelentes professores, na verdade em toda minha vida universitária só não tive boas relações com dois professores, um era indiferente e o outro não vale nem a pena mencionar, afinal mesmo não crendo em amor a primeira vista acredito em antipatia mútua a primeira vista. 

Mas, esses casos isolados não inspiram textos, afinal tem que ser muito pequeno pra escrever espinafrando um professor depois de tanto tempo. A inspiração desse texto é um grande amigo que tive a honra de fazer nessa vida, um professor que é modelo de educador.

O jeito Egídio de dar aulas, por vezes levava a alguns alunos a menosprezarem o professor já que ele por índole não é dado a ser carrasco, mas bastava conviver um pouco com ele pra perceber que o homem sabe tudo de agronegócio brasileiro aliás, arrisco dizer que nunca tive uma conversa com ele sem que eu não recebesse uma série de recomendações bibliográficas.

Não posso deixar de registrar aqui a generosidade do prof. Egídio (sim, mesmo sendo amigo dele e tantos anos depois não consigo não o chamar de professor com toda a deferência devida) quando eu fundei minha primeira empresa de consultoria, ele não se furtou de dividir comigo contatos e nomes que pudesses ajudar a levar a cabo um trabalho que me ocupava a minha inexperiente mente a época.

Não posso deixar de externar a inveja branda que sinto das filhas e dos netos do prof. Egídio, acho que não há ninguém na UCB que não quisesse tê-lo como um avô ou pai, ainda mais depois de ouvir o carinho com quem ele se lembrava das suas meninas jovens a tocar piano em sua sala. Ficava patente o fato de o Egídio ser além de grande profissional e professor, um amantíssimo pai.

Tudo que sei sobre agronegócio aprendi com o Egídio, e digo mais uma tarde num bar apreciando uma cachacinha de alta qualidade com o professor é um MBA condensado, sem em nenhum momento ele seja professoral é apenas um daqueles casos que o conhecimento é tanto que flui com naturalidade.

Numa mensagem partilhada por uma de suas atuais alunas fica clara a dedicação do professor ao magistério e seu gosto por dar aulas, ao responder o pedido para que voltasse:

“Eu sinto também falta do burburinho das aulas. Barulhinho gostoso das conversas e risos dos alunos. Saudades!!! Foi bom mas tudo tem hora para terminar. Abração a todos(as).”

Não pude deixar de sentir uma imensa pena dos novos alunos da UCB que não terão a chance de conviver com um ser humano maravilhoso e educador primoroso. Mas, como sempre o senhor está certo professor, ‘tudo tem hora pra terminar’. Aproveite sua aposentadoria. ‘É só tô dizendo’. E mais desde agora já sugiro que o professor seja o grande homenageado do nosso encontro de egressos e graduandos desse ano.

__________________

PS: Parabéns pelas bodas de diamante, não é pra qualquer permanecer casado, bem casado, por meio século.

PS 2: Professor próxima vez que eu for a Brasília temos que tomar um chope.

PS 3: A foto que ilustra esse post é do acervo pessoal de minha amiga Laryssa Almeida.

PS 4: O que seria da minha vida sem conhecer a famosa história “da vaquinha”?

Comentários

Unknown disse…
Bela homenagem a alguém que como poucos faz jus a alcunha de mestre! Obrigado por tudo grande Egídio Lessinger.
Anônimo disse…
Prof. Egídio Lessinger é a essência desse curso de sabedoria misturada com alegria.

Um mestre de verdade OSS

Postagens mais visitadas deste blog

Crise no Equador

Sob forte protesto das forças policiais e parte dos militares, que impedem o funcionamento do aeroporto internacional de Quito. Presidente Correa cogita usar dispositivo constitucional que prevê dissolução do Congresso e eleições gerais. Mais uma grave crise política na América do Sul. Numa dessas coincidências típicas de se analisar as coisas internacionais discutia semana passada numa excelente postagem de Luís Felipe Kitamura no laureado blog Página Internacional a situação equatoriana. A postagem tinha como título Equador: a instabilidade política e suas lições . Na qual o colega discorria sobre o péssimo histórico de conturbação política do país andino e sobre como o governo Correa parecia romper com isso usando a receita da esquerda latina de certo pragmatismo econômico e políticas distributivas. Mas, justamente a instabilidade política que parecia a caminho da extinção volta com toda força em um episódio potencialmente perigoso, que contundo ainda é cedo para tecer uma análise

Meus leitores fiéis, pacientes e por vezes benevolentes e caridosos

Detesto falar da minha vida pessoal, ainda mais na exposição quase obscena que é a internet, mas creio que vocês merecem uma explicação sobre a falta de manutenção e atualização desse site, morar no interior tem vantagens e desvantagens, e nesse período as desvantagens têm prevalecido, seja na dificuldade na prestação de serviços básicos para esse mundo atual que é uma boa infra-estrutura de internet (que por sinal é frágil em todo o país) e serviço de suporte ao cliente (que também é estupidamente oferecido pelas empresas brasileiras), dificuldades do sub-desenvolvimento diria o menos politicamente correto entre nós. São nessas horas que vemos, sentimos e vivenciamos toda a fragilidade de uma sociedade na qual a inovação e a educação não são valores difundidos. Já não bastasse dificuldades crônicas de acesso à internet, ainda fritei um ‘pen drive’ antes de poder fazer o back up e perdi muitos textos, que já havia preparado para esse blog, incluso os textos que enviaria para o portal M

Extremismo ou ainda sobre a Noruega. Uma reflexão exploratória

O lugar comum seria começar esse texto conceituando extremismo como doutrina política que preconiza ações radicais e revolucionárias como meio de mudança política, em especial com o uso da violência. Mas, a essa altura até o mais alheio leitor sabe bem o que é o extremismo em todas as suas encarnações seja na direita tresloucada e racista como os neonazistas, seja na esquerda radical dos guerrilheiros da FARC e revolucionários comunistas, seja a de caráter religioso dos grupos mulçumanos, dos cristãos, em geral milenaristas, que assassinam médicos abortistas. Em resumo, todos esses que odeiam a liberdade individual e a democracia. Todos esses radicais extremistas tem algo em comum. Todos eles estão absolutamente convencidos que suas culturas, sociedades estão sob cerco do outro, um cerco insidioso e conspiratório e que a única maneira de se resgatarem dessa conspiração contra eles é buscar a pureza (racial, religiosa, ideológica e por ai vai) e agir com firmeza contra o inimigo. Ness