Minha internet continua intermitente e não consigo postar meus textos. Começo a escrever este texto as 19h43 (Horário de Brasília).
A eleição federal parece decidida e a candidata oficialista será a nova mandatária do Brasil. Dilma Rousseff é a primeira mulher presidente do Brasil, apesar de que este fato não tenha sido relevante na campanha, é provável que a máquina de mitificação use essa condição para tentar repetir o bem sucedido processo que tornou Lula em um ser supostamente acima do bem o do mal.
Não sei, realmente não sei quais serão as diretrizes gerais do novo governo. Muito se falou em continuidade, mas não sou inocente ao ponto de acreditar que Dilma seja uma marionete a esse ponto. Ou seja, ela não me parece ser uma mulher que aceite ser apenas uma conservadora.
Dilma tem um desafio enorme em frente a ela que é formar uma equipe de governo que agrade sua ampla aliança. Talvez por isso ela não tenha dado maiores sinais do que pretende fazer.
Os militantes, os engajados e muitos analistas tendem a olhar os candidatos do ponto de visto ideológico, mas governar é ambiente para pragmatismo. Quem governa, por exemplo, tem a obrigação de lidar com orçamentos e com isso os limites da retórica do estado fomentador e estado indutor.
O cenário econômico não é tão auspicioso como muitos julgam e os limites da capacidade implantada começam a se mostrar, daí mesmo a armadilha do câmbio que não é facilmente equacionada, por que nessa relação entra taxa de juros (Selic), gasto público e o crescente déficit público, que como muitos denunciam estão a ser maquiados nas contas públicas.
Enfim muita tinta será gasta com a análise dos desafios que hoje estão escondidos com o mito Lula. A última esperança que me resta nesse processo político é que a vitória da candidata oficialista cesse a propagação da tese idiota que estabelece a imprensa como golpista. E que por isso mesmo, caminham por rotas que flertam com a censura pura e simples disfarçada por nomes bonitos como ‘controle social’.
A vitória da Dilma foi importante, mas não foi acachapante como o governo queria o número de eleitores da oposição subiu (com uma queda de cerca de 10 milhões de eleitores se comparada a vitória de Lula sobre Alckmim) e o principal partido de oposição o PSDB obteve vitórias em estados importantes, como MG e SP.
O PSDB e DEM pagaram o preço por 8 anos de uma oposição tacanha e tímida que permitiu e consentiu de algum modo com a fabricação do ‘nunca antes da história desse país’. Permitiram-se ser pautados pelo PT. Não cumpriram o seu papel democrático de fazer oposição, ou seja, de representar os eleitores apesar de minoritários (e não tão minoritários assim).
Será preciso observar os desenvolvimentos dos acontecimentos e saber quem serão os nomes que conduzirão a política externa que terá necessariamente que ser reavaliada já que boa parte da atuação internacional do Brasil foi personalista e discursiva, com alinhamentos duvidosos e o total menosprezo de valores nacionais como o respeito aos direitos humanos. E nesse particular o nome de quem assumirá o ministro da defesa.
A meu ver, contudo, o maior desafio da Dilma será lidar com Lula e o papel que este líder notadamente vaidoso terá fora do Planalto. É razoável crer que ele reterá boa parte de sua popularidade, mas não terá mais o poder, não terá mais a caneta e isso o afastará do centro de decisão.
Pretendo ainda tecer algumas análises sobre a campanha em si, contudo devo admitir que foi uma campanha muito fraca em conteúdo e é flagrante a incompetência abismal dos coordenadores da campanha do PSDB.
A vitória de Dilma tem um aspecto bastante positivo para esse blog, por que julgo que serão animados os próximos anos e muito terá que ser debatido aqui.
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