As imagens do massivo protesto popular no Egito hoje estão a correr o mundo e são repetidas ad nauseam nas redes internacionais. As forças de segurança – sempre ativas – do Egito não foram capazes de dispersar o protesto, mesmo usando de táticas mais agressivas.
Há uma tendência de se correlacionar os protestos de hoje a deposição do ditador tunisiano Ben Ali. De fato muito dos fatores que incitam os protestos são os mesmos: revolta com a corrupção, mal-estar econômico, reformas políticas e em geral mais liberdade. Contudo, acho que não é ainda possível dizer que há uma revolução em andamento no Egito e por todo o Oriente Médio.
Muito destaque será dado ao uso das redes sociais na organização dos protestos de hoje e de fato essas redes eletrônicas foram importantes por conta do alcance da internet o que ajudou a catalisar o processo e muito interessante acompanhar os comentários e sobre tudo as imagens veiculadas pelo Twiiter, que ilustram esse post e pela natureza dessa rede social é impossível apontar com certeza os autores das imagens (esse site inclusive foi bloqueado no Egito). Ao que se soma a cobertura das redes como a catariana Al-Jazeera expondo casos de corrupção.
As principais demandas dos grupos em protesto são a demissão do ministro do interior, criação de um salário mínimo, combate a inflação, limite de dois mandatos para presidente e a revogação do estado de crise que permite um estado policial no Egito. Em resumo, os jovens egípcios querem trabalhar, querem um regime mais democrático e querem ser mais livres. Uma boa análise sobre esses motivos pode ser encontrada no blog do professor de ciência política e relações internacionais da George Washington University, Marc Lynch. (aqui)
Não imagino que tenhamos chegado a um estágio similar a ‘terceira-onda de democratização’, mas há algo nas ruas do Oriente Médio e possível ver sinais de revolta por toda região. É óbvio que os resultados e alcance dessa raiva e das demonstrações públicas em que são demonstradas dependerão profundamente da composição de forças políticas nos diversos estados.
Respondendo a questão título desse texto. É fácil ver que os acontecimentos da Tunísia animaram os oposicionistas por todo o Oriente Médio, mas ainda há muita incerteza para asseverar que há uma mudança a caminho mais difícil ainda é antever se isso levará a uma região mais estável e aberta ou permitirá que fundamentalistas assumam um papel ainda mais preponderante.
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