O assunto como era previsível cresceu e ganha ar de grande discussão nacional (pelo menos entre os poucos que lêem jornais e se interessam pela coisa) trato é claro dos rumos da política externa brasileira que serão herdadas pelo próximo governo. A discussão que havia se iniciado com o envolvimento em Honduras. E se intensificou com o apoio cada vez maior do Brasil ao Irã. E a pergunta principal que surge desse debate é qual o papel do Brasil no mundo? Melhor ainda qual o papel que temos condições de desempenhar no mundo?
Em um momento de raro equilíbrio macroeconômico (ainda que a falta de poupança e os elevados gastos públicos doam nos contribuintes, sem contar nas taxas de juros praticadas) e de crescimento da classe média o Brasil se encontra na posição de “queridinho” dos mercados e empresta a letra B à sigla dos maiores emergentes BRIC. Esse bom momento econômico aliado a vida democrática alterou o status brasileiro no mundo.
Ainda que analisando friamente muito desse status é baseado em projeções de poder e não em real participação na economia global onde continuamos a responder por algo próximo a 1% do comércio global, o menor índice dos emergentes. É preciso ter em mente também que muito do nosso comércio exterior é fruto da demanda por commodities. Não é de surpreender que seja o ramo principal do brasileiro mais bem colocado no ranking de fortunas da Forbes.
Essa bonança econômica e estabilidade política, portanto, habilitam o país a ter uma política externa mais abrangente além do “exportar ou morrer” dos anos FHC. Essa abrangência é manifesta no desejo de ser um global player, isto é, possuidor de influencia e interesses em todas as regiões do globo e não apenas confinados aos campos geográficos adjacentes. Portanto, o país está em um natural estágio de busca por prestigio (que eu entendo como capacidade de exercer softpower), busca na essência por reconhecimento desse novo status. Seja na vizinhança buscando estar em uma posição de liderança, seja globalmente se manifestando nos grandes temas.
Essa é a atual estratégia da política externa que se soma a tradicional estratégia de contribuir para o desenvolvimento nacional abrindo mercados e diminuindo restrições aos interesses nacionais. Há um ditado em língua inglesa que diz que o diabo está nos detalhes, no nosso caso a celeuma está na tática. Se a grande estratégia da política externa brasileira é contribuir para dotar o país de meios para superar o subdesenvolvimento, aumentar a relevância política das posições brasileiras em fóruns multilaterais, se posicionar de modo a ser reconhecido como líder regional e ator global legítimo por sua natureza distinta (não possuidor de armas nucleares, democracia, sem guerras civis ou conflitos bélicos de natureza étnica, país do sul, etc.) devemos avaliar se as escolhas táticas, alianças ajudam para cumprir esse objetivo.
E como eu disse é ai que estão os demônios, que nessa analogia são as divergências acerca do rumo do Brasil. Não obstante ao fato de que essa discussão é vital para não só entender as ações do Brasil, mas para formular as políticas futuras. Existem muitos que tentam imputar a qualquer voz que seja destoante da justificativa oficial, como partidárias, entre outras ofensas descabidas. Como se fosse ilegítimo discutir em uma democracia os passos de um governo.
E nesse espírito de questionamento e de tentativa de entender quais são as opções e caminhos que se abrem ao país que leio o debate a que me referi no inicio desse texto. Os jornais têm nas ultimas semanas publicado bons artigos e editoriais que marcam essa discussão motivados pelas declarações desastrosas de Lula acerca de Cuba, que mantém status de “vaca sagrada” em círculos universitários e políticos, que talvez por saudosismo retenham uma imagem romantizada da revolução e de seus resultados o que acaba por falsear o debate em alguns momentos.
A visita do presidente ao Oriente Médio que se dá em meio a uma crise entre Israel e EUA e expõe quão inócua é a tentativa brasileira de se tornar um mediador em uma negociação que já tem terceiras-partes demais envolvidas e essa visita reaquece o tema Irã. E o papel jogado pelo Itamaraty comandado por Lula e por Amorim (a quem Reinaldo Azevedo chama de “magalonanico” [só por essa citação acho que terei trabalho]).
Tenho escrito aqui que o natural crescimento de importância do Brasil o leva a tomar caminhos ásperos em defesa de seu interesse nacional, um exemplo é o contencioso do algodão. A pergunta que me move é qual o motivo para buscar o caminho mais rústico e inóspito para conduzir nossa política externa? Não estaríamos desgastando capital político em assuntos menores em que nada temos a ganhar? A moralidade ad hoc (como eu classifico a mudança de moralidade da política externa com base ideológica) da política externa não prejudica nossas posições?
Muitos defendem posições a partir dos ganhos econômicos apenas seria a “moralidade monetária” ou pragmatismo é certo que esses ao analisar a política externa se perguntam qual o ganho? Eu amplio a definição de ganho para além da esfera mercantilista e me pergunto diante da política externa. Qual o ganho?
Comentários
É VERDADE.
Sem dúvidas, é o melhor momento brasileiro no cenário internacional, e pq nao dizer, aki dentro tbm!
Claro q iso reker bastante cuidado nas ações e planejamentos futuros, agora q passamos de vez a fzer parte da comunidade internacional.
Mesmo assim, axo qtamos no caminho certo...
Muito legal o blog!
Abraço