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Algumas notas latinas

Há algum tempo que acompanhamos os acontecimentos que guardam alguma similaridade e tem atores interligados ainda que nos temas a serem descritos abaixo não exista uma exata correlação a não ser uma espécie ‘zeitgeist’ da política da América Latina.

Honduras: Em um período próximo a votação de uma anistia aos envolvidos nos eventos recentes que levaram a deposição de Manuel Zelaya, a Corte Suprema aceitou denuncia contra o Estado Maior das Forças Armadas hondurenhas responsáveis pela expatriação do presidente deposto, o que considerei a época o ‘pecado’ do processo.

Resta saber como o processo se dará e se será afetado pela anistia. Outro ponto ainda é como e se a anistia se dará em um contexto de reconciliação nacional e de normalização política, promovendo uma distensão em um ambiente carregado e com a ameaça sempre presente de violência política que pode ser aumentada com o uso das quadrilhas criminosas as infames ‘maras’.

Argentina: Continua a batalha do ‘bloque K’ base de apoio de Cristina Kischner no congresso argentino sobre o imbróglio da demissão do Presidente do Banco Central. O episódio é o mais recente das batalhas entre o ‘casal K’ e as forças de oposição.

O reflexo disso é um quadro ainda mais difícil para a economia argentina que sofre com uma classificação de risco elevada devido ao default de pagamento.

Venezuela: A baixa do preço do petróleo e a gestão econômica heteredoxa da revolução bolivariana obrigou o governo Chávez a realizar uma mega desvalorização do câmbio, justificada como uma medida para conter as importações e estimular a economia local (esse filme já passou). Contudo, índices de inflação da ordem de 25% podem ser ainda mais altos com a desvalorização, para evitar isso o governo ameaçou expropriar as lojas que reajustarem seus preços e conclamou o povo e o exército a vigiarem os preços (uma versão bolivariana dos fiscais da SUNAB).

Segundo o Jornal El Clarín de Buenos Aires 70 lojas ou redes já foram fechadas, depois da desvalorização de 64% do Bolívar Forte (agora já não tanto).

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