O governo do país andino decreta estado de emergência por conta da crise desencadeada pela “Ley de Servicio Civil y Carrera Administrativa” repercute no cenário internacional e nos meios de comunicação, como não poderia deixar de ser. Governos enviam suas manifestações de solidariedade e apoio ao governo Correa, que segundo seus ministros estaria sofrendo de uma campanha de “desestabilização”. O governo brasileiro se junta a OEA e UNASUL na condenação aos protestos.
Devo admitir que eu estranhava a ausência de declarações conspiratórias amplas como as que começam a chegar de que tudo seria uma operação de setores da “direita”, esse tipo de frase se coaduna com a advertência que fiz no post anterior sobre esse assunto. E fica uma nova advertência de que se avalie com muito cuidado as comparações que surgirão com a situação de Honduras.
O que se pode dizer com segurança é que a crise tomou vulto tal que foi declarado “Estado de Emergência” o que implica na transferência de todo o aparato de segurança pública e nacional para as Forças Armadas equatorianas.
O presidente do Peru Alan García fechou as fronteiras com o Equador e declarou que a situação seria uma intervenção de “gorilas” e propôs uma reunião de emergência da UNASUL. Segundo a Folha de São Paulo o governo brasileiro quer “resposta firme e coordenada” do Mercosul, Unasul e OEA.
Resta patente que os protestos de policiais que chegaram a atacar Correa com bombas de gás lacrimogêneo e cercam o hospital onde ele recebe tratamento (por conta do gás e de um problema derivado dos esforços de seus seguranças em seu joelho recém operado) é inadmissível, mas ainda não vejo uma agenda clara de poder que justifique as declarações de golpe. Inadmissível e muito mais grave é a participação de elementos das Forças Armadas nesses protestos como o grupo da Força Aérea que tomou o aeroporto de Quito.
As forças políticas, como esperado, movimentam-se para galvanizar apoios que vão além da essência da crise em si. É fato que a “insurreição” desses policiais é fato grave o suficiente para justificar a comoção internacional é fato também que os planos de dissolução (legal) do Congresso foram tornados públicos horas antes do início dos protestos, portanto, pode sim existir motivação política o que não é o mesmo que dizer que há conspiração da “direita”.
Nesse sentido reitero que ainda faltam elementos para construir uma análise completa da situação o que temos por hora é o retrato de uma situação delicada e perigosa e que pelo desenvolvimento dos acontecimentos deixará vítimas fatais. Seria interessante o governo reagir com firmeza, mas com uma linguagem menos inflamada. Não é hora de fazer política com “aquilo roxo”.
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