Causou comoção na população argentina e manifestação de pesar dos líderes regionais a noticia do falecimento do ex-presidente da República Argentina Nestor Kirchner, que atualmente era Secretário-Geral da UNASUL, deputado federal e Primeiro-Cavalheiro (já que sua esposa o sucedeu a frente da Casa Rosada).
Os analistas apontam que seu súbito falecimento além do drama humano para seus entes queridos e apoiadores deixou um considerável vácuo de poder dentro do sempre fragmentado peronismo. Surgem justificadas incertezas sobre a capacidade e disposição de sua esposa e atual presidente Cristina Fernandéz de Kirchner em lidar com a aguda luta de poder que se aproxima dentro do Partido Justicialista (peronista).
Como bem apontou Dr. Mauricio Santoro em seu blog ‘Todos os fogos do mundo’:
“A morte inesperada de Néstor Kirchner não é simplesmente o falecimento de um ex-presidente, mas também a criação de um súbito vazio de poder na Argentina, com repercussões para as relações da presidente Cristina com o peronismo, com líderes sindicais importantes, como Hugo Moyano, e com seu vice-presidente oposicionista, Julio Cobos. A um ano das eleições presidenciais, o vácuo provavelmente resultará no benefício de Francisco de Narváez e de seus peronistas dissidentes. Aberta a temporada de caça pelo controle das diversas facções do partido.”
A comoção que vimos hoje em seu velório em Buenos Aires contrasta com a baixa popularidade do governo de sua esposa que tinha em Néstor seu principal articulador político. Principalmente em suas batalhas com os meios de comunicação e com os setores ligados a exportação agrícola, muito influentes e poderosos na vida daquele país. Nas últimas semanas o ex-presidente enfrentava críticas por conta de ter sido o deputado com pior assiduidade do Congresso da nação platina.
O ex-presidente já havia sido internado em duas ocasiões este ano a primeira em fevereiro quando retirou uma placa ulcerada de sua artéria carótida e depois em setembro quando se submeteu a uma angioplastia para desobstruir uma artéria coronária. Por sinal desde 2004 que ele vinha sendo constantemente submetido a procedimentos médicos.
Néstor Kichner nasceu em Río Gallegos na região da patagônia, no ano de 1950, e se inseriu na vida política se opondo ao regime militar totalitarista que governava seu país onde galgou posições públicas e influência e poder no âmbito do Partido Justicialista. Foi governador da província de Santa Cruz, onde fez oposição a Menem (quem ele venceria mais tarde na disputa presidencial) depois da grave crise argentina que fragmentou o tecido social argentino emergiu como figura forte e acabou eleito presidente. Deixou o governo em 2007 e conseguiu eleger sua esposa como sucessora.
Uma curiosa reação a morte de Kirchner foi a do mercado financeiro que como nos mostra uma reportagem da Folha de São Paulo:
Os valores das ações e dos principais títulos do governo argentino subiram após o anúncio da morte do ex-presidente Néstor Kirchner. Suas possíveis pretensões de concorrer às eleições presidenciais em 2011 eram consideradas um dado negativo pelo mercado financeiro. O ex-presidente era famoso por entrar em confronto com mercados e investidores. Analistas financeiros avaliam que, com sua morte, a Argentina passou a significar menos risco político. A Bolsa de Valores de Buenos Aires não funcionou ontem por causa de um feriado na Argentina. Mas os investidores começaram a comprar ativos atrelados à dívida argentina e ações do país que eram negociados no mercado financeiro internacional logo após o anúncio da morte.
E não foram só os título da dívida pública da Argentina que se valorizam como aponta reportagem do Portal da Imprensa: “as ações do Grupo Clarín subiram 40,85% na Bolsa de Valores de Buenos Aires nesta quinta-feira”.
Embora eu não esteja no grupo dos que consideravam sua gestão a frente da UNASUL vital e nem teça elogios a suas políticas, por sinal as constantes brigas com os grupos de imprensa demonstravam tendências não saudáveis para a democracia argentina tenho que deixar aqui de público meus sentimentos aos familiares de Néstor Kichner que tinha apenas 60 anos. Sua morte marca de maneira triste o ano que se celebra os 200 anos da Argentina.
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