A presidente Dilma chegou à China depois de uma breve passagem pela Grécia. É a terceira viagem internacional da mandatária e sua primeira visita ao gigante chinês e apesar de grande repercussão em torno da inclusão de temas de Direitos Humanos não há dúvidas que são os negócios a preocupação número 1.
A emergência da China como principal parceiro comercial brasileiro foi um dos fatores principais para minorar os efeitos da crise financeira global, contudo trouxe consigo um grande desafio que é o fato da pauta de exportações brasileiras para China ser primordialmente composta por commodities, em especial as metálicas como o minério de ferro e das importações primordialmente produtos manufaturados.
Há na literatura econômica internacional uma relação (cepalina até onde não tem mais) denominada deterioração de termos de troca, que grosso modo explícita que numa situação em que se exporta produtos primários e se importa produtos acabados você passa a ter que exportar maiores volumes para conseguir comprar a mesma quantidade de produtos manufaturados, isso por que inovações tecnológicas, design, etc. Agregam valor ao manufaturado. Ou seja, uma tonelada de chips de computador exige muito mais trabalho, pesquisa e tecnologia do que a exportação de uma tonelada de minério bruto.
Claro, que há alguns pressupostos nesse conceito o principal deles é que o preço das commodities tende a cair ao longo do tempo. O que vemos é que a tendência de queda e estabilidade do preço das commodities pode ser alterado pelas velhas leis da oferta e da procura. Quero dizer que a balança comercial brasileira tem se mantido positiva por que a fome chinesa por matérias primas tem forçado o preço desses produtos para cima.
Mas, há uma pressão muito grande dos grupos empresariais capitaneados pela FIESP e pela CNI que alardeiam que a competição com a China é feita em termos desleais, principalmente por conta das taxas de câmbio chinesas que se encontram mais desvalorizadas que o mercado aponta que deveriam estar. Isso para não falar de dumping e pirataria.
O Brasil espera conseguir em Pequim acesso a mercado e captar os muito necessários investimentos em infra-estrutura por parte dos chineses. Não é esperado que se feche nessa viagem grandes e profundos acordos, mas nas duas vertentes acima vemos sinais claros e interessantes de que pode haver uma agenda cooperativa mais ampla. Falo é claro da autorização chinesa para que se importe do Brasil carne de porco e o anúncio de Huawei empresa de equipamentos de telecomunicação de que irá fazer investimentos no Brasil de USD 350 milhões.
A agenda da presidente inclui a reunião dos BRIC que marca a entrada da África do Sul nesse grupo informal que passa a se chamar de BRICS. O que é uma derrota da estratégia brasileira que pretendia manter dois grupos de emergentes distintos o IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e BRIC.
Agora resta esperar os resultados dessa viagem que devem começar a ser anunciados nos próximos dias. Antevejo que deva se dar uma grande atenção quanto a debates sobre Direitos Humanos eles estando ou não nas declarações e comunicados oficiais. E não vejo como sendo possível que se anunciem acordos econômicos de grande vulto e corrijam os desequilíbrios nessa relação. Podemos é claro ver declarações grandiosas, mas só mesmo o tempo nos mostrará se o que for por ventura anunciado será de fato levado a cabo.
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