Há um crescente otimismo no Brasil que deriva em parte da estabilidade econômica e política recentemente adquirida e rara na nossa história que é capitalizado pelo discurso triunfalista da atual administração federal (mormente os discursos de Lula, seus aliados e seus ministros). Isso se reflete na propaganda oficial (um absurdo alias não só o que se gasta com publicidade na administração pública brasileira, mas fato de se gastar com publicidade governamental, isso sem entrar no mérito dos que recebem os contratos, os anúncios, enfim não são poucos os escândalos nesse tema) que apresenta o Brasil como uma nação a beira de se tornar grande.
Mas, estamos mesmo nesse patamar? Eu sou declaradamente crítico das abordagens patrióticas e triunfalistas na análise política e de relações internacionais. Essa linha acaba por tornar o analista complacente com versões oficiais e governista, por excelência, não obstante quem esteja no governo.
No plano internacional, mesmo com o crescente reconhecimento do diferenciado status das economias emergentes e com o destaque negocial (na esfera comercial – OMC) o Brasil ainda é uma potência média isso por que a capacidade brasileira de influenciar políticas e regimes internacionais é limitada. Isso pode ser visto nas derrotas das indicações brasileiras para Secretarias-Gerais de Organizações Internacionais. E nas fortes críticas que a Declaração de Teerã recebeu, inclusive de outros emergentes.
No plano interno, contudo, é que se encontram os maiores óbices a pretensão de potência do Brasil. E não, não estou falando de brasileiros que teriam o hábito de torcer contra o Brasil, ou criticariam as ações governamentais por questões partidárias. Estou a falar do problema mais crítico do Brasil, que é a educação. Em todos os níveis a educação tem níveis lamentáveis no Brasil. Com algumas ilhas de excelência como a que gerou o complexo educacional e industrial ao redor da Embraer.
Dias atrás em entrevista especial a Globo News o renomado cientista e apresentador de televisão (aqui no Brasil ele pode ser visto no History Channel) Michio Kaku acertou em cheio a questão ao dizer que se o Brasil quer ser uma potência mundial será preciso investir em ciência e tecnologia. Eu vou mais longe é preciso investir, pra ontem, em educação fundamental, básica e média e principalmente em técnica. Além de investir em graduações tecnológicas já temos cursos de ciências sociais demais nesse país.
Mas, sem dúvidas há um gargalo nesse intento é a forma como são formados os professores no Brasil que sob influência da “pedagogia do oprimido” se preocupam tanto em incutir nos alunos uma noção qualquer de “justiça social” que acabam por não ensinar a calcular, a escrever, a interpretar textos e por ai vai. E ficam nossos jovens sem conhecimentos básicos e o nível do ensino vai ficando cada vez mais medíocre, quer uma medida da mediocridade, baixe uma prova qualquer do Enem e veja o que o governo considera como avaliação das capacidades de um concluinte do ensino médio. Sem contar os universitários medíocres que possuem altos graus e por vezes se tornam formadores de novos medíocres.
Todos falam em educação, em necessidade de investir na educação, mas nada é feito e quando algo inovador é introduzido, principalmente quando exigências maiores são feitas ao docentes a resistência é enorme. E nesse particular, também, sobra culpa e descaso por parte das famílias que em nada dão atenção a educação a não ser quando recebem os parcos incentivos pecuniários do governo. E mesmo as famílias mais abastadas, muitas vezes não valorizam a educação ou pressionam tanto seus filhos para conseguirem aprovação em exame vestibular que esquecem que a educação é mais que isso.
E que soluções temos para isso no horizonte político? Bom, se perguntem isso na hora de votar, por que enquanto não tivermos um sistema educacional forte o Brasil não terá uma economia inovadora e competitiva. A questão é simples ou o Brasil melhora seu sistema educacional – urgentemente – ou o Brasil do futuro estará condenado ao passado.
Comentários
gostei do jeito q vc deixo o blog
xD
O ponto da educação é fundamental para definir qual será o futuro do Brasil, país de tantas oportunidades e capacidades ociosas.
Um exemplo é a saúde: com níveis melhores de educação, o nível de instrução da população vai permitir melhores ações de contenção de epidemias e mais eficiência nos trabalhos de concientização, desonerando o SUS, que paulatinamente se concentrará em atender enfermidades e questões de saúde pública mais importantes. Hospitais e prontos-socorros teriam um atendimento mais dinâmico e menos inchado.
Outro ponto importante seria a qualidade do setor de serviços; pessoas com melhores níveis de instrução têm mais visão crítica do que é aceitável e exigiram melhores condições de trabalho e de serviços prestados, atuando como agentes do mercado e forçando uma competição saudável. Tal quadro, por exemplo, se refletiria na atratividade do turismo no Brasil (quem aqui não prefere viajar para um lugar onde sabem que serão bem tratados?).
Ainda no turismo, o país se tornaria mais dinâmico no turismo interno. Melhores níveis de educação levam naturalmente a criar mercados turísticos culturais, como visitas a cidades históricas, um potencial enorme que o Brasil ainda mantém adormecido em função exclusivamente de uma carência cultural diretamente derivada dos baixos níveis de educação de uma maneira geral.
Um fluxo turístico melhor distribuído, além dos eixos litorâneos e carnavalescos, dinamizaria mais ainda a economia de todas as regiões do país. E o efeito das externalidades do turismo (aumento da renda, da geração de empregos, etc) poderiam gerar um ciclo virtuoso muito interessante.
Entretanto, para o Brasil realmente entrar num ciclo de desenvolvimento como potência mundial, o primeiro passo é gerar projetos de longo prazo, enterrando de vez o ciclo de descontinuidade política sempre que um governo de oposição assume o poder.