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Crise no Curso de RI da UTP. Uma história que importa a todos nós

Tenho um enorme carinho pelo curso de Relações Internacionais da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP. Alguns grandes amigos que fiz graças aos congressos e eventos de RI pelo mundo são graduados por essa instituição que mantinha um curso sério e estruturado.

Contudo, tomei conhecimento pelas redes sociais da situação precária que se encontra o curso, que parece inclusive estar em processo de fechamento o que é traumático para os que ainda estão nessa graduação e muito ruim para quem cursou com afinco e dedicação e depositou confiança numa instituição.

Não estou a par dos motivos do fechamento, mas não é difícil pensar que passam necessariamente por má-gestão e dá mostras de problemas maiores na instituição como o todo. Ao que tudo indica para amenizar a transição a universidade ofertou a possibilidade de bi-titulação Relações Internacionais e Economia, formula adotada com sucesso em outras instituições, notadamente a FACAMP.

A crise da UTP pode ser um “cautionary tale” nesse rescaldo da expansão imponderada de graduações em Relações Internacionais. Temo que não seja o primeiro curso a cair.

Abaixo transcrevo duras críticas de um egresso desse curso. O texto abaixo reflete a opinião pessoal do autor Cicero Augusto Faria de Oliveira.

Esse blog está aberto a ouvir outros interessados na questão, principalmente estamos abertos para uma eventual resposta da UTP.

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ NA BERLINDA.

Por Cicero Augusto Faria de Oliveira

Fontes da mais alta credibilidade me informaram do absurdo que a coordenação de RI da UTP está fazendo com o curso. Tudo leva a crer que querem acabar com o curso.

Em primeiro lugar, a coordenação resolveu que junto ao curso de RI, os alunos estudariam economia, desta forma: três anos e meio o aluno se forma em RI e com mais um ano recebe seu diploma de economista. Passei um bom tempo pensando, como que alguém estudando apenas um ano de economia poderia receber um diploma de economista? Como MEC havia autorizado essa loucura? Depois de um tempo sem resposta, minhas fontes explicaram isso hoje. É o seguinte: Na verdade quem entra no curso de RI na verdade está estudando COMEX e economia e não RI, me afirmaram também que as disciplinas do curso nos primeiros semestres que estão com a grade “nova”, pouco tem a ver com RI. Mas RI não é Comércio Exterior e muito menos Economia, apesar de que tínhamos estas cadeiras, pois é importante na profissão.

Há quem diga que isso é bom, pois a UTP tirou nota boa no ENADE, é a número 1 no Paraná e a 3ª no sul do país. Mês também é importante dizer que os alunos que fizeram o último ENADE foram escolhidos a dedo pela coordenação e também a maioria já se formou ou está no final do curso, alunos que ainda não faziam parte da grade “nova”, RI com Economia.

Porque a coordenação do curso de RI está substituindo o curso de RI por outro, e aos poucos, só falta no próximo ano mudar o nome, ou seja, acabar de vez com o curso, pois este é o caminho que estão seguindo. Pergunta sem resposta. Porque dificultar mais ainda a formação de profissionais que tem um futuro promissor pala frente? Mais uma pergunta sem resposta.

Estou triste, pois é a minha profissão, meu curso e como Presidente da Academia Brasileira de Relações Internacionais, não posso me calar e fazer de conta que está tudo bem, isto acontece. Nós da ACBRI estamos numa luta para abrir o caminho das Relações Internacionais no Paraná e nos Estados vizinhos e a coordenação do curso da UTP está indo na contra mão deste processo, mas tenho certeza que chegaremos lá.

Peço apenas que não mintam para nossos colegas e que sejam honestos, digam a verdade, vocês estão estudando Comércio Exterior e Economia e não Relações Internacionais e não entreguem um diploma para os alunos que não estudaram RI, não façam deles falsos profissionais, entreguem apenas o diploma de Economista e Comex, pois é o que eles serão.

Comentários

Dalva disse…
Mário,

Lembro-me como se fosse ontem da primeira semana do nosso curso de Rel na Católica. Havia um movimento entre os alunos questionando a direção do curso. Novata, participei como ouvinte dos "comícios" de alunos para alunos feitos lá na escadaria naquele vão redondo das paredes do prédio do nosso curso...
Decorrente direta ou indiretamente desse evento algum tempo depois o diretor foi trocado...

