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Restraint a palavra do dia

Restraint é uma palavra da língua inglesa que significa: “contenção, moderação, comedimento” e é a palavra que mais se repetiu hoje nos noticiários e nas notas oficiais dado os acontecimentos do dia.

Moderação é o que falta entre os radicais islamistas que estimulam e aproveitam da violência sectária e política para sua causa, como nos mostram dramaticamente os 43 mortos (até agora) em Islamabad, Paquistão. Falta moderação, também, aos políticos conservadores dos EUA e aos que pretendem construir uma mesquita em Nova York, próxima ao Ground Zero. É necessária aos pescadores brasileiros e consumidores asiáticos de sopa de barbatana de tubarão.

Contenção é o que é preciso na península coreana, em tensão perpétua por conta da suspensa guerra fratricida coreana que opõem comunistas e capitalistas. E está especialmente tensa desde o ataque e afundamento de navio do Sul pelo Norte. Que ensejou os exercícios conjuntos de EUA e Coréia do Sul. Manobras militares que enfureceram a cúpula do regime comunista que chegou a ponto de dizer que vislumbrava uma “guerra santa” (guerra santa comunista – ULTRA SIC) contra os EUA. O anúncio de exercícios militares, por parte do sul, com munição real na proximidade de zona disputada entre os dois Estados, no Mar Amarelo, aumenta a nefasta possibilidade de um confronto ser deflagrado. Contenção é algo necessário para que nenhum dos lados se exceda e que faria cessar ou diminuir as bravatas dos dois governos, em especial do norte, já que regimes totalitários têm um espaço maior para agir sem controle social. 

Comedimento é algo indispensável para o Oriente Médio, isso é fato, que fica ainda mais patente diante da escaramuça tola e altamente perigosa que foi deflagrada hoje na fronteira entre Israel e Líbano. Ainda mais agora que negociações diretas parecem estar novamente em voga por isso mesmo vemos que potências regionais clamam para que o comedimento impere nas próximas horas, por sinal desde sexta-feira o rei Abdullah, da Arábia Saudita, e o presidente da Síria, Bashar al Assad já pediam para que o Líbano mantivesse a calma. Agora esse apelo pela calma é válido para israelenses e libaneses ainda mais por que vários grupos internos e transnacionais irão se movimentar para acirrar os ânimos por que inegavelmente essa tensão serve politicamente a várias agendas e vários grupos.

Depois desse giro pelo mundo fica claro que empreender análises internacionais requer informações e muita leitura e mais muito discernimento para filtrar e classificar relatos midiáticos, mas algo podemos dizer com segurança, é melhor que todos os atores envoltos nesses fatos enumerados acima exercitem o seu restraint, para o bem das populações envoltas e da humanidade como um todo.

Comentários

Unknown disse…
legal saber dessas coisas,
bem interessante
não tenho muito como oq argumenta sobre isso
rs

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