Pular para o conteúdo principal

Série Especial: Trabalhar com Relações Internacionais: Consultoria em Negócios Internacionais

Dando prosseguimento a série “Trabalhar com Relações Internacionais” que visa oferecer insumos para os graduandos e interessados em Relações Internacionais possam planejar suas carreiras. Essa série se foca nas experiências profissionais em Relações Internacionais de um ponto de vista pessoal dos autores convidados.

Hoje quem nos escreve é um consultor em negócios internacionais, graduado em Relações Internacionais numa das melhores universidades do mundo. Esse brilhante profissional é um amigo meu e uma pessoa bastante reservada, muito mais por força dos ameaçados contratos de confidencialidade que como consultores assinamos do que pela proverbial reserva própria dos europeus. Por essa razão invocarei os meus privilégios constitucionais de sigilo de fonte e omitirei o nome do nosso convidado dessa semana.

O texto abaixo vai como me chegou apenas com as correções pedidas pelo autor devido a ter sido escrito em trânsito, logo em teclados sem os acentos da língua portuguesa. O interessante nesse relato é observar como a carreira pode exigir nas nossas vidas pessoais. Espero que aproveitem.

“Trabalhar com RI: Consultoria em Negócios Internacionais”

Por A.

Formado em RI desde 1998 e com a especialidade de economia e política, já havia iniciado um estágio profissional sem retribuição desde o principio desse ano. A oportunidade era genial: trabalhar de assessor na gestão de programas de co-financiamento europeu. Esse, revelou-se ser o trampolim para um trabalho mais directo com a Comissão Européia e com as equipas de um eurodiputado, afecto à pasta de economia e empresas.

Meses depois era indicado para alargar o âmbito e trabalhar, dessa feita, com outras equipes e com outros eurodiputados. Pastas como economia, empresa, indústria, serviços sociais, meio ambiente, novas adesões de países, pesca e agricultura. De 1999 a 2006 o relógio era o meu único amigo porque o tempo era o bem mais valioso.

Entretanto, RI complementou-se e aperfeiçoou-se com políticas públicas, com finanças, com governança, com mercados financeiros, com energias renováveis, com mais comercio exterior, com relações publicas e até com jornalismo. O efeito foi transcendente, mas patamares justos para chegar a dominar as disciplinas do desenvolvimento organizacional, a auditoria e a gestão para a qualidade, com a consultoria de nível sênior como apanágio!

A relação com consultoras de calibre mundial cedo se tornou o “aeiou” de qualquer conversa, contrato e acção. Eram tempos de muita liquidez, muita gente, muitos negócios e escassíssima saúde familiar ou ócio! McKinsey, Procter & Gamble, Ernst & Young, JP.Morgan, Citibank, Google, Navintia, um sem fim de ligações e mais de 200 pessoas em dependência directa. O mundo tornava-se local e as viagens uma rotina. Ainda hoje permanece, mas o nível tornou-se mais governamental e as minhas intervenções são consideradas em círculos mais restritos.

Moral da história: RI, complementos e aprendizagem activa, resiliência e muito sentido de risco criam as oportunidades de empreendedorismo positivo. Agora, o desafio é o puro “phasing out” de tudo isto... pois cada vez mais a idéia de um bar na praia e a família por perto convence-me que a vida são dois dias e eu já ganhei no primeiro para disfrutar no segundo!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...