Pular para o conteúdo principal

Breve comentário sobre eleição no Iraque

Hoje ocorreu a segunda eleição geral no Iraque desde a derrocada de Saddam Husein em um clima tenebroso de violência sectária e terrorismo. Ainda assim segundo relatos os índices de comparecimento foram elevados em todos os distritos. A eleição é passo fundamental do plano de retirada americana, já que potencialmente pode legitimar o governo e ajudar no plano de integração dos chamados “war lords” no sistema político formal, depondo suas armas.

Esse processo é claro não é simples nem fácil já que há entre muitos iraquianos sentimentos de ódio, vingança ou falta de perspectiva de um futuro melhor esse sentimento é ocasionado por vários fatores entre eles a ocupação militar americana, a falta de emprego e o ciclo de violência sectária (seja contra xiitas, sunitas ou curdos).

Se há controvérsia legitima sobre a natureza e objetivos da operação “Iraqi freedom” uma certeza existe de que a retirada americana irresponsável deixaria a região em total caos aumentando ainda mais o numero de iraquianos ceifados pela violência e tornaria o país pelos motivos citados acima num campo de recrutamento de terroristas por excelência.

Assim, é fácil entender por que toda atenção do governo Obama está alocada na eleição e nos planos de estabilização do país o que explica entre outras coisas na manutenção de Robert Gates como Secretário de Defesa (o único remanescente do governo Bush) e de David Petraeus, famoso general responsável pelo "surge" no Iraque. 

É elementar para todos que acompanham os conflitos que a estabilização do Iraque é fundamental para a estratégia dos Estados Unidos no Afeganistão e também para a política interna já que a base de sustentação de Obama é contra a guerra.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...