Pular para o conteúdo principal

A autodenominação

Creio que todo estudante de Relações Internacionais – ou de qualquer ciência social – já se deparou com interessantes textos sobre antropologia e percebeu como a questão da autodenominação é importante na literatura etnográfica.

A questão é tratada sempre na vertente de relações de identidade de grupos étnicos minoritários. Não é surpresa que o pensamento (se o termo for aplicável) marxista domina a linguagem ativista desses estudos. E por isso mesmo dão a autodenominação um caráter de luta antiimperialista.

Está claro que a autodenominação é o pressuposto de um agrupamento humano de se nomear de acordo com suas determinações culturais e na sua própria língua. (antropólogos e lingüistas não me matem por essa definição, por favor). Ou seja, é o direito desses povos de serem chamados como querem e que se faça a transliteração desse nome e não um novo batismo.

É uma reivindicação legítima, afinal nós gostamos de ser chamados de brasileiros ou o equivalente em outras línguas com Brazilians, brasileños, etc. e ficaríamos ofendidos se um povo decidisse nos dar um outro nome, por exemplo, federalense.

Os dicionários da língua portuguesa aceitam o termo ‘estadunidense’ como adjetivo pátrio para quem nasce nos Estados Unidos da América, mas seu uso é claramente ideológico.

Gostaria de fazer uma pergunta diante dessa breve introdução.

Seria válido desrespeitar o desejo de autodenominação de um povo por que porventura não gostamos do jeito que vive sua vida ou que seu governo age?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Empregos em RI: Esperança renovada

“A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.” Lu Hsun. In “O país natal”. O tema empregabilidade domina os e-mails que recebo de leitores e os fóruns dedicados a relações internacionais. Não por acaso deve haver pelo menos 30 textos dedicados ao tema nesse site. E sempre tento passar minha experiência e as dos meus amigos que acompanho de perto. O tema sempre volta, por que sejamos francos nos sustentar é algo importante e vital se me permitirem essa tautologia. Pois bem, no próximo dia 19 de novembro ocorrerá uma grande festa que encerrará os festejos de 15 anos de existência do Curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. E como parte dos preparativos para essa data temos empreendido um esforço para “rastrear” todos os egressos de nosso curso. Nesse esforço temos criado uma rede de contatos e o que os dados empíricos me mostram é um tes...

Ler, Refletir e Pensar: Libya's Terrorism Option

Mais um texto que visa nos oferecer visões e opiniões sobre a questão da Líbia que é sem sombra de duvida o assunto mais instigante do momento no panorama das relações internacionais. Libya's Terrorism Option By Scott Stewart On March 19, military forces from the United States, France and Great Britain began to enforce U.N. Security Council Resolution 1973 , which called for the establishment of a no-fly zone over Libya and authorized the countries involved in enforcing the zone to “take all necessary measures” to protect civilians and “civilian-populated areas under threat of attack.” Obviously, such military operations cannot be imposed against the will of a hostile nation without first removing the country’s ability to interfere with the no-fly zone — and removing this ability to resist requires strikes against military command-and-control centers, surface-to-air missile installations and military airfields. This means that the no-fly zone not only was a defensive measure...