Creio que todo estudante de Relações Internacionais – ou de qualquer ciência social – já se deparou com interessantes textos sobre antropologia e percebeu como a questão da autodenominação é importante na literatura etnográfica.
A questão é tratada sempre na vertente de relações de identidade de grupos étnicos minoritários. Não é surpresa que o pensamento (se o termo for aplicável) marxista domina a linguagem ativista desses estudos. E por isso mesmo dão a autodenominação um caráter de luta antiimperialista.
Está claro que a autodenominação é o pressuposto de um agrupamento humano de se nomear de acordo com suas determinações culturais e na sua própria língua. (antropólogos e lingüistas não me matem por essa definição, por favor). Ou seja, é o direito desses povos de serem chamados como querem e que se faça a transliteração desse nome e não um novo batismo.
É uma reivindicação legítima, afinal nós gostamos de ser chamados de brasileiros ou o equivalente em outras línguas com Brazilians, brasileños, etc. e ficaríamos ofendidos se um povo decidisse nos dar um outro nome, por exemplo, federalense.
Os dicionários da língua portuguesa aceitam o termo ‘estadunidense’ como adjetivo pátrio para quem nasce nos Estados Unidos da América, mas seu uso é claramente ideológico.
Gostaria de fazer uma pergunta diante dessa breve introdução.
Seria válido desrespeitar o desejo de autodenominação de um povo por que porventura não gostamos do jeito que vive sua vida ou que seu governo age?
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