Pular para o conteúdo principal

Segunda-feira de jabulani e emoções conflitantes

Hoje o Brasil enfrentará (e espero vencerá) o Chile pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo FIFA 2010 África do Sul. Não posso negar que tenho uma simpatia enorme pela pátria de Pablo Neruda, costumo dizer que uma parte da minh’alma nunca voltou das montanhas dos Andes, continua lá livre como os condores (que visão é ver um livre). Não esqueço esse país acolhedor, que foi minha primeira viagem internacional, para disputar um torneio sul-americano de basquete. Dias que viverão para sempre em minha memória, nunca vou esquecer o carinho desse povo, em especial da simpatia das chilenas, mas bem isso não vem ao caso aqui.

A excitação que um jogo como esse desperta se conflita com a melancolia que enfrento ao escrever esse texto. Isso por que nesse domingo 27 de junho seria qüinquagésimo sexto aniversário de meu pai que se foi tão cedo, em 31 de abril de 2005. Claro devo agradecer a Deus por tê-lo tido comigo até terminar o curso superior em relações internacionais, afinal quantos não tiveram essa sorte, mas que sinto falta dele, ah isso eu sinto.

Não deveria falar de minha vida aqui, mas como não comentar algo que sem dúvidas não sai da minha cabeça, até enquanto escrevia sobre o Chile, me lembrava do sacrifício que ele fez para que eu fosse nessa viagem, que ele estava ao meu lado quando fui “tirar” meu passaporte, de seus conselhos no aeroporto.

Ao menos tenho a consciência tranqüila por nunca ter desperdiçado as oportunidades que ele me ofereceu, tenho a felicidade de ter sabido agradecer a ele enquanto vivo e nunca ter sido fonte de grandes decepções. Não há como negar nossa semelhança física e as tantas “manias” que dividimos. Compartilho o mesmo medo que ele tinha em relação a meu avô, o medo do espelho se quebrar (parte do refrão de uma das músicas favoritas dele e que ele tocava muito bem no pandeiro).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...

Ler, Refletir e Pensar: The Arab Risings, Israel and Hamas

Tenho nas últimas semanas reproduzido aqui artigos do STRATFOR (sempre com autorização), em sua versão original em inglês, ainda que isso possa excluir alguns leitores, infelizmente, também é fato mais que esperado que qualquer um que se dedique com mais afinco aos temas internacionais, ou coisas internacionais, seja capaz de mínimo ler em Inglês. Mais uma vez o texto é uma análise estratégica e mais uma vez o foco são as questões do Oriente Médio. Muito interessante a observação das atuações da Turquia, Arábia Saudita, Europa e EUA. Mas, mostra bem também o tanto que o interesse de quem está com as botas no chão é o que verdadeiramente motiva as ações seja de Israel, seja do Hamas. The Arab Risings, Israel and Hamas By George Friedman There was one striking thing missing from the events in the Middle East in past months : Israel. While certainly mentioned and condemned, none of the demonstrations centered on the issue of Israel. Israel was a side issue for the demonstrators, with ...