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O horror, o horror

Esse blog está de luto – como todo o Brasil – pelas vítimas das chuvas. As imagens que nos bombardeiam a todo o momento nos canais de noticia e nos noticiários são fortes e repletas de dor.

Não sei bem o que dizer, não consigo imaginar a dor de perder um ente querido numa tragédia. Mas, sei bem como é duro se recuperar emocionalmente de uma morte em tempos normais, angústia que deve ser ainda maior dado as circunstâncias.

É difícil articular as palavras para que tenham o tom correto nesse momento de dor, isso por que além do pesar sinto uma profunda raiva dos dirigentes e políticos que abstendo-se de seu dever permitiram (para evitar danos políticos) que pessoas habitassem em áreas de risco. E que não equiparam os órgãos capazes de prever e emitir algum tipo de alerta de enchente de material e pessoal necessário para que isso fosse possível. Se evitar a devastação é impossível diante da geologia e das incertezas do clima fica a sensação que era possível diminuir o número de mortos.

Não quero “fazer uso político da tragédia”, mas é em momentos extremos como esse que fica patente a falta de liderança. Verdade seja dita a presidente Dilma ao contrário de seu antecessor reagiu rápido e visitou as áreas afetadas, mas seu discurso a meu ver não foi capaz de tranqüilizar as vítimas, unir o país e inflamar a ajuda. Faltou algo de estadista, ainda que a ‘gerente’ tenha sido aparentemente ágil na liberação de recursos. O aparentemente é por conta do fato que comunidades afetadas pelas enchentes de 2009 em SC ainda não tenham recebido o que lhes foi prometido, a mesma coisa para as vítimas do ano passado.

A tragédia não se limitou ao Rio de Janeiro afetou outros estados do sudeste como São Paulo e meu estado adotivo Minas Gerais, ambos governados pelo principal partido de oposição o que mostra que a resposta ineficiente a tragédias não é exclusividade do partido governista. E não quero dizer aqui que os bravos soldados das polícias militares, do exercito e bombeiros, além dos homens da defesa civil, médicos e outros órgãos não sabem o que fazem, pelo contrário possuem capacidade e experiência técnica operacional e o tempo para deslocar recursos e de organização que pode em muito ser melhorado.

De todo modo nesse momento tocado pelo luto e pela raiva diante da perda de tantas vidas não é o melhor para analisar a questão com equilíbrio e isenção. Afinal é difícil ser isento diante da morte.

Uma coisa merece destaque que é a sempre ativa solidariedade brasileira e humana de modo geral. Não só a dos que distantes se comovem e doam dinheiro, bens e serviços, como a dos que mesmo enlutados e afetados se levantam para ajudar aqueles que precisam tanto quanto eles.

O portal G1 de propriedade das Organizações Globo fez uma compilação dos principais locais e organizações que estão coletando ajuda para os atingidos pelas chuvas que vale a pena ser consultado (aqui).

Aqui também coloco as contas da Defesa Civil do RJ, do Fundo de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro, da Igreja Católica (CNBB e Cáritas).

Defesa Civil – RJ

Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0199
Operação: 006
Conta: 2011-0

Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro

CNPJ 02932524/0001-46
Banco: Itaú
Agência: 5673
Conta: 00594-7

Campanha SOS Sudeste (CNBB e Cáritas Brasileira)

Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 1041
Operação: 003
Conta: 1490-8
ou
Banco: Banco do Brasil
Agência: 3475-4
Conta: 32.000-5

Acho importante que se busque saber do que as organizações que estão prestando ajuda precisam para que seja uma doação não só de coração, mas eficiente também. Contudo, não podemos esquecer-nos de na hora certa saber pesar a atuação das figuras públicas e levar isso em consideração na hora do voto.

Espero que Deus possa levar conforto para os que sofrem (não só aqui como em todo mundo, em especial na Austrália e no Sri Lanka) como já diz a Bíblia Sagrada: “Bem-aventurados os que choram, por que serão consolados” Mt 5, 4. Eu sei que muitos dos meus leitores têm crenças religiosas distintas das minhas, ou não as têm, contudo imagino que não se ofendam e sejam tolerantes com quem crê. 

Comentários

Anônimo disse…
Acho que temos que ficar de luto sim, mas não devemos parar com a luta. Temos que ter consciencia que parte dessa tragédia é culpa nossa, jogando lixo em local proibido e contruindo casas em qualquer lugar.

Ótimo post!
Meerstempel Badist
Felipe Matula disse…
A culpa não é a chuva, a culpa é em parte do governo que não dá educação para o povo entender que não pode morar em áreas de risco....é triste mto triste

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