Pular para o conteúdo principal

Outra face, o mesmo extremismo

O artista gráfico Shepard Fairey, autor do icônico cartaz de campanha de Barack Obama foi agredido na Dinamarca por extremistas ligados a movimentos anarquistas, que segundo as reportagens, não gostaram de um mural do artista.

Mais uma vez vem dos ricos e desenvolvidos países nórdicos uma lembrança de como o extremismo é perigoso e como sempre digo não importa a suposta causa do extremista nem sua filiação ideológica, no fundo são todos ‘farinha do mesmo saco’.

Há algumas semanas os analistas políticos dos meios de comunicação e da academia nos alertavam dos perigos do crescimento da extrema direita, que segundo alguns seria mais grave, urgente e real que o extremismo religioso, principalmente mulçumano.

Um professor de História Contemporânea da UFRJ chegou até a dizer na Globo News que o ato em Oslo foi mais político que o 11 de setembro. Não vejo motivos racionais e objetivos para essa escala feita pelo ilustre professor, quero crer que a declaração foi motivada pelo choque das imagens dos jovens e o impacto da barbárie perpetrada pelo verme norueguês. Embora, não possa deixar de aventar que isso possa ter a ver com o fato do professor ser adepto de valores que se encontrar no campo da esquerda.

Não tenho problema com o tal professor ou qualquer pessoa ter uma inclinação ideológica eu certamente tenho a minha. O que me causa alguma irritação é quando do alto do cargo e dos títulos as pessoas tentem vender ideologia como ciência. Isto é, ser parcial se dizendo imparcial. Essa aparente neutralidade transforma uma interpretação em fato. Resumindo eu sei que o professor estava ali para dar sua opinião sobre o assunto e que ele é livre pra opinar como quer, mas como já disse várias vezes aqui essa liberdade tem mão-dupla e sou livre pra discordar da opinião dele. E nesse caso creio ser quase leviano tentar transformar o nefasto extremismo de direito em algo pior que igualmente nefasto extremismo islâmico. Mesmo por que as duas visões de mundo extremistas têm nos valores democráticos seu grande inimigo.

O ataque a Shepard Fairey, nos lembra de outra face do extremismo. Falo claro da sua encarnação de extrema-esquerda, no caso de inspiração anarquista, mas bem poderia ser marxista, leninista, maoísta, bolivariana, etc.

Nos dias que se seguiram aos ataques, em Oslo, diversos analistas, jornalistas e curiosos declaravam uma suposta hipocrisia da mídia no tratamento ao verme, diziam alguns mais exaltados que a mídia coorporativa seria por natureza direitista e que no fundo concordava com as teses dele por isso o protegia se recusando a chamá-lo de terrorista e que se fosse ele um mulçumano (ou excluído de país não-ocidental ou pobre) não teriam escrúpulos em usar o rótulo terrorista. Pois bem, deixo agora uma provocação a guisa de conclusão desse breve texto. Onde estão esses indignados agora? Ou quando os extremistas são de esquerda o tom da indignação muda?

Eu em minha quase (?) irrelevância de analista e blogueiro peço o mesmo que sempre peço nesses casos que as forças de segurança da Dinamarca sejam céleres em suas ações e consigam a condenação de todos os envolvidos. Vida longa ao ‘Rule of Law’! Pode não ser um slogan atraente para a juventude rebelde e contestadora, mas é a base do convívio civilizado e democrático.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Empregos em RI: Esperança renovada

“A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.” Lu Hsun. In “O país natal”. O tema empregabilidade domina os e-mails que recebo de leitores e os fóruns dedicados a relações internacionais. Não por acaso deve haver pelo menos 30 textos dedicados ao tema nesse site. E sempre tento passar minha experiência e as dos meus amigos que acompanho de perto. O tema sempre volta, por que sejamos francos nos sustentar é algo importante e vital se me permitirem essa tautologia. Pois bem, no próximo dia 19 de novembro ocorrerá uma grande festa que encerrará os festejos de 15 anos de existência do Curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. E como parte dos preparativos para essa data temos empreendido um esforço para “rastrear” todos os egressos de nosso curso. Nesse esforço temos criado uma rede de contatos e o que os dados empíricos me mostram é um tes...

O complicado caminho até a Casa Branca

O processo eleitoral americano é longo e complexo, sua principal característica é a existência do Colégio Eleitoral, que atribui aos candidatos uma quantidade de votos, que equivale ao número de senadores ou deputados (lá chamados de representantes) que cada estado tem direito no Congresso dos EUA. Esse sistema indireto de votação é uma fórmula constitucional enraizada no processo histórico da formação dos Estados Unidos, que buscava em um forte federalismo, criar mecanismos que pudessem minorar ou eliminar a possiblidade de um governo tirânico. Esse arranjo federalista se manifesta fortemente, também, na forma como a Constituição Americana é emendada, sendo necessário a ratificação de uma emenda aprovada no congresso pelos legislativos estaduais. São 538 votos totais no Colégio Eleitoral, a Califórnia tem o maior número de votos, com 55 e o Distrito de Columbia (equivalente ao nosso Distrito Federal) e outros 7 estados com 3 votos têm a menor quantidade, o censo populacional é usa...