Nessa semana que tanto se falou em paz, guerra, enriquecimento de urânio, vetores de emprego, sanções, enfim se tratou da segurança internacional, que no frigir dos ovos se trata da vida e da morte de seres-humanos em campos de batalha, achei esse trecho que irei publicar é apropriado.
Felizes foram aqueles benditos séculos que ignoraram a espantosa fúria desses endemoninhados instrumentos de artilharia – cujo inventor tenho para mim que está certamente no inferno, recebendo o devido prêmio por sua diabólica invenção –, que permitiu que um braço infame e covarde tire a vida de um valoroso cavaleiro; e que, sem saber como ou por onde, no auge da coragem e brio que inflama e anima os peitos valentes, chega uma bala desgovernada (disparada por quem talvez se tenha espantado e fugido com o clarão do fogo, ao disparar a maldita máquina) que trucida e acaba em um instante os pensamentos e a vida de quem mereceria gozar de longos séculos.
_________________
CERVANTES, Miguel de. The history of Don Quijote de la Mancha. Parte I, Capítulo 38 apud MORGENTHAU, Hans J. A política entre as nações: A luta pelo poder e pela paz. Ed. UnB. IPRI. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Brasília, 2003. p 694.
Comentários