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Empreendedorismo em Relações Internacionais – Um teaser

[Texto escrito para o Portal Mondo post, que deve ser publicado em breve]

O leitor de minha coluna nesse portal sabe da minha preocupação constante em correlacionar a vivência acadêmica com a prática do profissional em relações internacionais, a série que explora a atividade negociadora é exemplo dessa preocupação, nessa oportunidade trato do assunto sobre um prisma diferente não necessariamente conflitante com a atividade negociadora. Que é o prisma empreendedor.

Percebo pela experiência diária de escrever em meu blog (em sua tag dúvidas de leitores, em especial) que a preocupação número um dos que ambicionam a carreira e dos estudantes de relações internacionais é a empregabilidade. São comuns as perguntas do tipo o que faz um internacionalista? Onde ele encontra emprego? E por ai vai. Uma saída para resolver esse impasse é a saída empreendedora, ou seja, buscar o auto-emprego como saída.

Não é preciso ser consultor de carreiras ou administrador para perceber que optar pelo empreendedorismo apenas para mitigar a dificuldade de encontrar trabalho é no mínimo um comportamento temerário. Ainda mais por que se feito sem o devido planejamento a atividade empreendedora pode ser frustrante e ineficaz. Como as estatísticas mostram no quesito sobrevivência de novos negócios.

A atividade empreendedora é uma atividade que requer características pessoais que podem até ser inatas, mas com certeza podem ser aprendidas. A UNCTAD e o SEBRAE ministram um curso conhecido como EMPRETEC (do qual fui aluno) esse curso é construído em torno de 10 características que formam o chamado perfil empreendedor.

Essas características são: Busca de oportunidade e iniciativa; persistência; comprometimento; exigência de qualidade e eficiência; cálculo de riscos; estabelecimento de metas; busca de informações; planejamento e monitoramento sistemático; persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança.

É possível desenvolver métodos que facilitem a absorção dessas características pelo empreendedor, por sinal, se repararmos bem essas características empreendedoras são também características desejáveis em acadêmicos “puros” àqueles que se dedicam a docência e a pesquisa. Esse é um dos motivos que me levam a fazer a firme defesa que não há litígio entre ensino fortemente voltado ao lado acadêmico e exercício profissional já que as ferramentas mentais são basicamente as mesmas, cabendo adequações de linguagem, metodologia, forma e talvez a maior diferença o compromisso de quem está no mercado com o tangível, com o resultado não importando como esse é mensurado.

Esse conjunto de características desejáveis em um empreendedor o leva a mais importante e necessária fase de um negócio, o planejamento. Que deve ser formal apresentado como um plano de negócios estruturados, como um pesquisador apresenta o projeto a seus candidatos a orientadores e financiadores (órgãos que dão bolsas como a Capes, por exemplo).

Esse planejamento exige uma boa leitura do mercado, suas tendências para compreender como seu conhecimento pode gerar valor? A quem? Por quanto? Como se dará a prospecção de negócios? Ou seja, para empreender em relações internacionais é preciso que você saiba como por o conhecimento e seu know how a serviço de seus clientes e claro conseguir comunicar isso a eles.

[Continua em breve no portal Mondo Post]

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