Desde que as noticias do terremoto começaram a chegar terça-feira que o noticiário estar a ser dominado (como não podia deixar de ser) pelos relatos e analises sobre a crise humanitária gravíssima que se abateu no mais pobre país das Américas. A imprensa brasileira deu grande espaço (como não podia deixar de ser, também) a perda da fundadora e símbolo da Pastoral da Criança, a pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns.
A morte da Dra Arns devo confessar senti com uma tristeza rara. Admirava o trabalho incansável, a intransigente defesa da vida que a caracterizavam, além de tê-la como exemplo de vida católica.
São reproduzidas, também, a todo o momento as reportagens acerca dos soldados que foram mortos por esse terremoto e não posso deixar publicamente meus sinceros sentimentos de condolência aos familiares desses bravos combatentes, que se voluntariaram para essa missão de paz. Estendo essas condolências aos parentes de todos os mortos e desaparecidos.
Feita essa pequena introdução e por que não, lamento. Vamos a temática proposta no título.
Nações da Ásia, Europa, Américas, grandes organizações internacionais e organizações não governamentais começaram com relativa rapidez a responder a tragédia enviando ajuda técnica, alívio humanitário e dinheiro. Em um esforço de auxilio que deve ser coordenado com as autoridades haitianas e da MINUSTAH para que possa ser efetivo e para que se minimizem desperdícios e a ação da corrupção.
Logística é no momento o maior desafio como tem sido divulgado pela mídia são várias as autoridades que estão a dar declarações no sentido que é preciso haver coordenação, o que se espera agora é que os regimes globais de auxilio humanitário sejam capazes de produzir práticas eficientes.
A eficiência é condição básica não só pela óbvia pressa que se tem em atender os sobreviventes, resgatar os que ainda estão presos nos escombros e identificar e enterrar os mortos e evitar assim que epidemias se alastrem pelo país e é preciso também que se emitam as certidões de óbito para que os familiares possam cumprir as etapas legais exigidas. Claro, que há pouca institucionalidade e não sei até que grau essas situações burocráticas devem ser seguidas.
Outro ponto logístico que deve ser considerado é a distribuição dos insumos necessários para as atividades já citadas e a freqüência da distribuição e como se comportam os corredores logísticos, isso é se sobreviveram em condições de serem usados. Causa preocupação o aeroporto que opera sem controle de trafego aéreo.
O desafio para as Nações Unidas é grande por que é preciso coordenação internacional que recaí em parte sobre essa organização ao mesmo tempo em que se reestrutura e lida com a perda e desaparecimento de vários de seus funcionários.
Essa tragédia é uma demonstração um tanto extrema de uma realidade teórica da não centralidade estatal das relações internacionais, que é particularmente acentuada em temas do chamado campo humanitário. Fica uma demonstração cabal que embora os estados continuem a ser elementos importantes, as ações da chamada sociedade civil, como as organizações não-governamentais desempenham um papel importante, principalmente por serem movimentos de ‘Grass Roots’ com capilaridade logística na atenção as vitimas.
Muito falta para ser observado e provavelmente algumas boas publicações serão lançadas nos próximos meses e anos analisando pormenorizadamente as repercussões da resposta a essa tragédia e mudanças que porventura decorram dela nos regimes humanitários internacionais.
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