Pular para o conteúdo principal

Bibliografia Básica de Relações Internacionais – Domingo de leitores

Essa semana recebi uma solicitação muito simpática, que já havia recebido antes, mas desta feita decidi dar uma reposta. Transcrevo o e-mail da forma que me chegou:

Recentemente fui direcionado para o seu blog e gostei bastante dos posts que li. Não atuo na área de Relações Internacionais, no entanto, sou bastante interessado no assunto. Por isso, gostaria de sua ajuda para saber a biliografia "obrigatória" para quem pretende fazer uma graduação. Não tenho possibilidade de estudar R.I em uma faculdade, mas tenho interesse em estudar por minha conta. Se puderes me ajudar ficarei muito grato.

Bom, como guia para responder isso de maneira mais neutra possível, isto é, não citando apenas livros que me influenciaram, busquei os velhos programas de aula dos tempos de universidade (fiz uma subseqüente pesquisa para ver se a lista estava deverás desatualizada, o que não estava).

Muitos desses livros serão difíceis de encontrar fora das bibliotecas mais bem equipadas, (uma trágica raridade no Brasil) outros volumes, contudo são de fácil acesso para serem comprados e alguns têm download gratuito – e legal – no site da FUNAG. 

A lista não é exaustiva e faltam principalmente títulos de história das relações internacionais, direito e economia, que julguei não serem o cerne do pedido e em outras oportunidades farei essas listagens. Por sinal deixo o convite a meus leitores para complementar esta lista, além de título acerca dos temas acima descritos.

Deixo também o conselho para que se busque por artigos acadêmicos que complementem esses livros. A lista não apresenta nenhuma ordem específica.

Bibliografia Básica de Relações Internacionais (uma lista introdutória).

ALMEIDA, Paulo Roberto. Relações Internacionais e Política Externa do Brasil. 2a. ed. Porto Alegre: EDUFRGS, 2004.

ARRUDA JR, Edmundo Lima de; RAMOS, Alexandre Luiz. Globalização, Neoliberalismo e o Mundo do Trabalho. Curitiba: EDIBEJ, 1998.

BARRAL, Welber. (org.) O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

BERNAL-MEZA, Raúl. A Política exterior do Brasil (1990-2002). In: Revista Brasileira de Política Internacional. Brasília: v. 45, n. 1, julho 2002.

BOUZAS, Roberto. Quais são os novos mercados das exportações brasileiras? In: Revista Brasileira de Comércio Exterior. n. 71. Rio de Janeiro: FUNCEX.

CERVO, Amado Luis. Relações Internacionais do Brasil: um balanço da Era Cardoso. In: Revista Brasileira de Política Internacional. Brasília: v. 45, n. 1, julho 2002.

DEUTSCH, Karl. Análise das Relações Internacionais. Pensamento Político. V. 1. Brasília: Editora da UnB, 1978.

OLIVEIRA, Odete Maria de. Relações Internacionais: Estudos de Introdução. Curitiba: Juruá, 2002.

RODRIGUES, Gilberto Marcos Antônio. O que são relações internacionais. São Paulo: Brasiliense, 1994.

_________. O Brasil e o multilateralismo econômico. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.

VAZ, Alcides Costa. Mercosul aos dez anos: Crise de crescimento ou perda de identidade? In: Revista Brasileira de Política Internacional. Brasília: v. 44, n. 1, julho 2001.

VIZENTINI, Paulo G. F. Relações Internacionais do Brasil: de Vargas a Lula. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.

ARON, Raymond. Que é uma Teoria das Relações Internacionais? Brasília: Editora da UNB, 1985.

ARON, Raymond. Paz e guerra entre as nações. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2003.

CARR, Edward Hallet. Vinte Anos de Crise: 1919-1939. Uma Introdução ao Estudo das Relações Internacionais. Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.

DEUTSCH, Karl. Análise das relações internacionais. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2002.

FUKUYAMA, Francis. Construção de Estados. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

LARRANAJA, Felix Alfredo. Introdução às Relações Internacionais. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

MORGENTHAU, Hans J. A Política entre as Nações. Brasília, São Paulo: IPRI, UNB,
Imprensa Oficial, 2003.

