A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas.
Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC.
Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas em território venezuelano e clamou para que as autoridades desse país agissem para coibir a ação desses grupos, é preciso notar que a Espanha fez acusação semelhante quanto a membros do ETA na Venezuela.
Os analistas engajados se dividem em dois grupos cerrando fileiras ao lado de um dos dois países.
Os que se alinham com o chavismo culpam unilateralmente a Colômbia, mais precisamente seu presidente a quem qualificam como ultra-direitista (sic) e ainda fazem uma conexão bastante perspicaz e forçada de que não seria uma coincidência as declarações recentes do candidato a vice-presidente pela coligação liderada pelo PSDB, em que ele denuncia a conhecida e documentada ligação entre o PT e as FARC, no infame Foro de São Paulo.
Argumentam esses analistas que a manobra de Uribe visaria reforçar a estratégia “estadunidense” na região e também a consolidação dele como líder da linha dura da direita colombiana, já que estaria ameaçado pela autonomia demonstrada nos últimos meses por seu herdeiro político, ex-ministro da defesa, um dos artífices da segurança democrática, o presidente-eleito da Colômbia Juan Manuel Santos, cuja posse está marcada para dia 7 de agosto.
Os que se alinham com Uribe defendem que a Venezuela de fato acoberta as ações da guerrilha em seu território e que sem ter a capacidade de provar que a alegação colombiana é falsa, esse usa de sua diplomacia midiática para mudar fazer de suas costumeiras bravatas que desviariam o foco dos problemas internos de desabastecimento.
No plano externo essa manobra serviria para reforçar a imagem de líder progressista cercado por forças retrógradas e hostis, desviando o enfoque do acobertamento das ações guerrilheiras, além de servir de plataforma para as eleições parlamentares de setembro próximo.
Alguns fatos precisam ser expostos, mas antes disso a bem da honestidade intelectual que tanto tenho apreço que não tenho a mínima simpatia com o modelo de governo populista encarnado por Chávez, portanto se você tem simpatias por ele não gostará do que vou escrever (esteja convidado a comentar, nesse post não permitirei anonimato e como sempre sem ofensas, vamos lá, somos todos adultos e racionais).
Chávez enfrenta uma crise considerável de desabastecimento provocada pela nacionalização de grupos ligados a produção e comercialização de alimentos e bens, além disso, a Venezuela terá uma recessão econômica estimada em 3% do seu PIB, isto é o PIB encolherá 3% esse ano ao contrário do resto da América do Sul que obterá crescimento econômico esse ano. (alguns dirão que esses dados representam um “fetiche do crescimento”). Esses números econômicos somados a crescente deteriorização da segurança pública fizeram com que os números da aprovação de Chávez caíssem de 52% em 2008, para 41% atualmente.
Por outro lado é curioso notar como os supostos gestos apaziguadores de Chávez com relação a Santos não correspondem ao discurso empregado até antes das eleições colombianas, em que Chávez ameaçava romper as relações com a Colômbia (por isso disse no primeiro parágrafo que era um gesto ensaiado) caso Santos vencesse, por sinal na época Chávez chamava-o de “mafioso”, realmente uma postura conciliadora.
O argumento de briga interna na Colômbia, parece descabido a luz das declarações de Santos que a respeito de Uribe declarou: “Respeito muito o presidente Uribe. Acredito que fez um grande governo. Vai passar para a história como um dos melhores presidentes que a Colômbia teve. Transformou este país, nos transformou, nos devolveu nossa liberdade e nossa esperança”.
Claro que sempre há uma acomodação e Santos tem que provar que é ele quem manda após sua posse. Mas, por enquanto este tem seguido o caminho racional de quem ainda não é presidente e tem se mantido de longe no que tange a atual celeuma, adotando uma postura que não prejudique futuras negociações e que não dê munição a Chávez para prolongar esse cenário durante o inicio de seu mandato. Sobre esse particular declarou: “Sobre as nossas relações nossas com a Venezuela, a melhor contribuição que podemos fazer é não nos pronunciar”
Com uma crise com potencial para o desastre se não cuidada de maneira adequada, embora a possibilidade de escalada seja remota nesse momento em suas cercanias e zona de influência o Itamaraty reagiu com prudência (pelo menos até agora), dando mostras que ainda existe diplomacia profissional no Brasil.
Comentários
Essa crise já vem a tempos, a bomba só explodiu agora! mas já era mais que previsivel que isso ia acontecer!!!
A venezuela ta se isolando do mundo...fato!!!
Estou te seguindo *
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