Enquanto começo a esboçar essas linhas assisto na ‘BBC international’ uma dolorosa chamada de todos os nomes dos que tiveram sua vida ceifada naquela manhã em Nova Iorque. É preciso ser muito desapegado de sua própria humanidade para não se emocionar. Não sou psicólogo e não sei explicar os mecanismos do luto, mas vejo minhas próprias perdas nos olhos tristes daqueles que perderam seus entes queridos.
Esse ato ousado de terrorismo fez nascer e deu contornos ao sistema internacional nesse século XXI. Desde o fim da guerra-fria com a implosão do sistema de produção comunistas no leste europeu os assuntos de defesa estavam em segundo plano, mesmo com os dramáticos eventos nos Bálcãs e as constantes escaramuças e violações de Direitos Humanos na África, restava a noção de que uma nova ordem internacional emergia e se pensava que as fontes de conflito seriam os separatismos de matriz étnica.
Contudo, novamente os conflitos internacionais se deram por contas das ideologias que compõem as visões de mundo de grupos diferentes e antagônicos em competição por recursos, corações e mentes. Ou seja, de forma dramática veio a público o que sempre se soube das relações internacionais, elas são regidas pelo poder.
Há vários discursos justificadores que pautam a busca de poder e influência de indivíduos e de grupos que comportam o uso sistemático da violência um dos mais eficazes é tentar transcender essa disputa por poder e o uso dessa violência como uma forma de defesa da cultura e dos valores de uma civilização. Os grupos radicais islâmicos em certa medida usam do discurso da vitimização e da defesa dos valores tradicionais de sua civilização. O comportamento também se dá pelo lado das potências ocidentais.
Claro, nem tudo é racionalidade nessa questão ainda mais por que os discursos justificadores penetram na cultura e tomam mentes radicalizam os indivíduos, que limitam o entendimento do mundo as chaves oferecidas pelas ideologias que por vezes nem percebem que seguem. Isso resulta em preconceito que nos dias atuais é alimentado pela mídia. Mas, isso já um discussão para outro momento, por que francamente necessita de fontes para que seja profunda.
Já se passaram 9 anos dos ataques terroristas de 11 de setembro e a Al Qaeda continua capaz de operar, contudo que ganhos estratégicos ela vem alcançando? Nenhum de seus objetivos foi alcançado e mais continuam a matar muito mais mulçumanos que seus inimigos declarados. Sua estratégia terrorista é incapaz de alcançar ganhos políticos que avancem suas causas. O fato é que o terrorismo se mostra tão ineficaz em conquistar seus objetivos estratégicos quanto a ‘guerra ao terror’ em vencê-lo. Contudo , apenas os estados constituídos são pressionados a mudar de estratégia no enfrentamento por que são suscetíveis a distintas correntes de opinião. Ao contrário do núcleo francamente fanático desses grupos fechados que apresentam uma inércia enorme.
Mas, mesmo sabendo que é assim que o mundo é e que não obstante quantas teorias existam por ai afirmando que outro mundo é possível ele será por muito tempo assim, baseado em poder, é impossível não esquecer que no fim das contas estamos a falar de vidas humanas. E o valor intrínseco de cada vida humana é infinito. E por isso é impossível não se entristecer com a massiva perda de vida. Por isso mesmo sou partidário da contenção do terrorismo, o que inclui combate aos terroristas em todas as frentes possíveis e o aumento de medidas de segurança, por que sendo honesto é muito melhor ficar na fila de um aeroporto do que morrer em um atentado.
Nem todo atentado tem a divulgação que tiveram os de 11 de setembro de 2001, afinal esse se deram numa das mais famosas cidades do mundo que abriga não só a ONU, como imigrantes de virtualmente todos os países do mundo, ou seja, é em si só um microcosmo do planeta e um lugar familiar até para quem nunca lá esteve.
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