RODRIGUES, Gilberto A. M. O Que São Relações Internacionais? São Paulo: Brasiliense, 1994.

SARAIVA, José Flávio Sombra. História das Relações Internacionais: o objeto de estudo e a evolução do conhecimento. Brasília: IBRI, 2001.

SARAIVA, José Flávio S. (org.). Relações internacionais contemporâneas. Da construção do mundo liberal à globalização. Brasília: Editora da UnB, 2002.

ANGELL, N. A Grande Ilusão. Coleção Clássicos IPRI. Editora UnB, Imprensa Oficial do Estado, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. Brasília, 2002.

ARENAL, C. Introducción a las Relaciones Internacionales. Tecnos, Madrid, 1990.

BULL, H. A Sociedade Anárquica. Coleção Clássicos IPRI. Editora UnB, Imprensa Oficial do Estado, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. Brasília, 2002.

DUROSELLE, J.B. A Europa de 1815 aos Nossos Dias. Liv. Pioneira, S.Paulo, 1985.

HOBBES, T. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Abril, Cultural, S. Paulo, 1983.

KENNEDY, P. The Rise and Fall of the Great Powers. Fontana Press, London, 1989.

KISSINGER, H. A. O Mundo Restaurado. Liv. José Olympio , Rio de Janeiro, 1973.

LANGHORNE, R. The Collapse of the Concert of Europe. Macmillan, London, 1981.

MERLE, M. Sociologia das Relações Internacionais. Editora UnB, 1981.

NERÉ, J. História Contemporânea. Difusão Editorial, S. Paulo, 1981.

NORTHEDGE, F.S. The International Political System. Faber & Faber, London, 1976.

GONÇALVES, Williams. O Campo Teórico das Relações Internacionais. In: Estratégias de Negociações Internacionais. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2001.

HALLIDAY, Fred. Repensando as Relações Internacionais. Porto Alegre: Editora UFRGS, 1999.

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: Editora UNB, 2001

PLATÃO. A República. Belém: EDUFPA, 200.

ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Editora Nova Cultural.

AQUINO, São Tomás. Summa Theologiae

GROCIO, Hugo. Do Direito da Guerra e da Paz. Ijuí: Editora Unijuí, 2004 (pp. 33-65, 99-114).

MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Editora Cultrix, s.d.

KANT, Emmanuel. A Paz Perpétua: Um Projeto Filosófico. In: GUINSBURG, J. (org.) A Paz Perpétua. Um Projeto para hoje. São Paulo: Perspectiva, 2004.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Estado de Guerra Nascido do Estado Social; Extrato e Julgamento do Projeto de Paz Perpétua de Abbé de Saint-Pierre”. In:Rousseau e as Relações Internacionais. São Paulo: Ed.UNB, Funag, Imprensa Oficial, 2003.

URKE, Edmund. Letters on a Regicide Peace. In: BROWN, Chris; NARDIN, Terry; RENNGER, Nicholas. International Relations in Political Thought. Cambridge University Press, 2002 (pp. 231-241).

MILL, John Stuart. From a Few Words on Non-Intervention. In: BROWN,

Chris; NARDIN, Terry; RENNGER, Nicholas. International Relations in Political Thought. Cambridge University Press, 2002 (pp. 486-493).

HEGEL, Georg W. F. Princípios da Filosofia do Direito. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003 (Itens 321 a 360).

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista. Edições Progresso, 1987.

WIGHT, Martin. International Theory-The Three Traditions. Leicester: Leicester University Press, 1991.

BOUCHER, David. Political Theories of International Relations. Oxford: Oxford University Press, 1998.

CLARK, Ian. Classical Theories of International. London: Macmillan Press, 1999.

Comentários

Carol disse…
Hoje me deparei com um site que dizia que RI é o segundo curso mais concorrido da UFF!! Juro que to bastante frustrada com essa falta de mercado, pelo menos em Vitória... mas vejo os outros Estados e a grande maioria de vegas fica pro coomércio exterior!! É ou nao desesperador?? Me arruma um emprego, Mário!! =PP

Desculpa o desabafo, acho que to stressada hoje...

