Pular para o conteúdo principal

E continua a tensão na península coreana

Escrevi dia 3 de agosto nesse blog um texto chamado “Restraint a palavra do dia” onde se podia ler:

Contenção é o que é preciso na península coreana, em tensão perpétua por conta da suspensa guerra fratricida coreana que opõem comunistas e capitalistas. E está especialmente tensa desde o ataque e afundamento de navio do Sul pelo Norte. Que ensejou os exercícios conjuntos de EUA e Coréia do Sul. Manobras militares que enfureceram a cúpula do regime comunista que chegou a ponto de dizer que vislumbrava uma “guerra santa” (guerra santa comunista – ULTRA SIC) contra os EUA. O anúncio de exercícios militares, por parte do sul, com munição real na proximidade de zona disputada entre os dois Estados, no Mar Amarelo, aumenta a nefasta possibilidade de um confronto ser deflagrado. Contenção é algo necessário para que nenhum dos lados se exceda e que faria cessar ou diminuir as bravatas dos dois governos, em especial do norte, já que regimes totalitários têm um espaço maior para agir sem controle social.”

E desde então a tensão se acumulou e hoje foi revelado que a Coréia do Norte capturou um pesqueiro do Sul – o Daeseung 55 – que segundo alegações do governo comunista foi apreendido dia 8 de agosto em sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE). O anúncio dessa captura se dá agora que novos exercícios se iniciaram envolvendo 56.000 soldados do sul e 30.000 soldados americanos.

A Coréia do Norte tem todo o direito de resguardar seu mar territorial e sua ZEE, contudo dado o grau elevado de tensão na região seria proveitoso se a apuração dessa violação ocorresse de maneira aberta e transparente para que não se torne mais um fator a deixar os ânimos acirrados.

Claro que seria recomendável também que os pescadores se mantivessem em locais nos quais eles possuem as devidas licenças para pescar comercialmente.

A seqüência desses atos pode levar a um caminho perigoso, uma vez que a elevação da tensão coloca mais pressão em soldados e marinheiros, que limitados pela natureza humana podem agir de maneira atrapalhada o que acaba por custar sangue. Como sempre nos resta aguardar mais informações e os desdobramentos dos eventos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...

Ler, Refletir e Pensar: The Arab Risings, Israel and Hamas

Tenho nas últimas semanas reproduzido aqui artigos do STRATFOR (sempre com autorização), em sua versão original em inglês, ainda que isso possa excluir alguns leitores, infelizmente, também é fato mais que esperado que qualquer um que se dedique com mais afinco aos temas internacionais, ou coisas internacionais, seja capaz de mínimo ler em Inglês. Mais uma vez o texto é uma análise estratégica e mais uma vez o foco são as questões do Oriente Médio. Muito interessante a observação das atuações da Turquia, Arábia Saudita, Europa e EUA. Mas, mostra bem também o tanto que o interesse de quem está com as botas no chão é o que verdadeiramente motiva as ações seja de Israel, seja do Hamas. The Arab Risings, Israel and Hamas By George Friedman There was one striking thing missing from the events in the Middle East in past months : Israel. While certainly mentioned and condemned, none of the demonstrations centered on the issue of Israel. Israel was a side issue for the demonstrators, with ...

Teoria geral do comércio de Krugman e Obstfeld

Modelo elaborado por KRUGMAN e OBSTFELD (2001, p 65) propõe um formato de comércio internacional baseado em quatro relações: a relação entre a fronteira de possibilidades de produção e a oferta relativa; a relação entre preços relativos e demanda; a determinação do equilíbrio mundial por meio da oferta relativa mundial e demanda relativa mundial; e o efeito dos termos de troca [1] sobre o bem estar de uma nação. Quanto ao primeiro item a inferência desse modelo é suportada pelo conceito microeconômico que uma economia, sem deformidades, produz em seu ponto máximo da fronteira da possibilidade de produção, como esse modelo assume mais de um fator e mais de um bem, a forma como a distribuição se dará será determinada pela oferta relativa de determinado bem alterando as possibilidades de produção de toda a economia por alocar mais recursos na produção desse bem. No que se refere à relação entre preços relativos e demanda pressupõe que a demanda por determinado bem deriva da relação entre...