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Ler, Refletir e Pensar (especial) – Um ano de uma agressão covarde a blogueira Yoani Sánchez

Normalmente eu publico apenas um texto sob essa chancela de Ler, Refletir e Pensar por sábado, contudo hoje uma série de mensagens no Twiiter, postadas pela corajosa blogueira cubana Yoani Sánchez fizeram-me abandonar por hora essa política de publicação. As mensagens relembram as agressões que esta blogueira recebeu há um ano. Que transcreverei abaixo.

Busquem pelo termo “agressão a Yoani Sánchez” e vocês terão uma amostra do tratamento que a ela é dispensado por aqueles que aqui se arrogam o monopólio da resistência da ditadura militar. A virulência dos ataques demonstra o tamanho que a mitologia da Revolução Cubana tem sobre certa parte de uma esquerda latina. Nunca haverá provas evidencias suficientes que demova a esses de suas ilusões irrealistas.

A propósito das dificuldades da vida nesse regime totalitarista escrevi certa feita (em um texto chamado “Sobre a liberdade”):

“Vocês já se imaginaram a viver em um mundo onde você é privado de expor suas opiniões, um mundo Orwelliano, em que seus vizinhos podem te delatar as autoridades pelo grave crime de pensar diferente do que o sistema prega. Esse sistema utópico se propõe a construir um novo homem, um experimento de engenharia social, que por definição é soturno e nefasto, por que pretende a bem de provar uma teoria que não encontra amparo na vida real, transformar a vida das pessoas para que caibam na teoria.

Há um atrativo nessas utopias que atiçam o desejo de igualdade entre os homens, se alimentam na alma de justiça social, mas que justiça é essa onde a mais básica das liberdades que é pensar é algo perigoso, que pode lhe custar a vida. Uma distopia que precisa de extrema vigilância para se sustentar, que precisa de aparatos de vigilância e de um inimigo para culpar por tudo de errado.

Um sistema onde a distensão é logo satanizada, tratada como vendida, como inimiga do povo, as vezes por cobrar algo tão nefasto quanto transparência no uso de recursos públicos. Uma ditadura vergonhosa que se esconde como se fora o paraíso da liberdade e da igualdade.”

Sem mais delongas transcrevo o texto da autora cubana, que será demonizado e ridicularizado por seus inimigos tenho certeza. É forte o atrativo do arrebatamento utópico.

Hoy hace un año en que @olpl @claudiacadelo y yo fuimos secuestrados por unos desconocidos.

Todavia tengo problemas en la cervical por aquella violencia, pero ya he perdonado a los atacantes.

Fue en un auto Geely, un auto sin ley donde me gritaban que me callara.

@olpl logro tener foto de uno de ellos, su rostro ya no esta en las sombras.

Despues de eso hemos visto a 2 de los secuestradores custodiando eventos culturales.

Responder al golpe con palabras, al dolor fisico con argumentos, eso es lo que he hecho

Ellos fueron las verdaderas victimas de aquel dia. Victimas de su propia intolerancia

No hay mejor terapia para superar aquella violencia fisica y verbal que seguir con la escritura de mi blog

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