A presidente Dilma ainda antes de tomar posse deu uma entrevista ao jornal americano “Washigton Post” na qual dizia que a mudança que propunha em política externa era uma atenção maior aos Direitos Humanos em geral e das mulheres especificamente. E assunto era o Irã.
O governo anterior ao de Dilma buscou uma aproximação política com o Irã recebendo inclusive o presidente Ahmadinejad em Brasília e tentando junto com a Turquia intermediar um acordo nuclear – ainda que aquele documento esteja longe de ter sido um acordo. Sempre fui crítico da aproximação de alto nível com o Irã, isto por que manter e ampliar as relações comerciais com o país persa não necessitava da diplomacia presidencial.
Os defensores da aproximação argumentam que foi um passo que demonstra a grandeza recém alcançada do Brasil que passaria a ter peso suficiente para ser um ator relevante no Oriente Médio, um ente capaz de inovar e conseguir intermediar coisas importantes. E, também, acreditam ser um gesto de demonstração da independência da política externa do Brasil ao – segundo eles – contrariar as potências ocidentais.
Para esses defensores as críticas dos Estados Unidos e Europa ao Irã são injustas e baseadas na crença de uma superioridade cultural ocidental e mais que isso são desculpas para o imperialismo. E mais usar a defesa dos direitos humanos seria atentar contra a cultura local.
Esse argumento relativista é enfraquecido diante de figuras que localmente lutam pelos Direitos Humanos, que têm um óbvio caráter universal que eles buscam sempre negar é preciso salientar. Nessa lógica um dissidente local, não pode ser visto como um ator local renovador e sim como um ente influenciado indiretamente pelo “imperialismo cultural do ocidente” ou simplesmente alguém vendido ou algo assim, portanto os mesmo analistas e políticos que defendem a aliança com o Irã buscam deslegitimar os dissidentes. Daí as constantes críticas aos líderes do movimento verde ou mesmo a ativista dos direitos das mulheres e da minoria religiosa Baha’i e prêmio Nobel da paz Shirin Ebadi.
A questão é que se aproximar do Irã é convidar um vampiro para entrar na sua casa como eu escrevi na época, isso por que você vai abrir a porta para ser o palco de um regime que busca por aliados e os holofotes e também terá a porta aberta para lidar com os inúmeros dissidentes e críticos é uma situação muito desgastante de administrar e que nenhum grande beneficio estratégico é alcançado. O Brasil emprestou legitimidade ao Irã e agora se vê acossado por esses dissidentes a emprestar o mesmo holofote. E para piorar o desconforto do governo a causa desses dissidentes é justa e se coaduna com os valores nacionais inscritos na Constituição Federal e alardeados pelo partido da presidente.
Por conta disso a negativa da presidente Dilma em receber Shrin Ebadi essa semana tem repercutido tanto. O jornalista (e mestre em RI) Gustavo Chacra chegou a perguntar em seu blog: “Por que o Brasil tem medo do Irã?”.
Sempre advirto quanto aos problemas de se aceitar as declarações oficiais e palavras de diplomata pelo valor de face. E para ilustrar isso temos a versão oficial para a não recepção da ativista que seria o fato da presidente só receber chefes de estado e/ou de governo. Verossímil, não? Claro, que sim desde que a Shakira seja presidente da Colômbia e o Bono primeiro-ministro da Irlanda.
E ficou a chance perdida de Dilma provar que: a) é compromissada com os direitos humanos; e b) que sua política externa é independente de fato e não busca apenas marcar posição contrária aos EUA.
Comentários
Obrigado pela visita em meu blog. Por mais que não tenha gostado, opinião é opinião e eu as respeito muito.
Abraços!
http://opensarnaotemfronteiras.blogspot.com/
olha o mu blog http://silenciosdedrusilla.blogspot.com
Se não fosse pelo Lula...
Otimo blog. Parabens mesmo!