Pular para o conteúdo principal

Lula no Irã e outros temas menos interessantes. Algumas notas

Persistem os problemas técnicos relatados dia 12 de maio, ou seja, continuo atualizando esse blog no “plano B”, o que continua a dificultar a mediação de comentários, peço paciência, as providências estão a ser tomadas, mas não cabem unicamente a mim.

Essa semana será quente com a visita de Lula ao Irã, depois das “gafes” no Rússia, a viagem ganha contornos dramáticos e midiáticos, por que tal qual Chamberlain (sim comparações são sempre péssimos recursos nesses casos) as conseqüências reais da missão “de paz” do presidente Lula, que espera espalhar o seu “vírus da paz” pelo Oriente Médio, mas pode só estar a referendar um regime autocrático e despótico, além de dar a esse regime tempo para alcançar seus objetivos. De todo modo, somente o passar dos anos nos dirá quais foram às conseqüências, e quanto à participação brasileira influiu nos resultados, supondo que influa.

De todo modo todas as advertências que venho a fazer desde o inicio desse blog (basta procurar no arquivo, para constatar) se provaram acertada, não que eu tenha alguma virtude analítica excepcional, ou tenha poderes premonitórios sobrenaturais, mas por que eram conseqüências lógicas e esperadas, resta agora descobrir as conseqüências não planejadas desses atos, o fato é que Lula arranha sua imagem, pelo menos na mídia global que tinha uma simpatia justificável causada em grande medida pela história de vida do presidente, é para imprensa do “primeiro mundo” muito romântico a idéia do “presidente-operário”, que vai sendo erodida. Basta fazer uma busca pelos jornais internacionais para comprovar uma escalada de análises mais pessimistas e contrárias ao presidente e ao Brasil.

Mais uma vez o presidente chega a um país complexo em momento delicado, a oposição parece disposta a protestar durante a visita para ganhar notoriedade. E dado o histórico de declarações de Lula, como evidencia o caso do dissidente Orlando Zapata, pode ocorrer uma declaração bastante infeliz do presidente, como a que fez na época logo após a eleição, há pouco menos de um ano.

Muito será escrito e dito nos próximos dias, e vão com certeza advoga para que olhemos para o assunto pela ótica do regime dos Aiatolás e seus dilemas de segurança e o papel catalisador da doutrina Bush e de seu “eixo do mal” precipitando as ambições atômicas do Irã, como se já não existisse uma extrema animosidade entre esses países desde a revolução e da tomada da Embaixada dos EUA no Irã, contudo, esse debate é um exercício acadêmico por excelência. Do ponto de vista prática, o governo brasileiro deve se pautar pelo interesse nacional, sempre.

E de um ponto de vista amplo, independente dos dilemas de segurança do Irã, o mundo é um lugar melhor com menos armas nucleares, isso é fato. Não é por que um seleto grupo de nações possui esses artefatos que eles devem ser universalizados. De qualquer maneira agora cabe esperar e analisar os desdobramentos desse passo audacioso, muito possivelmente inócuo da política externa brasileira, mais um esforço voluntarista de diplomacia presidencial e de afinidades, que mais tem a ver com ideologias e visões de mundo partidárias do que com o interesse nacional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Empregos em RI: Esperança renovada

“A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.” Lu Hsun. In “O país natal”. O tema empregabilidade domina os e-mails que recebo de leitores e os fóruns dedicados a relações internacionais. Não por acaso deve haver pelo menos 30 textos dedicados ao tema nesse site. E sempre tento passar minha experiência e as dos meus amigos que acompanho de perto. O tema sempre volta, por que sejamos francos nos sustentar é algo importante e vital se me permitirem essa tautologia. Pois bem, no próximo dia 19 de novembro ocorrerá uma grande festa que encerrará os festejos de 15 anos de existência do Curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. E como parte dos preparativos para essa data temos empreendido um esforço para “rastrear” todos os egressos de nosso curso. Nesse esforço temos criado uma rede de contatos e o que os dados empíricos me mostram é um tes...

O complicado caminho até a Casa Branca

O processo eleitoral americano é longo e complexo, sua principal característica é a existência do Colégio Eleitoral, que atribui aos candidatos uma quantidade de votos, que equivale ao número de senadores ou deputados (lá chamados de representantes) que cada estado tem direito no Congresso dos EUA. Esse sistema indireto de votação é uma fórmula constitucional enraizada no processo histórico da formação dos Estados Unidos, que buscava em um forte federalismo, criar mecanismos que pudessem minorar ou eliminar a possiblidade de um governo tirânico. Esse arranjo federalista se manifesta fortemente, também, na forma como a Constituição Americana é emendada, sendo necessário a ratificação de uma emenda aprovada no congresso pelos legislativos estaduais. São 538 votos totais no Colégio Eleitoral, a Califórnia tem o maior número de votos, com 55 e o Distrito de Columbia (equivalente ao nosso Distrito Federal) e outros 7 estados com 3 votos têm a menor quantidade, o censo populacional é usa...