Abraços!
Mário Machado disse…
É um sentimento perfeitamente comum e natural diante do que é um mercado dificílimo, metade da minha turma, decorridos tantos anos de nossa formatura nunca conseguiu uma vaga na area. O pior é que a metade que conseguiu é muito realizada com a escolha.

Por isso mesmo sempre coloco essas dificuldades em minhas respostas aqui, mesmo por vezes sendo acusado de querer destruir os sonhos alheios (SIC) ou ser frustrado (super SIC). Sou daqueles que crê que quem avisa amigo é.

Quanto as oportunidades de emprego, posso repassar as que me chegam e avisar se souber de alguém contratando.

Abs,
Anônimo disse…
Não em que ano vc se formou em RI, mas pelo menos eu agora no inicio do curso no 1ºsemestre de 2012, li vários dos livros citados, e é uma vergonha a falta de livros em bibliotecas sobre RI, dificil pra quem não tem condições de arcar com os altos valores dos livros.

Postagens mais visitadas deste blog

Crise no Equador

Sob forte protesto das forças policiais e parte dos militares, que impedem o funcionamento do aeroporto internacional de Quito. Presidente Correa cogita usar dispositivo constitucional que prevê dissolução do Congresso e eleições gerais. Mais uma grave crise política na América do Sul. Numa dessas coincidências típicas de se analisar as coisas internacionais discutia semana passada numa excelente postagem de Luís Felipe Kitamura no laureado blog Página Internacional a situação equatoriana. A postagem tinha como título Equador: a instabilidade política e suas lições . Na qual o colega discorria sobre o péssimo histórico de conturbação política do país andino e sobre como o governo Correa parecia romper com isso usando a receita da esquerda latina de certo pragmatismo econômico e políticas distributivas. Mas, justamente a instabilidade política que parecia a caminho da extinção volta com toda força em um episódio potencialmente perigoso, que contundo ainda é cedo para tecer uma análise

Meus leitores fiéis, pacientes e por vezes benevolentes e caridosos

Detesto falar da minha vida pessoal, ainda mais na exposição quase obscena que é a internet, mas creio que vocês merecem uma explicação sobre a falta de manutenção e atualização desse site, morar no interior tem vantagens e desvantagens, e nesse período as desvantagens têm prevalecido, seja na dificuldade na prestação de serviços básicos para esse mundo atual que é uma boa infra-estrutura de internet (que por sinal é frágil em todo o país) e serviço de suporte ao cliente (que também é estupidamente oferecido pelas empresas brasileiras), dificuldades do sub-desenvolvimento diria o menos politicamente correto entre nós. São nessas horas que vemos, sentimos e vivenciamos toda a fragilidade de uma sociedade na qual a inovação e a educação não são valores difundidos. Já não bastasse dificuldades crônicas de acesso à internet, ainda fritei um ‘pen drive’ antes de poder fazer o back up e perdi muitos textos, que já havia preparado para esse blog, incluso os textos que enviaria para o portal M

Extremismo ou ainda sobre a Noruega. Uma reflexão exploratória

O lugar comum seria começar esse texto conceituando extremismo como doutrina política que preconiza ações radicais e revolucionárias como meio de mudança política, em especial com o uso da violência. Mas, a essa altura até o mais alheio leitor sabe bem o que é o extremismo em todas as suas encarnações seja na direita tresloucada e racista como os neonazistas, seja na esquerda radical dos guerrilheiros da FARC e revolucionários comunistas, seja a de caráter religioso dos grupos mulçumanos, dos cristãos, em geral milenaristas, que assassinam médicos abortistas. Em resumo, todos esses que odeiam a liberdade individual e a democracia. Todos esses radicais extremistas tem algo em comum. Todos eles estão absolutamente convencidos que suas culturas, sociedades estão sob cerco do outro, um cerco insidioso e conspiratório e que a única maneira de se resgatarem dessa conspiração contra eles é buscar a pureza (racial, religiosa, ideológica e por ai vai) e agir com firmeza contra o inimigo. Ness