Mas o tempo passa e as gerações mudam...

Meus comentários que seguem podem soar precipitados mas vou arriscar expor aqui. De uma forma bem generalizada vejo essas gerações mais novas serem mais tolerantes com problemas de qualquer natureza social, seja no bairro onde moram, na cidade, no nosso país... elas são mais individualistas (como já caracterizaram diversos artigos sobre a "geração Y")
Um problema dessa natureza e gravidade não surge do nada. Me pergunto: enquanto essa situação ia tomando forma o que os alunos fizeram? Abandonaram o barco e mudaram de instituição de ensino? Mudaram de curso? Nada fizeram??
Não culpo a omissão dos estudantes dessa instituição (talvez um ou outro tenha questionado alguma coisa) Hoje na Católica e em outras faculdades o comportamento fosse o mesmo frente ao mesmo problema...

O que quero dizer é que falta nessa geração senso de mobilização, falta deixar o mundo virtual, falta deixar o facebook de lado, falta deixar o twitter e afins e sentar pra conversar no mundo real, se envolver, tomar frente, e agir!!

Também, puxando da memória, uma das minhas primeiras pesquisas de “Iniciação Científica” com nosso professor Carlos Pereira mostrou dentre outras coisas que em menos de 5 anos (segundo período determinado pelo trabalho) o número de cursos tinha mais que triplicado e alguns semestre após nos víamos em Congressos, Seminários e Encontros de Relações Internacionais com alunos participantes das mais desconhecidas instituições do Brasil inteiro.
Criou-se uma bolha??

Obviamente que o mercado não tem capacidade de absorver tantos egressos, ainda mais de um curso que batalhamos tanto para ser reconhecido (ai meus tempos de Feneri!!)

Fico triste pelos meus colegas e faço votos que ainda haja tempo, energia e motivação para reverter ou pelo menos minimizar os desdobramento negativos.
Di disse…
Bom, ao ver os comentários e adicionais editados no texto citado acima, discordo da forma que condizem que estudamos COMEX e Economia em vez de Relações Internacionais, se for comparada a grade antiga do curso com a atual, não vemos grandes mudanças, estudo na UTP atualmente e mantenho uma correlação com os veteranos, não teve mudanças significativas na grade curricular. Os motivos para a crise atual de RI na UTP são que a faculdade contrata uma empresa de consultoria estudantil que avaliou o curso de RI e ECO separados e isso gerou grandes valores a faculdade, que sendo universidade deve manter o curso, mestrados e doutorados, conforme lei federal. Isso beneficia as Universidades Federais e a grande desculpa da empresa de consultoria é quue não há mercado para esses cursos em Curitiba, mais há de lembrar que somos nós que fazemos o mercado de trabalho e não estatísticas. Estamos fazendo o possivel para reverter esse ocorrido, sou esudante e não quero ser calouro pra sempre.
Anônimo disse…
Olá,
Devo informar que a crise que impera em alguns cursos na UTP e tbm no curso de RI e Econômia foi realmente consumado, os dois cursos conjuntos estão sendo extinguidos na faculdade, não será mais ofertado segundo a diretoria financeira dizendo que o mesmo não tem demanda de mercado, mais vale lembrar que somos nós que fazemos um mercado, isso foi avaliado desde o vestibular de 2009 e mesmo eles sabendo que a instituição passava por más situações acabaram por ofertar o curso em 2009 e 2010 e agora estão com eessa história de demanda.
Estão tentando remanejar o curso de Economia pra outras instituições, mais com isso o curso de RI ficará a mercê de desistencias, os alunos que optaram por este curso só optaram por ser uma DUPLA GRADUAÇÃO, a UTP promete aos alunos de RI que irão terminar oo curso até ter o ultimo aluno a se formar. Mais quem garante isso, quem garante que a UTP não decrete falência nesse período. Isso se resume na administração da faculdade, se o Professor Sydney Lima Santos ainda estivesse lá, estaria melhor.
E tudo isso se resume em INDIGNAÇÃO.

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