Pular para o conteúdo principal

Uma mulher de coragem onde parece faltar ‘cojones’

A ameaça real do narcotráfico e o medo que ela gera criaram um quadro tal em uma pequena cidade mexicana, que o prefeito teve que nomear para chefiar a polícia Marisol Valles Garcia, uma estudante de 20 anos. Essa estudante de criminologia apresentou uma qualidade primordial para quem quer ser policial: Coragem. Pois ela foi a única a aceitar o emprego. Desde já peço desculpas pelo machismo aparente do título deste texto.

Há tempos venho escrevendo sobre o avanço do narcotráfico na América Central e na América do Norte, principalmente no México, a situação da segurança pública tornou-se tão grave nesse país que ameaça a estabilidade e segurança nacional, seja pelo avanço da corrupção alimentada pelo dinheiro sujo dos viciados, seja pela infiltração da política por narcotraficantes, seja pela força das armas onde existe a bizarra possibilidade do Estado ser derrotado pelo narcotráfico.

É claro que tudo isso é conhecido e nos textos relacionados que surgiram ao fim deste texto você terá maiores análises sobre esse verdadeiro perigo difuso que são as drogas, que contam até com forças especiais (a quadrilha los zetas). A novidade é o inusitado de numa cultura machista como é a latina, uma mulher, uma jovem, ser o exemplo de coragem.

Abaixo reproduzo matéria da CNN sobre o assunto. Contudo, antes disso gostaria de deixar registrado que considero essa mulher de coragem um exemplo e desejo a ela sorte nesse trabalho e que viva. Temo, contudo que o machismo se junte ao narcotráfico no rol de sérias ameaças a vida dessa jovem. (link para o original)

20-year-old woman becomes top cop in violent Mexican municipality
By Arthur Brice, CNN
October 20, 2010 -- Updated 1752 GMT (0152 HKT)

(CNN) -- Some headlines are hailing her as the bravest woman in Mexico. Marisol Valles Garcia, all of 20 years old, says she's just tired of everyone being afraid.

Valles Garcia, a criminology student, became the police chief this week of Praxedis G. Guerrero, one of the most violent municipalities in the border state of Chihuahua. She was the only person who accepted the top job in a police force whose officers have been abducted and even killed.

"Yes, there is fear," Valles Garcia said Wednesday in an interview with CNN en Español. "It's like all human beings. There will always be fear, but what we want to achieve in our municipality is tranquility and security."

There's good reason for the fear. Just this past weekend, a 59-year-old local mayor, Rito Grado Serrano, and his 37-year-old son, Rogoberto Grado Villa, were killed in a house in which they they were hiding in nearby Ciudad Juarez. Another area mayor was killed in June.

Juarez is the bloodiest city in Mexico, with a reported 2,500 people killed in drug violence this year. Praxedis G. Guerrero is located about 35 miles southeast of Ciudad Juarez. Both are in the state of Chihuahua, which borders Texas.

Nationwide, the federal government says, more than 28,000 people have lost their lives since Mexican President Felipe Calderon declared war on the drug cartels after taking office in December 2006.

Valles Garcia sees a non-violent role for her 13-member force, which will be mostly female and unarmed.

"The weapons we have are principles and values, which are the best weapons for prevention," she told CNN en Español. "Our work will be pure prevention. We are not going to be doing anything else other than prevention."

Valles Garcia said she aims to establish programs in neighborhoods and schools, to win back security in public spaces and to foster greater cooperation among neighbors so they can form watch committees.

She has recruited three other women to join the force in the small municipality of 8,500 people, the government-run Notimex news agency said this week.

Valles Garcia said Wednesday she gladly accepted when Mayor Jose Luis Guerrero offered her the job. The first couple of days have gone smoothly, she said.

"Truthfully, we have been very tranquil," she said. "The people have received us very well. They have even supported us. They say it's a great project and they will be with us 100 percent."

Still, the notion of a largely female police force being helmed by a woman -- and a young one at that -- does not seem to sit well with some people in a country that still retains vestiges of machismo.

"Are there no men in Chihuahua?" read a headline on a blog on the Periodista Digital website.

But Valles Garcia believes what the job may need is a woman's touch. "We are simply going to talk with them, with the people, with the families, giving them confidence so they will quit being afraid, so they can leave their houses," she told CNN en Español.

"We have hope that we are going to exchange fear for tranquility and security."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crise no Equador

Sob forte protesto das forças policiais e parte dos militares, que impedem o funcionamento do aeroporto internacional de Quito. Presidente Correa cogita usar dispositivo constitucional que prevê dissolução do Congresso e eleições gerais. Mais uma grave crise política na América do Sul. Numa dessas coincidências típicas de se analisar as coisas internacionais discutia semana passada numa excelente postagem de Luís Felipe Kitamura no laureado blog Página Internacional a situação equatoriana. A postagem tinha como título Equador: a instabilidade política e suas lições . Na qual o colega discorria sobre o péssimo histórico de conturbação política do país andino e sobre como o governo Correa parecia romper com isso usando a receita da esquerda latina de certo pragmatismo econômico e políticas distributivas. Mas, justamente a instabilidade política que parecia a caminho da extinção volta com toda força em um episódio potencialmente perigoso, que contundo ainda é cedo para tecer uma análise

Meus leitores fiéis, pacientes e por vezes benevolentes e caridosos

Detesto falar da minha vida pessoal, ainda mais na exposição quase obscena que é a internet, mas creio que vocês merecem uma explicação sobre a falta de manutenção e atualização desse site, morar no interior tem vantagens e desvantagens, e nesse período as desvantagens têm prevalecido, seja na dificuldade na prestação de serviços básicos para esse mundo atual que é uma boa infra-estrutura de internet (que por sinal é frágil em todo o país) e serviço de suporte ao cliente (que também é estupidamente oferecido pelas empresas brasileiras), dificuldades do sub-desenvolvimento diria o menos politicamente correto entre nós. São nessas horas que vemos, sentimos e vivenciamos toda a fragilidade de uma sociedade na qual a inovação e a educação não são valores difundidos. Já não bastasse dificuldades crônicas de acesso à internet, ainda fritei um ‘pen drive’ antes de poder fazer o back up e perdi muitos textos, que já havia preparado para esse blog, incluso os textos que enviaria para o portal M

Extremismo ou ainda sobre a Noruega. Uma reflexão exploratória

O lugar comum seria começar esse texto conceituando extremismo como doutrina política que preconiza ações radicais e revolucionárias como meio de mudança política, em especial com o uso da violência. Mas, a essa altura até o mais alheio leitor sabe bem o que é o extremismo em todas as suas encarnações seja na direita tresloucada e racista como os neonazistas, seja na esquerda radical dos guerrilheiros da FARC e revolucionários comunistas, seja a de caráter religioso dos grupos mulçumanos, dos cristãos, em geral milenaristas, que assassinam médicos abortistas. Em resumo, todos esses que odeiam a liberdade individual e a democracia. Todos esses radicais extremistas tem algo em comum. Todos eles estão absolutamente convencidos que suas culturas, sociedades estão sob cerco do outro, um cerco insidioso e conspiratório e que a única maneira de se resgatarem dessa conspiração contra eles é buscar a pureza (racial, religiosa, ideológica e por ai vai) e agir com firmeza contra o inimigo. Ness