Em sua farewell tour pela América Central o presidente Lula visitou hoje o Haiti e declarou que a devastação "é pior do que ele imaginava" e como veiculado na imprensa prometeu assistência técnica e financeira para a construção de uma hidroelétrica, o que com certeza será uma ajuda para o desenvolvimento dessa nação sempre as voltas com problemas energéticos.
Deixando de lado a questão sobre o uso político da ajuda internacional (o famoso self-help das teorias das relações internacionais) a reconstrução e em algum grau construção do Haiti será como qualquer um pode imaginar longo e difícil e delicado processo. E muito provavelmente não se dará linearmente, por que entre outros fatores a noção de ritmo ideal e de que tipo país construir varia muito e naturalmente propostas de consenso exigem tempo e negociação para serem construídas e nesse particular a história do Haiti não é muito auspiciosa. Além do mais a própria necessidade do povo provocará muita inquietação, já que a necessidade é grande e qualquer demora será vista como descaso além de uma natural animosidade quando seu território se encontra recheado de estrangeiros.
O Haiti precisa de muita ajuda nesse momento o custo total segundo estima o Banco Interamericano de Desenvolvimento pode chegar a 14 bilhões de dólares dinheiro que o país não possui e nesse sentindo um risco enorme para o esforço de reconstrução seria o esquecimento da tragédia, ou que passada a comoção inicial a opinião pública dos principais doadores retire seu apoio ao envio de recursos monetários.
A tragédia humanitária é brutal a repórter do “The New York Times” Deborah Sontag em uma reportagem intitulada “countless lost limbs alter life in Haiti’s ruins” faz uma narrativa das inúmeras dificuldades enfrentadas pelo país insular. Nesse particular um texto postado no blog do mesmo jornal por Robert Mackey que toca na triste e conhecida realidade dos “restavek”, (na prática crianças escravizadas de uma maneira que já foi [ou será que ainda é] comum no Brasil, ou seja, as crianças são enviadas para cidades onde são obrigados a trabalhar com agravantes que não são vistos por aqui) e o desespero que pode levar a êxodo de crianças. A referida postagem pode ser encontrada aqui. Por causa dessas facetas culturais que podem ser exacerbadas em um cenário tão complexo como esse do pós-terremoto que o processo se torna delicado.
Agora nos resta observar, ajudar (quem tiver condições) e vigiar a aplicação de recursos por ONG’s, por Organizações Internacionais e por governos. E que as pessoas e políticos (e artistas, por que não?) não se esqueçam do Haiti.
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