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Domingo de leitores e de seleção

Recebi uma indagação bastante particular de uma jovem leitora sobre suas angustias e na sua busca de auxílios e subsídios para tomar uma difícil decisão se manter ou não no curso de relações internacionais, em face das adversidades que marcam a carreira. Ainda mais por que está em uma região que não é tradicionalmente lócus de empregabilidade.

Começo me desculpando por demorar a responder (e aviso que escreverei um e-mail atendendo particularmente as suas questões, por sinal já tentei enviar o lap top travou perdi o e-mail e perdi a paciência para re-escrever).

Fico lisonjeado (não só com os elogios tecidos pela leitora) e um pouco assustado quando pedem meus conselhos em assuntos tão delicados e pessoais. Assustado por que tomo uma consulta dessas com seriedade.

Muitos de vocês que estão nos primeiros semestres sentem que será muito difícil conseguir empregos, principalmente os que são aspirados, já escrevi aqui que é algo geracional, que é muito estudado pelos especialistas em RH que tentam entender o comportamento da chamada geração Y (não confundir com o brilhante blog de Yoani Sánchez). Esse sentimento é perfeitamente natural e calcado em uma realidade difícil que é atuar no campo das relações internacionais.

Não é impossível conseguir emprego e ter uma carreira na área, muitos são os exemplos de sucesso, mas as dificuldades são elevadas. E é preciso ter em mente que não importa o curso nem sempre se irá exercer a profissão que se aprende (ou deveria aprender) na universidade.

Mas, até aqui apenas me repeti, coisa que escrevi dizendo que não mais faria, contudo há algo de mais especifico, por que nesse caso concreto da leitora ela parece determinada em ter uma carreira ligada ao Direito Internacional (o que é tão duro quanto relações internacionais) e para tanto é preciso cursar direito e ser aprovado no exame da OAB, portanto ser um advogado.

Assim não posso deixar de recomendar a mudança de curso, contudo tenho que salientar que se a mudança é apenas motivada pela maior chance de obter emprego (e retorno financeiro) deve ser repensada. Concordo que as pessoas precisam de emprego, precisam de meios para atingir suas metas na vida, seja viajar, ter um carro, ter um celular de último tipo, uma bolsa de marca, livros, não importa tudo custa dinheiro. Portanto, não tenho problemas com que se queira dinheiro, mas no caso de um curso superior é preciso que ele satisfaça também seu intelecto, sua curiosidade cientifica.

Por que felicidade importa, carreira também importa, dinheiro importa, família importa. Não sei se estou ajudando, apenas estou a fornecer alguns elementos para subsidiar uma decisão tão complexa. Sem parecer muito metafísico, mas creio que para decidir algo assim deve-se ouvir a sua razão e seu coração. A intuição tem um papel importante nessas decisões, ainda que não seja algo quantificável, e que garanta que a decisão será eficiente ou a que mais retorno trará.

Imagino que você busca por uma resposta menos enigmática que esse que estou a escrever, porém é difícil dizer a alguém o que você crê que seja melhor para ela, em uma decisão tão pessoal, não é como fazer uma consultoria, quando eu recomendo algo com base em fatos objetivos.

Mais acima já falei o que recomendo, reitero, se a mudança é baseada em um plano de carreira, um sonho é totalmente válida e recomendável, se for por querer expandir as possibilidades de empregabilidade, também pode ser uma via, mas nesse caso a questão da felicidade pessoal e satisfação intelectual devem ser levadas em conta, por que ter um bom rendimento trabalhando com algo que não se gosta é tão frustrante quanto não conseguir emprego em uma área que se gosta, claro que tem a vantagem do dinheiro, mas dinheiro apenas não creio que deva ser a única coisa a nortear uma vida.

Para valorizar o currículo é interessante ter experiências profissionais (estágios remunerados ou não), cursos extras (se possível alguns fora do país), pós-graduações e uma boa rede de relacionamentos (colegas, professores, companheiros de trabalho, amigos que lhe indicarão negócios ou empregos e também ajudaram em projetos acadêmicos) dessa maneira você pode mitigar as dificuldades de inserção no mercado profissional que serão encontradas em qualquer profissão, talvez menos nas engenharias, já que há um enorme déficit de engenheiros no Brasil.

Se me permite um conselho não solicitado, esteja preparada (e isso vale para todos os leitores) para se mudar de cidade por que nossas vidas e nossas carreiras nos levam a lugares que nunca imaginamos que iríamos viver. Por sinal, não obstante os planos de futuro profissional que se tenha é saudável manter-se atenta as oportunidades em campos que você não havia pensado antes.

Sei que esse texto não está objetivo nem claro, mas foi feito na intenção verdadeira de ajudar numa decisão que é indubitavelmente de foro intimo, que deve ser decidida nos solitários meandros de sua própria consciência, levando em conta várias opiniões e sugestões é verdade, mas no final é sua vida, sua carreira e sua felicidade, portanto sua decisão. Seja qual for saiba que pouquíssimas decisões na vida são irrevogáveis, essa de que carreira seguir e de curso universitário buscar não é uma dessas. Há quem mude de carreira, mesmo com um caminho já trilhado com sucesso em outra área.

Desejo-lhe toda sorte e que volte sempre a esse espaço de interação, afinal a relevância de um blog é diretamente proporcional aos seus leitores. Vocês são a razão de ser desse exercício que seria de uma futilidade incalculável sem os que lêem, comentam e “linkam” esse blog.

E quanto a seleção oxalá trate bem a judiada jabulani e conquiste a segunda vitória e encaminhe sua classificação.

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