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Uma segunda-feira conflituosa

Compromissos profissionais e os reparos em minha casa me impendem de encontrar o tempo necessário para escrever nesse blog. Mas, como escrever tornou-se um saudável hábito apresento aqui algumas notas sobre os acontecimentos do dia. Que foram marcados por sua natureza conflituosa.

Israel – Palestinos: O gigante de comunicações do Oriente Médio, a rede catariana Al Jazeera fez hoje revelações que causaram reações extremadas tanto por parte de Israelenses como de membros de grupos palestinos. E é um exemplo prático do que a literatura de negociações chama de ‘Back Channel Diplomacy’ a qual eu aborto aqui.

Essas revelações colocam a Autoridade Nacional Palestina em má situação diante da altamente tensa opinião pública palestina, inflamada por aqueles que acham que conseguirão alguma coisa sem negociar e sem ceder. Por muito tempo se tem chamado isso de “Risks for peace”. Esse é um assunto complicado em que as ideologias em muito tem contribuído para o não alcance da paz.

Todos os atores envoltos na região usam a questão palestina para concentrar o povo em inimigos comuns e como legitimação de suas agendas internas e isso como a história nos mostra só tem colocado os palestinos numa difícil situação. Chega a ser tautológico, mas para que um dia a região possa estar em paz e palestinos e israelenses vão ter que ceder e ceder em coisas dolorosas e difíceis. Mas, até que ponto os líderes estão dispostos a dar essa altamente desagradável mensagem a seus povos e grupos políticos? Ou continuarão a incitar a radicalização?

Rússia: A Federação Russa foi mais uma vez atingida por um ataque terrorista, o alvo foi o aeroporto de Domodedovo, em Moscou. E segundo a imprensa deixou 35 mortos, mas o número infelizmente pode ser maior. O presidente russo Dimitri Medvedev prometeu punição aos que perpetraram esse ato. O histórico russo nos mostra que a reação será sem dúvida tão brutal quanto o hediondo ato de destruição em Moscou.

Líbano: A situação política no Líbano é tensa e cheia de influência externas desestabilizadoras como a da Síria e do Irã. O sistema político local é bastante complexo e tem que acomodar interesses de cristãos (Católicos Maronitas, uma das Igrejas sui generes que compõe o corpo da Igreja Católica, significa que possuem um rito distinto do rito latino comum no Brasil e Europa, por exemplo.), mulçumanos xiitas e sunitas. O mais recente capítulo dessa crise política veio com a derrubada de Saad Hariri pela coalizão entre cristãos e o Hezbollah. Hoje foi divulgado que pode haver um tipo de governo de unidade com o bilionário Najib Mikati ocupando o cargo de primeiro ministro.

O quadro continua tenso e será interessante acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Bolívia – Chile: Numa esperada coincidência com o recrudescimento dos protestos na Bolívia o presidente Evo Morales evocou um ponto muito importante para os bolivianos que foi a perda para o Chile da saída para o mar durante a Guerra do Pacífico. O que levou o presidente Piñera a declarar: “O Atacama é e vai continuar sendo chileno, com soberania chilena, e isso nunca esteve, nem estará nas conversações com a Bolívia”.

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