Não é a primeira vez aqui que escrevo para criticar as relações do Brasil com a Líbia. O primeiro texto foi escrito quando o presidente Lula fez um apaixonado discurso contra o “golpe” em Honduras, justamente ao lado daquele que ele cumprimentou efusivamente, o ditador de mais de 30 anos a época, o “Açougueiro de Lockerbie”, o coronel Khadafi. A cena foi de um absurdo sem tamanho, chegou a ser constrangedor ver aquilo. Protestar contra um golpe ao lado de um ditador. Por sinal Lula chegou a dizer, em resposta a contradição de protestar contra um golpe ao lado de um autocrata que há mais de 3 décadas (sim mais tempo que o regime militar) em 30 de junho de 2009, ele responde o seguinte para caracteriza o Kahdafi: “Uma pessoa que alguns dizem ter problemas com a democracia”. Creio que o entre os “alguns” está à população líbia.
Tudo isso animado pela euforia da tal política sul-sul. E aqui cabe uma digressão, espantoso parar para realizar que a maioria dos expoentes do famoso terceiro-mundistas foram ditadores. Cabe aqui uma reflexão, não?
Retornando a euforia pela política sul-sul, seria Lula o presidente mercador que abre mercados para as nossas empresas, mas o que faltou refletir que mercados? A que custo? E para quem estariam esses mercados sendo abertos?
A resposta não poderia ser mais simbólicas três grandes empreiteiras e própria Petrobras são as empresas brasileiras que estão “na cama” com o regime. As três empreiteiras são a Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e a Odebrecht. Sim, são empresas de grande capacidade técnica e tocam projetos de grande porte por todo o mundo e por todo o Brasil. Essas empresas são um tributo para a engenharia nacional, mas também são conhecidas das páginas policiais e políticas. E essa relação próxima com o governo nunca é inocente ou republicana, ou pelo menos assim é noticiado, não tenho provas e não farei maiores ilações.
E quanto a Petrobras vale refletir também o governo e o partido do governo e sua base aliada usam nos períodos de eleição presidencial do mantra de que valorizam e protegem a Petrobras. Pergunto-me é dessa maneira que o fazem expondo a companhia ao risco de regimes autocráticos?
Eu sei bem que não se conduz relações exteriores apenas com países cujos regimes são abertos, tolerantes e democráticos. Mas, manter um relacionamento caloroso com um regime liderado por um homem que é um terrorista confesso? É um pouco demais. E fica ainda mais indefensável diante da retórica das cabeças dessa política externa, que sempre condenam as potências arrogantes do norte, os brancos de olhos azuis, diria o ex-presidente e se comporta exatamente igual a essas nações.
Espero para ver como esses senhores explicarem e mais justificarem esse relacionamento. E aí, Lula? E aí, Amorim? E aí, Samuel Pinheiro? E aí, Marco Aurélio Garcia? E aí, blogueiros “progressistas”?
E para não dizerem que sou ensimesmado no Brasil. E aí, Berlusconi? E aí, Obama? E aí, Tony Blair? E aí, Mandela? E aí, ONU? Não faltam amigos aos ditadores, nem me referi aqui aos outros ditadores como Fidel Castro, que já foi condecorado por Khadafi.
E aí, o que dizer do querido amigo Khadafi?
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PS: Uma ótima matéria no portal da rede Al Jazeera sobre isso, escrito pelo correspondente Gabriel Elizondo com o título: “Brazil's business in Libya”
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