Antes do texto devo dizer que persistem as dificuldades de conexão que não só dificultam o envio de textos para o blog, como também inviabilizam a minha leitura e busca por informações. Isso é claro atrapalha muito o ato de escrever, já que primo pela qualidade, dentro dos meus limites.
Vou escrever algo que pode até parecer herético vindo de um bacharel em relações internacionais, mas assuntos e discussão sobre o Oriente Médio na maior parte dos tempos é entediante, para não dizer irritante. Uma vez que se repetem argumentos e propaganda. São poucos os avanços na situação, na fenomenologia do Oriente Médio, assim não há muito de novo pra se escrever.
Nessas ultimas semanas começando com a visita do Presidente de Israel Shimom Peres, passando pela vinda do Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Abbas e agora com a vinda do controverso, contestado ou adorado, Presidente iraniano Ahmadinejad, o Brasil foi inserido em meio ao turbilhão de complexidades e interesses que é o Oriente Médio.
Essa conturbada parte do mundo apresenta uma intricada disputa por poder que usam religião, energia e todo tipo de arma não convencional e convencional na guerra midiática. Todos os principais atores depreendem grande esforço propagandístico demonizando o adversário, chegando a extremos abjetos como negar o holocausto e alimentar as hostes do anti-semitismo (há os que dizem que árabes e palestinos são povos semitas e por isso não dão declarações anti-semitas, ora muito além da semântica, é fato inconteste que anti-semitismo significa preconceito contra judeus).
E há ainda a disputa interna dentro de cada ator pelo poder usando da “questão palestina” para justificação interna ou para mudar o foco da discussão da política interna, isso gera ainda mais dificuldades de mapear os interesses e buscar uma harmonização desses no sentido de construir um entendimento que leve a uma paz pragmática, fundada em interesses mútuos. (como a paz entre Israel e Egito, não se gostam, mas mantêm a paz por que lhes interessa, o mesmo vale Israel e Jordânia).
Ok. Ainda há muito que aprofundar sobre o assunto, mas nessas linhas que tracei não há nada que já não se tenha escrito sobre o assunto, como já disse é uma região profícua em produzir crises e conflitos, mas pouquíssimos fatos novos.
Um importante fato novo a ser considerado foi a mostra que a oposição ao regime atual teocrático do Irã deu de organização e tamanho, quebrando a imagem de que há uma unidade na revolução e forçando o regime a brutalidade extrema e a condenações a pena capital daqueles que protestaram contra o regime o que fracamente e sem juízo de valores torna todo o discurso de Ahmadinejad sobre entendimento e paz um escárnio já que o mesmo homem que fala com palavras aparentemente doces sobre democracia no sistema da ONU, executou pessoas por não concordarem com ele.
Depois de toda essa introdução/digressão vamos ao assunto do momento a essa altura você já leram toda sorte de especulação sobre o assunto, sobre o envolvimento do Brasil na questão e da sinalização de que o país aumentou seu prestigio internacional, evidenciado por essas visitas.
Sou cético quanto a benefícios de um envolvimento maior do Brasil na questão palestina e no Oriente Médio como um todo, afinal é uma região complicada, com benefícios relativos baixos para o Brasil e nossos interesses não são muito profundos, claro os interesses de ordem cultural são mais profundos já que há uma população considerável de brasileiro descendentes de populações da região que residem aqui e por lá.
Não defendo a omissão brasileira, mas sim uma atuação que preserve o interesse nacional e não prejudique a neutralidade nem traga o Brasil para o olho do furacão, polarizando nossa política interna com assuntos alheios.
Quanto à visita e o que foi dito, discursado e sinalizado não há nenhuma novidade, daí o ceteris paribus, do titulo, por que tirando o fato dos discursos terem sido proferidos em solo brasileiro tudo o mais permaneceu constante, não obstante protestos, manifestações de apreço e o ufanismo.
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