Em 12 de junho de 1987 o então presidente dos EUA Ronald Reagan proferiu esse desafio em um discurso no famoso marco berlinense o Portal de Brandenburg, não passava pela cabeça nem do mais entusiasmado defensor do bloco ocidental que o infame muro e toda cortina de ferro cairiam tão rapidamente.
Hoje na data em que se comemoram os 20 anos da repentina queda do muro e do inicio do processo de reunificação alemã, muito material interessante tem sido publicado na imprensa, documentários. No campo das reflexões teóricas mais profundas são inúmeras as obras que abordam as conseqüências teóricas e práticas do fim do bloco comunista soviético.
É patente na literatura o assombro que foi a queda da cortina de ferro e muitas visões emergiram ao primeiro plano teórico, como as correntes da teoria da estabilidade hegemônica, e as correntes de uma linha de choque de civilizações, ainda mais, por que os anos de 1990 foram marcados pela emergência dos nacionalismos latentes, afogados pela polaridade da guerra fria. É certo que muito disso já se mostrava nos anos de 1980 inclusive o terrorismo internacional, com um exemplo drástico de ataques como ao quartel dos Fuzileiros Navais Americanos em missão de paz no Líbano, com o uso de caminhão bomba.
O objetivo desse texto não é articular uma análise sobre as agendas de pesquisa e dos fenômenos internacionais imediatamente antes e/ou depois da queda do muro. Vou nesse texto abordar o tema de um jeito mais pessoal. Não faltam publicações e reflexões profundas sobre o tema.
Eu era garoto ainda quando assisti entusiasmado na televisão as transmissões ao vivo de Pedro Bial e outros correspondentes do alto do muro e de posições de transmissão em frente ao referido portal. Pode ser que eu fosse uma criança diferente, mas àquele tempo eu já me concentrava no noticiário (pode ser que já havia um gérmen de analista de relações internacionais em mim) e mesmo criança consegui entender a mudança de atmosfera que representou o fim da Guerra Fria, dissipou-se um ambiente de certeza de holocausto nuclear (só não se sabia a data).
Foi um evento impressionante de acompanhar pela televisão, imagino a eletricidade que deveria estar no ar naquela noite em Berlin. Quão emocionante deve ter sido assistir a reuniões de famílias separadas, o fim do medo dos serviços secretos, poder para muito pela primeira vez na vida se expressar de acordo com a própria consciência.
Ainda hoje permanecem repercussões da divisão ideológica, ainda há muito que se fazer para integrar completamente os dois lados dessa nação, mas muito já foi feito se lembrarmos que a recém re-eleita Chanceler Alemã Ângela Merkel tem sua origem na Alemanha Oriental.
É certo que a queda do muro foi uma vitória para causa da liberdade, ainda faltam muitas outras, mas hoje é um dia de jubilo e como disse John F. Kennedy em 1963 “Ich bin ein Berliner”.
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