Era mais que esperado o mundo só fala na morte da personificação do terrorismo, daquele que se tornou o homem mais procurado pelos EUA, do responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001. E como não poderia deixar de ser as polêmicas também estão na ordem do dia desde as teorias da conspiração de todos os matizes, os incrédulos e os chocados pela comemoração da morte de Osama.
Não vou tentar nunca na minha vida tentar debater com quem é adepto de teorias conspiratórias a linha de pensamento seguido deixa muito pouco espaço para a lógica e para as evidências empíricas, já disse algumas vezes a teoria da conspiração é a única categoria do pensamento que o falseamento da tese a torna mais forte. Eu prefiro apenas me divertir com alguns aspectos das argumentações. Não quero aqui negar que a farsa ou embuste (como preferem os militares) não seja um instrumento usual nas guerras e na política.
Como colocou o jornalista (polêmico, por sinal) Reinaldo Azevedo não é “edificante” assistir um grupo festejar a morte de um ser humano, contudo é preciso avaliar quem era o homem cuja morte se celebrava? Quais foram seus atos? Cheguei a ler em algum lugar que a comemoração seria uma “inversão de valores” e me pergunto o que há de inverso em celebrar a morte de um assassino em massa? Talvez, seja difícil para alguns perceber que a natureza humana é muito mais Hobbes que Rousseau. E, mais a maioria dos que agora lamentam essa “terrível” comemoração são os mesmos que acharam que foi merecido o ataque de 11 de setembro de 2001. Claro, em nome de alguma causa e cheios de motivos e justificações, mas não deixa de ser curioso (para dizer o mínimo) que na morte de milhares de inocentes eles viam um motivo que se não justo seria culpa das vítimas de alguma forma e na celebração da morte do assassino vêem algo terrível.
A outra grande questão é o que foi feito do corpo de Osama e os motivos disso, claro que o sepultamento no mar será fonte eterna das conspirações do tipo “Elvis não morreu”. A meu ver a decisão de negar aos seguidores de Osama Bin Laden um local de peregrinação, um tumulo, uma sepultura, etc. foi acertada do ponto de vista estratégico e simbólico. Justamente por tornar bem claro o fim da era Bin Laden.
Há uma tendência de minimizar a importância da morte de Osama Bin Laden por que ele já não seria o líder da rede, nem seria o estrategista, mas quem fala isso está ignorando o papel do moral em questões militares. A morte de Bin Laden em uma operação militar conduzida pelas forças especiais americanas e com o trabalho da CIA é sem sombra de dúvidas a maior vitória das forças americanas até agora neste século e a morte de Bin Laden é devastadora para a rede terrorista e para os extremistas que perderam um símbolo, o carisma de Osama garantia muito do dinheiro, principalmente pela infame rede “Haqqani” na zona de fronteira Paquistão-Afeganistão. E mais, o fato da inteligência americana ter chegado até Osama forçará os candidatos a sucedê-lo a irem fundo no submundo, terão que se esconder bastante o que aumenta desafios estratégicos.
Como bem coloca o analista William McCants em um artigo na Foreign Policy há um paralelo para entender a extensão do estrago para a Al-Qaeda que a morte do líder da rede no Iraque Abu Musab al Zarqawi. Depois da morte dele a rede no Iraque não conseguiu mais ser relevante na política iraquiana, embora continuem a matar muito por lá. Ou seja, a morte de Bin Laden, obviamente é uma grande vitória, mas não encerra o desafio de enfrentar o terrorismo.
No campo da política interna Obama agora pode consolidar sua imagem de Comandante-em-Chefe, algo que lhe pode ser muito útil na eleição do ano que vem, a não ser é claro que o velho adágio “It’s the economy, stupid!” dê novamente o tom. Mas, um bom indicativo de que usarão essa vitória foram as imagens liberadas que mostram as reações do presidente e de sua equipe de segurança nacional. Pelo menos resistiram à tentação de fazer essas fotos em preto e branco numa tentativa de tornar Obama mais “presidenciável” criando uma ligação com as famosas fotos do período Kennedy.
Mas, diante das muitas incertezas é cedo para uma análise mais profunda e com maior substância.
Comentários
Agora vamos esperar para ver como o mundo vai reagir a essa morte...
bjos
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