Essa semana recebi duas perguntas por meios distintos, uma chegou por Twiiter e a outra pelo tradicional e-mail. As duas são variantes do tema mais comum aqui que é a busca dos leitores por informações sobre o curso, embora sejam questionamentos originais o que estimula a confecção desse texto. O primeiro diz respeito a difícil tarefa de lidar com país que participam ativamente do processo de escolha de uma carreira e por vezes fazem óbice a escolha de seus filhos, maior parte não o faz por desejo de controlar a vida dos filhos, ou por razões egoísticas, mas sim por legítima preocupação quanto ao futuro dos filhos, já recebi perguntas de mães, que se preocupavam com o sustento futuro de seus filhos. A pergunta como me chegou:
“@coisasinter Como convencer minha mãe a deixar eu fazer RI?”
Como o Twiiter é uma mídia que se marca por textos curtos a pergunta fica um tanto lacônica. E assim na falta de maiores detalhes parto do pressuposto que a objeção da mãe do leitor se deve ao fato do curso ser relativamente desconhecido ou por que os prognósticos de inserção profissional são complicados.
De qualquer maneira é um tanto desconfortável opinar sobre estratégias em algo tão íntimo quanto a relação familiar, careço de formação para atentar para aspectos psicológicos, contudo vou oferecer alguns pontos que eu considero ser relevantes.
Primeiro é que você deve evitar uma confrontação muito ostensiva, por vezes os pais ainda nos vêem como crianças em especial aqueles que estão nos anos finais da adolescência e não percebem como sérias as decisões quanto ao futuro que tomamos. Nesse caso o melhor é agir como adulto expondo sem exageros e “dramas” a decisão e explicando-a. Além de ter convicção e não esmorecer nas primeiras negativas. Afinal é um momento muito decisivo o da escolha de profissão, mas não é definitivo. Sempre cito o exemplo de um médico que mudou de carreira em busca de novas oportunidades e fundou a Osklen.
Quanto as preocupações sobre emprego é preciso deixar claro que existe alternativas para mitigar as dificuldades, que são os cursos e os estágios. Agora é preciso ser realista e observar as capacidades econômicas da família e não impor um sonho goela a baixo gerando tensões que vão prejudicar o aprendizado, nesse caso planos “B, C, D, etc.” são necessários como, por exemplo, decidir por outro curso de área correlata e partir para uma pós em relações internacionais.
De todo modo essa é a primeira decisão importante sobre sua vida que você irá tomar, portando não abra mão de fazê-lo segundo sua consciência, levando em conta seus sonhos, mas sabendo que o mundo vai além de nossos sonhos. O melhor conselho que posso dar no final é seja honesto e preparado nesse diálogo, seja adulto (não estou a dizer que algum leitor não o é) e se for o caso vá insistindo sem criar confusões até que a idéia mature e seus pais acatem e o apóiem.
Já o segundo leitor faz uma pergunta igualmente difícil de responder que versa sobre a atividade de consultor e sobre a criação de empresas juniores. Como meio de ganhar experiência de trabalho e para mitigar a falta de mais disciplinas “técnicas” no curriculum de sua IES (e isso é muito comum, ainda que muitas se valham de ênfases para corrigir isso, o que eu fracamente não sei se é melhor). O correspondente que não vou nominar começa tecendo elogios o que me envaidece muito. Transcrevo abaixo como me chegou. Dividirei as duas perguntas por motivos didáticos.
“Bem, primeiramente, quero lhe parabenizar pelo excelente trabalho que você desenvolve em seu blog. É muito raro encontrar profissionais de RI que dedicam seu tempo para dar atenção às dúvidas de leitores. E se não for incomodar, gostaria que você respondesse duas perguntas minhas.
Antes de mais nada, vou me apresentar. [...] A perspectiva de empregabilidade por aqui não é das melhores, na verdade, é o mesmo cenário que compõe seus posts a respeito dos cursos de RI no Brasil e o mercado de trabalho.
Pois bem, já li vários posts seus tratando do tema da empregabilidade e estou consciente da realidade dos estudantes do curso. No entanto, ainda sobre o tema empregabilidade, eu lhe pergunto: quais seriam as habilidades práticas essenciais que um estudante de RI deveria desenvolver, estando cercado de teorias, para contornar esses problemas referentes à empregabilidade?”
Já listei algumas capacidades como a capacidade negociadora em ambiente multicultural, línguas estrangeiras, capacidade de compreender as demandas de vários setores de uma empresa e capacidade de traçar estratégias de inserção por conhecer política internacional (o que antecipa problemas), economia internacional, comércio internacional (regras da OMC, regimes de origem, SGP e SGPC). É preciso, contudo, conhecer instrumentos financeiros, logística, administração de processos de importação e exportação, SISCOMEX.
Por que mesmo quem crê que comex não integra o universo de relações internacionais (eu creio ser uma área de intersecção entre RI e Adm, que tem potencial para ser gratificante, desde que o pretendente a trabalhar nessa área tenha conhecimento técnico, o que inclui legislação aduaneira e tributária) precisa saber que se espera de um profissional de relações internacionais alguma familiaridade com esses temas.
Outra característica que alias todo profissional deveria ter é saber gerir processos, em especial saber gerir projetos. Elaborar projetos de cooperação internacional, financiamento, internacionalização de empresas, eventos e por ai vai é vital para que se possa aspirar a trabalhar com consultoria e mais ainda pra quem aspira trabalhar com projetos políticos. Por isso mesmo, por conta dessa demanda que um colega meu o Professor Rafael Duarte estar a lançar um curso de pós-graduação nessa seara em Brasília.
“Ciente disso, atualmente estou organizando (ao lado de meus colegas) um projeto para criar uma espécie de "Consultoria Junior em RI". Sei que, a princípio, nossa possibilidade de ações estariam restritras à nossa experiência. Portanto, que conselhos você daria a quem pretende ingressar na area de Consultoria e Assessoria?”
Primeiro passo é procurar estudar tudo sobre como abrir uma empresa, como empreender, esse processo por si só vai lhe ensinar muito, bem como a todos os que estiverem em sua equipe. Segundo é buscar um orientador para o projeto que tenha experiência prática, ele será quem vocês irão recorrer na hora das dúvidas e deverá ser capaz de ajudá-los a encontrar o caminho.
É preciso também fazer um plano de negócios bem estruturado para essa empresa jr esse plano tem que ser o mais bem pesquisado possível para que vocês possam prospectar oportunidades e estruturar suas áreas de negócio a contento. Além disso, essa empresa deverá buscar qualificar seus membros e os alunos da universidade oferecendo cursos nesse intento parcerias com entidades como o SEBRAE se faz mister. Como também ter uma biblioteca de apoio com volumes dedicados a marketing internacional, negócios e áreas correlatas.
Para o sucesso em atividades como consultoria é preciso ter networking (além de saber fazer), é preciso, portanto participar de atividades como palestras e eventos e fazer bom uso das sessões de troca de cartão – antigamente chamavam de coffee break – outro conselho que lhe daria é procurar as entidades associativas de empresas jr, como a Brasil Júnior. Havia um encontro de empresas júnior em relações internacionais, mas não sei se continua ativo é caso de pesquisar.
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